A arte da gestão no futebol

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  • Elton Serra

Publicado em 8 de outubro de 2017 às 04:34

- Atualizado há um ano

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O futebol é uma das coisas mais complexas inventadas pelo homem. Nos seus primeiros anos, dividiu opiniões sobre as regras: na Inglaterra, país-mãe do esporte, vários grupos jogavam de maneiras diferentes. Demorou-se muito a chegar a um consenso e unificar as formas de praticar o cotejo. Quando ganhou notoriedade mundial, o futebol cresceu, se tornou parte integrante da cultura de diversos países e cresceu em meio à globalização, movimentando a economia em todos os continentes. A modalidade esportiva mais praticada no planeta, hoje, é um negócio.

Ser gestor de futebol, certamente, é mais difícil que comandar uma multinacional. É claro que os grandes administradores são valorizados por suas capacidades de dominar a organização, o planejamento e o controle, levando gigantes corporações a lucros estratosféricos, mas um clube de futebol tem um componente que diferencia clubes de companhias: a paixão, um sentimento que se torna gatilho para outras emoções que influenciam diretamente na decisão de cartolas. Ser equilibrado para tomar atitudes que mexem no dia a dia de torcedores apaixonados é quase uma arte.

Estou escrevendo esta coluna sentado à frente de um computador, com total frieza para pensar nas palavras se encaixarão num amontoado de ideias. Você, possivelmente, está lendo este texto num dia de folga, imaginando o que fazer no domingo. Tanto eu quanto você (caso não seja um dirigente esportivo, claro) não temos poder de decisão num clube de futebol. Analisamos, discutimos, palpitamos, discordamos, criticamos, elogiamos, mas somos apenas personagens que conhecem 1% do que acontece dentro daqueles centros de treinamentos.

Marcelo Sant’Ana, por exemplo, é formado em Jornalismo. Antes de ser presidente do Bahia, escreveu nas páginas deste jornal. Sempre foi um profissional que buscou, através de seus textos, expor seus pontos de vista sobre o futebol. Mostrou conhecimento técnico, se preparou para mergulhar nos bastidores do esporte e se sentiu à vontade para assumir um cargo tão importante. Saiu da teoria para a prática. Está, agora, conhecendo os outros 99% que são distantes dos nossos olhos.

Mudar de treinador três vezes numa mesma temporada é algo que, todos sabem, prejudica qualquer planejamento. Por mais que Guto Ferreira tenha saído por conta própria, o Bahia teve a chance de seguir o seu curso sem errar tanto. A efetivação de Preto Casagrande e a sua “demissão” semanas depois mostram que o clube tinha pouca convicção do que estava fazendo. Trazer Paulo Cézar Carpegiani, um profissional bem mais experiente do que todos que passaram pelo Fazendão desde o início de 2015, evidencia que Marcelo Sant’Ana demorou para entender qual era o perfil ideal para comandar o elenco montado no início do ano. E, mesmo assim, ainda não se sabe se esse perfil é realmente o mais adequado – apesar de Carpegiani ser uma escolha lúcida da diretoria. Só o Campeonato Brasileiro dará essa resposta.

Não tenho nenhuma intenção de ser dirigente esportivo. Me qualifico todos os dias para analisar futebol da maneira mais fiel possível. O torcedor, como sempre foi, continuará sendo apaixonado e exigindo três pontos todo final de semana. O dirigente, que tem que abdicar da paixão para agir com a razão que o esporte moderno exige, precisa ser o que a torcida espera: um vendedor de boas emoções. Essa tarefa não é nada fácil.

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos