Após ataques em ônibus, polícia ocupa cinco bairros de Salvador

Rotina dos moradores foi alterada com a operação policial nas regiões

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  • Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 15:48

- Atualizado há um ano

Policiais de oito grupamentos especiais das polícias civil e militar da Bahia ocupam desde a madrugada desta terça-feira (29) as regiões dos bairros do IAPI, Pero Vaz, Santa Mônica, Liberdade e Calçada. A ação acontece em função de dois ônibus que foram queimados na noite de segunda-feira (28) na Calçada e IAPI após a morte de dois homens nessas localidades - em deles em confronto com a Rondesp.    A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou, em nota, que equipes do Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc) investigam os ataques aos coletivos. “Os casos podem ter ligação com a morte de um traficante na Liberdade em confronto com forças de segurança, ocorrida ontem. Informações sobre os autores podem ser enviadas através do Disque Denúncia da SSP (3235-0000)”, destacou a SSP, em nota.    Militares do Batalhão de Choque (BPChq), operações Apolo e Gêmeos, Esquadrão Águia, Grupamento Aéreo (Graer), além das Rondas Especiais (Rondesp) Baía de Todos os Santos reforçam o patrulhamento nas regiões. 

 “O combate ao tráfico continuará firme. Estamos com ampliação das ações ostensivas e agiremos com a força necessária contra quem atentar contra as guarnições”, afirmou o comandante de Policiamento da Baía de Todos os Santos (BTS), coronel Valter Menezes.

A Polícia Militar, por sua vez, destacou que além da região do IAPI também intensificou o policialmento na região da Calçada. "O policiamento está intensificado nos bairros do IAPI e da Calçada desde a noite segunda-feira (28) pelas companhias independentes responsáveis pelos dois bairros (37ª e 16ª CIPM), além do apoio de unidades táticas e especializadas da Polícia Militar, em decorrência dos dois coletivos incendiados por criminosos", destacou a PM, em nota.

Rotina alterada Moradora da Liberdade há mais de 20 anos, a dona de casa Caroline Guimarães, 35, se assustou com a quantidade de policiais que circulam pela região. "Nunca vi tanto policial na minha vida. Quando eu saí para trabalhar pensei que estava tendo uma guerra pelo tanto de viatura que estava rodando e os policiais fortemente armados”,  afirmou.  (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) A funcionária pública Vera Santanna, 54, que mora no bairro do Pero Vaz, relata que precisou sair mais cedo do que o comum para poder chegar no Canela. "Eu pego todo dia o primeiro ônibus que sai aqui no final de linha, mas assim que acordei recebi uma mensagem no WhastApp dizendo que os ônibus não estavam passando. Acabei tendo que pegar um Uber para ir para o trabalho porque fiquei com medo de ter confronto na rua", destacou Vera.

Com medo, decidiu que só voltará para casa depois que a ocupação da polícia terminar.  "Eu tenho medo de ter algum confronto e eu morrer com um tiro. Vou para a casa da minha mãe, no Cabula, e só volto quando as coisas melhorarem", completa. 

O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Fábio Primo, destacou que os rodoviários alteraram o itinerário dos ônibus nas primeiras horas do dia no IAPI - o fim de linha foi alterado para o Retiro. Mas depois que houve a intensificação do policiamento os coletivos voltaram ao normal.

"No início da manhã o final de linha dos ônibus chegou a ser deslocado para o Retiro, mas antes das 6h já seguimos o fluxo normal porque o policiamento foi reforçado com grupos especializados da PM, inclusive a tropa nova chamada Patamo", explicou. 

Com a presença da polícia, o comércio abriu normalmente. “Graças a Deus, até agora nada aconteceu. Tem polícia para todos os lados”, disse Alfredo de jesus Lima, 69, dono de um mercadinho no final de linha do Pero Vaz. 

Represália Segundo o Centro Integrado de Comunicações (Cicom) da SSP, o atentado contra o coletivo no IAPI aconteceu em represália ao homicídio de João Carlos dos Santos Cardoso, 30 anos, morto a tiros pela manhã no IAPI. A polícia informou que a relação entre a morte e a queima do ônibus é investigada. Já à tarde, na Calçada, um suposto traficante da Liberdade foi morto em um confronto com PMs da Rondesp. Até o início da tarde, ele não havia sido reconhecido. À noite, no mesmo dia, dois ônibus foram incendiados - um no IAPI e outro na Calçada.

O fogo do coletivo no IAPI atingiu fiação e suspendeu até o funcionamento do Samu.