A culpa é sempre do juiz

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

Publicado em 2 de novembro de 2017 às 05:38

- Atualizado há um ano

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A semifinal da Copa Libertadores entre Lanús e River Plate entrou para a história como um dos jogos mais emocionantes dos últimos anos por causa da virada épica do time da casa após estar perdendo por 3x0 no placar agregado e conseguir fazer quatro gols em um intervalo de 25 minutos. Quem viu, viu. Quem não viu, ouviu ou ouvirá falar.

A repercussão, no entanto, não se restringe aos gols da façanha. Como em toda fervorosa resenha futebolística que se preza, o juiz tornou-se assunto central. Nem a tecnologia evitou os protestos. Aliás, neste caso a tecnologia é o motivo do protesto.

Aos fatos: 19 minutos do segundo tempo, um jogador do River puxa a camisa do adversário (Pasquini) dentro da área. O árbitro central não vê, mas é avisado pelo árbitro de vídeo e marca o pênalti. Alejandro Silva cobra, faz o quarto gol da épica virada e classifica o Lanús à inédita final da Libertadores. Não fosse pelo uso do VAR (sigla em inglês para vídeo assistant referee), o Lanús teria sido prejudicado por um erro humano.

Aos fatos, novamente: 40 minutos do primeiro tempo, atacante do River (Scocco) recebe um cruzamento, tenta o drible e a bola bate na mão do adversário (Marcone) dentro da área. Foi pênalti? O replay mostra o lance à exaustão para tirar a dúvida, mas não há consenso. Pelo sim, pelo não, se há tanto debate é sinal de que o árbitro colombiano poderia ter recorrido ao vídeo, o que não fez.

Baseado na regra e nas orientações da Fifa em torno dela, ainda assim há margem para interpretação. Pode ser levado a favor do árbitro o fato de que o defensor está muito perto da bola, sem tempo para tirar o braço do caminho, e acaba surpreendido por causa da distância e da velocidade do lance. Neste caso, a recomendação é que não seja marcada infração. Por outro lado, pesa contra o juizão: o volante do Lanús não está com o braço rente ao corpo e, assim, assume o risco de bloquear a bola, o que acaba acontecendo. Neste caso, a orientação é que a infração seja marcada, mesmo que a intenção não seja a de utilizar o braço ou mão no lance. As duas situações ocorreram na mesma jogada.

Por isso a melhor regra é a do baba: bateu na mão, é falta e não se discute. Como no futebol profissional há margem para interpretação, depois de rever o lance muitas vezes, no fim das contas enxergo que não dá para crucificar o homem do apito, independentemente da decisão.

Foi justo ou injusto? Debate eterno. O River reclama que acabou prejudicado pelo uso do vídeo somente para um lado, o que faz sentido. Os lances, no entanto, são diferentes. No pênalti marcado para o Lanús, a imagem não deixa espaço para contestação. O árbitro só não tinha marcado antes porque o lance ocorreu fora do raio de observação dele. Já no pênalti não marcado para o River, a queixa está muito mais no fato da arbitragem não ter recorrido ao vídeo.

O erro, na verdade, está na ilusão humana de achar que, com o auxílio da tecnologia, chegará à perfeição. Isso não vai acontecer. Afinal, o árbitro de vídeo também é humano e, portanto, passível de erro. Nesta partida ou em qualquer outra, o homem vai identificar através do vídeo lances que antes não enxergava, mas outros ainda passarão despercebidos. E o juiz continuará sendo chamado de ladrão, safado, incompetente. Agora, pelo menos, há mais de um para xingar.