Após alta de quase em 2017, IBGE vê redução de 3,7% na safra de grãos em 2018

O resultado de 2017 colocou a Bahia como responsável pela produção de 44,7% dos grãos do Nordeste

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 01:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Agência Brasil

A safra de grãos na Bahia (cereais, leguminosas e oleaginosas) em 2018 será 3,7% menor que 2017, afirma o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em estimativa baseada no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta quinta-feira (8).

O IBGE prevê colheita para este ano de 7,7 milhões de toneladas de grãos na Bahia – em 2017 a safra baiana totalizou 8 milhões de toneladas, superando em quase 50% a safra de 2016, de 5,6 milhões de toneladas.

O resultado de 2017 colocou o Estado como responsável pela produção de 44,7% dos grãos do Nordeste e mostrava sinais otimistas de recuperação, já que na safra de 2014 a Bahia produziu 7,409 milhões de toneladas de grãos, número que caiu para 5,938 milhões de toneladas em 2015, de acordo com a Secretaria de Agricultura (Seagri).

O LSPA é uma ferramenta de pesquisa sobre a produção agrícola brasileira, por meio da qual o IBGE acompanha o ritmo de produção durante o ano. O levantamento, com base em informações dos produtores, é feito todo mês, o que possibilita atualização em relação ao ano passado e às estimativas dos meses anteriores.

No levantamento feito em janeiro há estimativas para crescimento em 2018 da produção de algodão (9,8%), cacau (70,6%), feijão (21,7%) e uva (12%). O instituto diz que 14 das 27 safras de produtos investigados na Bahia devem ser maiores em 2018.

As razões para isso são as chuvas que voltaram a cair no Estado durante o ano de 2017, após cinco anos de estiagem, e que devem se manter estáveis em 2018. Na explicação do IBGE, a redução da produção de grãos no levantamento de janeiro é puxada pela queda da soja e do milho (2ª safra).

Em 2018, a previsão é que a Bahia contribua com 3,4% da produção nacional de grãos, estimada em 226,1 milhões de toneladas, resultado 6% inferior ao obtido em 2017 (240,6 milhões de toneladas). Mato Grosso deverá continuar na liderança da produção nacional de grãos neste ano, aumentando sua participação de 24,6% em 2017 para 25,2% em 2018, seguido pelo Paraná (17,6%) e Rio Grande do Sul (14,7%).  Previsão conservadora No caso da soja, a baixa prevista na produção é de 5,1 milhões de toneladas para 4,7 toneladas – queda de 8,1%. Já a área plantada com a oleaginosa deve sair de 1.584.000 para 1.404.000 (-11%), informa o IBGE.

O milho, por sua vez, tem queda de 32% na produção, ao sair de 517,2 mil toneladas para 351 mil toneladas, e com redução de 7,4% na área plantada – de 263 mil para 243.300 hectares. No Oeste da Bahia, onde está concentrada 90% da produção de grãos do Estado, a estimativa do IBGE foi vista como “conservadora” pelo assessor de agronegócios da Associação de Irrigantes e Agricultores da Bahia (Aiba) Luiz Stahke, que espera que “os dados sejam revisados”.

“A ideia dos produtores, até onde temos conhecimento, é manter ou ampliar a área plantada em 5%, indo para 1,6 milhão de hectares”, ele disse, destacando que essa expansão deve ocorrer em toda a região Oeste, que produz quase 100% da soja, 97% do algodão e 70% do milho.

Há críticas também com relação às estimativas do IBGE para o aumento da produção de cacau para 2018, considerado como “exagerado e estranho” pelo analista de mercado e especialista na commodity Thomas Hartmann, da TH Consultoria e Análises de Mercado.

O IBGE estima que haja crescimento de 70,6% de cacau em 2018, com a produção indo a 143,1 mil toneladas da fruta. “Pode até chegar a essa produção, mas seria um aumento de 44%, já que a produção de 2017 foi de 99.340 toneladas”, disse Hartmann, informando em seguida que devido a produção insuficiente, as empresas moageiras (que fabricam chocolate) estão tendo de recorrer a importação. Somente em 2017 foram importados mais de 61 mil toneladas de cacau de Gana, no continente africano, já que as empresas moageiras possuem demanda anual de cerca de 230 mil toneladas de cacau. O IBGE estima a produção do fruto em 2018 no Brasil de 272,7 mil toneladas, crescimento de 27,2% em relação a 2017.

Outras culturas O levantamento do IBGE aponta que a Bahia deva ter produção de 57,2 mil toneladas de uvas, aumento de 12,0% em relação a 2017. A produção de uvas no estado está concentrada em Juazeiro, no Vale do São Francisco, norte da Bahia, onde predomina o cultivo de uva de mesa.

Preços compensadores, disponibilidade de crédito para investimento e disponibilidade de água para irrigação são as variáveis mais consideradas em termos de levantamentos de estimativas de produção da uva na Bahia, informa o IBGE.

Mas no cenário nacional, a produção brasileira da fruta deve alcançar 1,4 milhão de toneladas, retração de 16,1% em relação a 2017. Tanto a área plantada como o rendimento médio apresentaram redução de 3,1% e 13,8%, respectivamente.

No Rio Grande do Sul, maior produtor e responsável por 59,2% do total a ser colhido pelo país, a estimativa da produção também foi de retração de 12,8% em relação a 2017, com produção em 834,2 mil toneladas.

Na Região Nordeste, segunda mais importante em termos de volumes de produção, com participação de 21,1% no total a ser colhido em 2018, a produção foi estimada com declínio de 33,1%. Pernambuco, maior produtor nordestino e segundo do país, estima a produção de 236,8 mil toneladas, redução de 39,3% em relação a 2017.

A produção nacional de feijão, por sua vez, está estimada em 3,4 milhões de toneladas, crescimento de 3,2% em relação a 2017. A primeira safra do produto foi estimada em 1,6 milhão de toneladas, participando com 46,4% da produção total de feijão em grão. Essa estimativa de produção é 0,8% maior que a de 2017. A área plantada diminuiu 2,2% e o rendimento médio 1,8%.

Os estados com maior participação na estimativa de produção da 1ª safra foram Paraná (20,2%), Minas Gerais (13,7%) e Bahia (10,9%), onde há a previsão de aumento de 21,7% na produção, chegando a 172.080 toneladas em 2018, com incrementos de 12,8% na área plantada e de 7,8% no rendimento médio.

Produção nacional de grãos será de mais de 225,6 milhões de toneladas Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado também nesta quinta-feira, aponta que a produção de grãos da safra 2017/2018 pode chegar a 225,6 milhões de toneladas no Brasil. Mesmo com um recuo de 5,1% em relação à safra passada, que foi a maior de toda a história (237,7 milhões de t), a safra deste ano deve ficar em segundo lugar, apresentando números significativos em relação à série histórica de grãos.

Com um crescimento de mais de 0,2%, a área total ultrapassou os 61 milhões de hectares. Entre as culturas, a preferência do produtor segue pelo milho e a soja que representam quase 88% dos grãos produzidos no país.

No caso da soja, aponta a Conab, houve uma queda de 2,2% na produção, ficando em 111,6 milhões de toneladas contra 114,1 milhões de toneladas do último período. Já para o milho total, a expectativa é de redução de 10,1%, passando de 97,8 milhões para 88 milhões de toneladas.

A primeira safra pode ficar em 24,7 milhões de toneladas, enquanto a do milho segunda safra revela uma possível produção de até 63,3 milhões de toneladas.

O estudo mostra ainda que o cenário mais favorável foi do algodão, com aumento de 17% na produção da pluma, totalizando 1,79 milhão de toneladas e 1,1 milhão de hectares, com elevação de 17,4% na área. Este aumento, junto com o da soja, favoreceu a ampliação da área total plantada.

Com maior liquidez e possibilidade de melhor rentabilidade frente a outras culturas, a leguminosa tende a elevar-se a uma média de 3,3%, podendo alcançar 35 milhões de hectares. No quesito produtividade, a soja aponta para uma queda, sendo estimada em de 3.185 kg/hectare contra 3.364 da safra anterior. Uma vez que as culturas estão ainda em fase inicial de colheita, os números divulgados têm como base os rendimentos apurados nas pesquisas de campo com o acompanhamento agrometeorológico e espectral realizado pela Companhia. A pesquisa foi feita nos principais centros produtores de grãos no país, entre os dias 21 e 27 de janeiro.