20 anos do Tempostal

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Nelson Cadena
  • Nelson Cadena

Publicado em 3 de novembro de 2017 às 00:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

O Tempostal, uma das boas realizações culturais que temos na Bahia, completa vinte anos neste domingo cinco de novembro. Trata-se de uma das melhores coleções de postais do país, um acervo oficialmente constituído na data referida, porém formado ao longo de mais de cinco décadas pelo colecionador sergipano Antônio Marcelino que residiu entre nos desde 1947 até seu falecimento em novembro de 2006.  Era um baiano de coração, aqui fez grandes amizades, não tinha grandes afinidades com a sua terra natal aonde retornou apenas para ser sepultado. Não dá para saber se essa era sua vontade, duvido muito.   O Tempostal nasceu por acaso, como todos os acervos de colecionadores, de grão em grão, diante da curiosidade de seu criador que ainda menino admirava a estética dos santinhos de catecismo impressos e adquiria os sabonetes Eucalol, com cheiro de eucalipto, para ganhar, guardar e trocar estampas com os amigos. A perfumaria Myrta que fabricava o produto distribuiu 2400 estampas temáticas diferentes e Marcelino conseguiu preencher os álbuns. Daí para se tornar o maior colecionador de postais da Bahia, junto com Ewald Hackler, e um dos maiores do Brasil, foi questão de tempo e paciência.   Conheci o colecionador em finais da década de 70 e o visitei várias vezes na sua residência da Rua do Sodré, trocávamos informações sobre cartões postais comerciais, em função de meu interesse pela história da propaganda baiana e brasileira. Nessas ocasiões aproveitava a oportunidade para me mostras as últimas aquisições de sua coleção e também chorava as magoas pela falta de apoio oficial para seu projeto. Quase todas as exposições por ele sugeridas e realizadas em galerias, shoppings e espaços culturais, bancava do próprio bolso. O colecionismo era sua paixão e não media sacrifícios por isso.   Um dia de 1997 o Governo do Estado adquiriu sua coleção, graças ao apoio de Paulo Gaudenzi, e assim nasceu o Museu Tempostal, instalado no Pelourinho, inaugurado em 05/11, data natalícia de Ruy Barbosa e comemorativa do Dia da Cultura. Hoje poderíamos chamá-lo de nosso museu de imagem, pelo rico acervo de fotografias antigas da Bahia impressas em cartões postais, com certeza absoluta a nossa melhor referência de iconografia baiana. Junto com as imagens da Bahia, Marcelino reuniu milhares de postais das principais capitais dos estados brasileiros e também milhares de cartões postais de países do mundo inteiro.   Algumas das preciosidades e raridades do seu acervo já foram apresentadas ao público em exposições pontuais. É o caso dos cartões postais em alto relevo, com detalhes em biscuit e mechas de cabelo, representativos da belle époque. Cartões refinados, com douramentos a mão e outras técnicas de produção excepcionais considerando os recursos gráficos da época. O cartão postal antes da existência das revistas foi a nossa passagem para conhecer o mundo, a nossa televisão imaginaria que nos permitia sonhar com as belas paisagens e referências de moda que só conhecíamos através da literatura. E nos permitia, escrevendo no verso, revelar as nossas impressões de viagem e os nossos sentimentos. O cartão postal era mais do que uma mídia, era um passaporte para sonhar.