Após morte de traficante, ônibus voltam ao fim de linha do IAPI e Santa Mônica

São 50 coletivos que servem os dois bairros

O serviço de transporte público foi normalizado nos bairros de AIPI e Santa Mônica (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) A circulação de ônibus nos finais de linha dos bairros do IAPI e Santa Mônica normalizou a partir de 10h desta quinta-feira (28). Os dois bairros estavam com o funcionamento do transporte alterado desde quarta-feira (27), depois que rodoviários decidiram não seguir o itinerário completo. A mudança nos trajetos ocorreu por questões de segurança, após atentado que deixou um traficante morto e duas pessoas feridas no Pero Vaz. 

No IAPI, os veículos só estavam indo até o ponto do Retiro, que fica próximo à Rótula do Abacaxi.  "Era uma situação insustentável. Mesmo com a presença da polícia, os ônibus não circulavam como deveriam e isso aumentava ainda mais o nosso pavor. Ainda bem que tudo voltou ao normal", disse a auxiliar de enfermagem Ana Cláudia Batista, 25 anos. "A mudança no itinerário trouxe prejuízo também para o comércio. Ontem, sequer vendi cinco pasteis. Normalmente vendo mais 20 por dia pela manhã", declarou Gilmário dos Santos Souza, 45, dono de uma pastelaria. 

Já na Santa Mônica, o transporte nem chegou a entrar. "O que é que tem a ver o Pero Vaz e o IAPI com aqui? A morte do traficante foi pelo lado de lá, de cima, o que é que aqui embaixo tem com isso? Não era para os motoristas daqui pararem. Isso prejudicou os moradores e contribuiu com a marginalização da Santa Mônica", disse o estudante universitário Mateus Braga, 24. 

O diretor de imprensa do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Daniel Mota, afirmou que a circulação voltou ao normal com a condição de a Polícia Militar manter o reforço no policiamento na região. No total, 26 ônibus circulam diariamente no IAPI e outros 24 na Santa Mônica. "Voltamos ao final de linha de origem para fazer o trajeto normal pois a polícia garantiu o reforço no policiamento", destacou Mota. 

Morte de traficante Um homem morreu e outras duas pessoas - dentre elas uma adolescente de 15 anos - ficaram feridos na noite desta terça-feira (26), no Pero Vaz. O ataque aconteceu na Rua Meireles, em frente ao Colégio Classe.

A Polícia Militar, em nota, informou que as vítimas estavam conversando na entrada da rua quando duas motos, uma com dois indivíduos e outra com apenas um, efetuaram os disparos. João Lenon Santos Oliveira, 27 anos, o John Lennon, morreu no local. Ainda conforme a polícia, ele era envolvido no assassinato de um policial federal, em março de 2009, no IAPI. Na ocasião, ele foi preso seis dias depois do crime, durante uma megaoperação, que contou com policiais civis, militares e federais.

Tráfico John Lennon tornou-se uma das lideranças do Comando da Paz (CP) na Nova Divinéia depois de matar no ano passado o traficante Denis Ferreira Lima, o Cosco, que exercia sua funcção e era apontado pela polícia como autor de pelo menos 10 homicídios no IAPI. "Eles tiveram um desentendimento pessoal. Com a morte de Cosco, John Lennon ganhou moral no facção e foi promovido a uma das lideranças do CP", contou um dos policiais militares que reforça o policiamento na região. 

Ainda de acordo com o policial, John Lennon iniciou há pouco tempo sua atuação independente. "O que soubemos é que ele estava aos poucos se desvinculando do CP, tanto que já comprava droga da facção Ordem e Progresso (OP), do Coruja, ex-integrante da facção Caveira", disse o PM.