A política atravessando o futebol

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Publicado em 30 de novembro de 2017 às 10:34

- Atualizado há um ano

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Sinval Vieira saiu do Vitória no último dia de maio. Era o diretor de futebol, principal responsável pela montagem do time considerado forte no papel que, como vimos, não deu certo no campo. Na batuta de Sinval, o Vitória então comandado por Ivã de Almeida gastou rios de dinheiro em contratações de jogadores de nome, porém longe do auge da forma e com salários altos, como Dátolo, entre outros. Sinval errou. Mas acertou em cheio quando, no dia seguinte ao que entregou sua carta de renúncia, diagnosticou o ambiente rubro-negro: “É uma democracia jovem. Com o tempo, ela vai ganhar qualidade”, disse em entrevista ao CORREIO no dia 1º de junho.

É esta democracia que, infelizmente, volta aos holofotes na semana do jogo mais importante do ano para o Vitória. Não há como dissociar o momento vivido pelo time, que passou 23 das 37 rodadas na zona de rebaixamento e chega à última rodada a um ponto do Z4, da gestão de Ivã de Almeida e seu vice, Agenor Gordilho.

Como disse Sinval, faltou qualidade à democracia rubro-negra. Ele se referia ao constante jogo de poder que persistiu na Toca mesmo depois da eleição de Ivã. Eu aproveito a deixa para me referir à qualidade do voto. O sócio do Vitória viveu um momento único no final do ano passado, quando escolheu – embora ainda indiretamente - o presidente do clube em um verdadeiro bate-chapa, o que foi uma exceção em 117 anos de história. E o contexto da época não permitiu pensar em outra coisa a não ser na abertura ampla, geral e irrestrita. Premiou-se a chapa que empunhou a bandeira da democracia, e o resultado foi a eleição de um presidente que, nos oito meses que ficou no cargo, se mostrou sem capacidade administrativa para dirigir um clube do porte do Vitória. 

Erro? Agora é fácil cravar que sim. Mas cada tempo tem o seu contexto, e a prioridade de um ano atrás era a democracia, o que na época justificava a escolha de Ivã. Agora o momento é outro.

A democracia já não é problema. Inclusive, é graças a ela que o sócio do Vitória terá a possibilidade de mudar novamente a história. O uso que se faz da democracia é o principal ponto. Ricardo David ou Manoel Matos? Aparentemente, são dois bons quadros. Um foi diretor de marketing, o outro vice-presidente, ambos com bagagem administrativa no clube e, até prova em contrário, tidos como bons gestores, função principal de um presidente. Raimundo Viana ainda pode entrar na briga.

Manoel Matos traz consigo a polêmica Liga do Bem. Polêmica porque uma aliança entre Paulo Carneiro e Alexi Portela Júnior, até então desafetos, não tem como passar indiferente ao torcedor rubro-negro. Somados, eles ficaram 22 anos no poder, incluindo as finais nacionais de 1993 e 2010. Para o bem ou para o mal, a presença dos ex-presidentes ao redor de um mesmo candidato vai dar à próxima eleição - dia 13 de dezembro – um peso que a passada não teve. Arrisco até dizer que este será o fator que vai decidir o pleito. Só não arrisco se a favor ou contra o candidato deles.

O que é estranha é a permanência de Agenor Gordilho. Na mudança do velho para o novo estatuto, em vigência desde abril, o presidente é eleito junto com um vice-presidente. Já que vai haver outra eleição, o mais razoável é que sejam eleitos um novo presidente e um novo vice. Mas não é isso que vai acontecer.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.