A reinvenção de Vagner Mancini

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  • Darino Sena

Publicado em 5 de setembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

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O maior mérito de Vagner Mancini na espetacular reação do Vitória no Campeonato Brasileiro foi acertar a defesa. Com ele, o rubro-negro tem a quase inacreditável marca de apenas dois gols sofridos em seis partidas. São quatro jogos sem levar gol. Antes, em 16 rodadas, a retaguarda só tinha saído ilesa em três oportunidades. A média de gols sofridos do time que era de 1,81 caiu pra 0,32 por jogo. O desempenho ganha ainda mais relevância quando revisamos a carreira de Mancini, um técnico reconhecido pela ofensividade, mas sempre criticado pela fragilidade defensiva de seus times. Em seu último clube, essa deficiência foi uma das causas do insucesso. A Chapecoense de Mancini levou 22 gols nas 11 primeiras rodas do Brasileirão, uma altíssima média de dois gols por jogo. No trabalho anterior à Chape, aqui no Vitória, Mancini foi demitido, na 24ª rodada do Brasileiro de 2016. O Leão tinha a quinta retaguarda mais vazada – 37 gols sofridos, média de 1,54.

O que mudou? No Vitória desse ano, a consciência defensiva. Todo mundo tem que defender. Desde o centroavante, que faz pressão no volante adversário, passando pelos pontas, que acompanham os laterais até a linha de fundo, se for necessário. Os zagueiros estão menos expostos. Nesses seis jogos ninguém viu Kanu ou Wallace no mano a mano com atacante adversário, ou jogador rival sem marcação na área rubro-negra para finalizar. Some-se a isso a compactação das linhas. O Vitória oferece muito pouco espaço em seu próprio campo para os oponentes trabalharem a bola. Mancini virou retranqueiro? O próprio fez questão de dizer que não, em resposta ao amigo Pedro Sento Sé, da Rádio Sociedade, em recente entrevista coletiva. Mancini tem razão. Retranqueiro é aquele que prende os 10 jogadores de linha na defesa, não tem estratégia pra atacar, não se arrisca, joga pra não perder e torce por um lance fortuito ou uma bola parada bem executada pra, quem sabe, ganhar. Nesses casos, vencer é um acidente.

Não é o caso do Vitória atual. Ele não é retranqueiro. É equilibrado. Defende com muita gente, mas ataca com muita gente também. O contra-ataque organizado é marca registrada. No lance do gol da quebra de invencibilidade do Corinthians, o Leão contra-ataca levando cinco jogadores para o campo de defesa paulista. Isso mesmo: meio time. Tréllez , que fez o gol, se preferisse tinha duas opções de passe na área (Neilton e David) e ainda Caíque Sá e Yago chegando. Se jogasse pela chamada “uma bola” contra o Corinthians, o Vitória não teria criado mais quatro oportunidades de ampliar e nem teria um gol equivocadamente anulado pela arbitragem. Vencer não foi acidente. Foi consequência.

Essa proposta baseada num sistema defensivo sólido e num contra-ataque organizado funcionou muito bem fora de casa com Mancini – três vitórias e um empate em quatro jogos. Em casa, porém, o desempenho não foi tão bom – uma vitória e uma derrota, contra o Avaí. No Barradão, o Vitória tem que mostrar outra cara, tomar a iniciativa, ficar mais com a bola, abrir espaços em times que vão vir pra cá fechadinhos. Mostrar essa capacidade de variação de jogo vai ser fundamental pra manter a reação e afastar de vez o risco de degola.*Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras