Advogados do Diabo

Jolivaldo Freitas é jornalista e escritor

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  • Jolivaldo Freitas

Publicado em 1 de dezembro de 2017 às 03:29

- Atualizado há um ano

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O Brasil já vem, há algum tempo,  escrachando a imagem dos advogados e eu, desde que meu pai foi enganado por um dele numa causa, isso já pelos idos dos anos 1960, o que ajudou a apressar sua morte por absoluta frustração e impotência, tenho uma imagem um tanto quanto desfavorável à maioria, o que foi corroborado pela atitude de outros que me causaram problemas quando do aluguel de um imóvel pertencente a minha família. Interessante: de todos os inquilinos que por lá passaram, só os advogados criaram problemas ou deixaram dívidas. Tá bom! Foi coincidência, mas conheço imobiliárias que preferem não alugar imóvel para os honrados causídicos.

Agora a revista Veja trouxe uma reportagem que mostra a superexposição, sem o menor sensabor, de grupos de advogados que dão festas de aniversários gastando milhões; de outros com iates, ilhas, bebericando bebidas que estão longe dos mortais. São os novos ricos e os velhos ricos advogados ou donos de bancas que estão à farta gastando o dinheiro da sociedade, uma vez que são eles defensores de acusados do Petrolão, Mensalão e Lava Jato. Advogados que ganham milhões para defender o nem sempre efensável – deixando claro que todo ser humanos e até os animais têm direito à defesa. Mas que o dinheiro que eles recebem vêm dos malfeitos, isso é com certeza. O dinheiro que se paga pela fiança e à causa faz parte das malas encontradas nos apartamentos e nos salões dos restaurantes, nos aeroportos e dos maços nas cuecas. Dinheiro postado nos caixas dos paraísos fiscais.

Fomos roubados e estamos pagando caro para os advogados que fazem a festa sem cerimônia e ostentam que nem rapper. Mostram seu relógios, carrões e cordões de ouro como outros ostentadores que nem é bom pensar para não visualizar e contextualizar a imagem. Os advogados brasileiros estão tendo sua imagem maculada. Claro que não estou falando de todo o universo, pois temos profissionais muito sérios e que levam uma vida de muito trabalho, enfrentando mau humor de juízes e os burocratas de cartórios e balcões. Mas, do jeito que está a profissão, onde milhares de profissionais são investigados pela própria Ordem dos Advogados do Brasil por denúncias insistentes contra seus pares, vamos chegar num patamar ideológico, como é hoje nos Estados Unidos, que advogado é a cara do diabo. A advocacia é uma indústria, onde até propaganda específica de bancas se oferecendo para processar médicos pode ser vista em diversos estados. Advogado nos EUA é símbolo de máquina de roer fortunas, de tirar até a pele dos próprios defendidos; dos clientes.

O Brasil tem tendência a sofrer a vulgarização da profissão de advogados. Temos por aqui muito mais faculdades de Direito que qualquer outro país. Aliás, anos passados, membro do Conselho Nacional de Justiça revelou que temos mais faculdades do ramo que o resto do mundo todo somado. Temos mais de 1.200 cursos espalhados por todo o rincão nacional. No mundo todo são 1.100. Estima-se que quatro milhões de brasileiros sejam formados em Direito. Não significa que todos passaram nos exigentes exames da OAB (o que nos salva). Nossa instabilidade jurídica oferece certa facilidade em assegurar o ganho. No caso dos advogados milionários da reportagem citada anteriormente, o volume de reais envolvido, talvez isso justifique o desequilíbrio, até a agressão e a falta de decoro do advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que só falta dar murro na mesa do juiz Sérgio Moro e dá entrevistas desqualificando o juiz. Coisa que nunca tinha visto antes. Por trás da ausência de trato ético-profissional falam os elevados cifrões. Muitos.