A chapa do Canhotinha

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Publicado em 20 de janeiro de 2018 às 05:48

- Atualizado há um ano

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Li, por esses dias, uma entrevista legal concedida pelo ex-jogador Gérson, o Canhotinha de Ouro, ao portal UOL. Em meio a memórias e assuntos atuais, o campeão do mundo de 1970 coloca uma chapa de esquerda no ângulo: “Muita gente diz que eu não jogaria hoje. Eu digo o seguinte: eu não jogaria de vergonha. A minha geração não jogaria de vergonha, mas tudo bem”.

Só vi Gérson jogando nos tapes e nos filmes do Canal 100. Reconheço que é pouco para fazer qualquer diagnóstico, mas é um tanto quanto chocante alguém considerar que aquele cara que vemos nos vídeos não poderia atuar nesse futebol meia-boca que temos hoje no Brasil.

Sempre surge o argumento da parte física e da velocidade do jogo, o que é meio louco, pois os jogadores de cada época têm, em tese, o preparo físico adequado para a sua época. Não seria diferente se um Gérson, um Rivelino e um Tostão jogassem hoje. Isso sem falar que Gérson era um fumante inveterado e mesmo assim dominava o meio-campo.

Há mais de 50 anos, ele já fazia de olhos fechados o que hoje é visto como uma função realizada com excelência por poucos meios-campistas do mundo: transitava entre as duas intermediárias, iniciando as jogadas com qualidade na saída de bola e chegando na frente para criar e concluir.

Na realidade em que agora vivemos, brincando,  o cara mata uns R$ 80 mil a R$ 100 mil por mês e não consegue acertar quatro passes consecutivos de cinco metros, imagine iniciar as jogadas, lançar e ainda criar na frente. As exceções existem, é claro, somente para confirmar a regra.

Se fosse há, sei lá, uns 10 ou 15 anos, até dava pra aceitar que um desavisado saísse por aí afirmando que um Gérson da vida não conseguiria jogar bem no período em que ele soltava esta frase ao vento. Afinal, não havia a internet popularizada como hoje e nem todo mundo conseguia ver os vídeos de jogos antigos. Agora, com uns três cliques dá para assistir a tudo.

E cá entre nós: ver uma partida dessa no Youtube é mais empolgante que a maioria dos jogos do Campeonato Baiano.          

Nome limpo Você, caro leitor ou bela leitora, que mantém o inexplicável hábito de passar por aqui com frequência, deve lembrar: semana passada, relatei que um amigo rubro-negro prometeu, junto com uns parceiros, caminhar da Vitória à Igreja do Bonfim caso o Leão não caísse pra Série B. O santo fez sua parte, mas os torcedores seguiam negativados no SPC da Colina Sagrada.

Não é que eu ache que um mero texto sirva pra pressionar ninguém, mas tenho obrigação de registrar que a promessa enfim foi paga. Ontem, os cidadãos percorreram aquele que eles mesmos batizaram como Caminho de Santiago Tréllez.

Não entremos no mérito de que ainda resta esclarecer se, graças à alcunha da aventura, todos os caminhantes foram tomando dedadas quilômetros adentro. Meu amigo também não explicou como foi trabalhar ontem, já que, segundo o próprio, tratava-se de um passeio lúdico e etílico. Tirando tudo isso, o fato objetivo e inescapável é que estes senhores, por hora, nada devem ao plano superior.

Senhor do Bonfim agradece. A torcida do Vitória também.