Aproveitamento rubro-negro no Barradão despenca após obra da Copa

Um levantamento feito pelo CORREIO mostra o que mudou

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  • Vitor Villar

Publicado em 14 de outubro de 2017 às 05:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Maurícia da Matta/ EC Vitória

Toda vez que o Vitória perde uma partida em casa – como a de anteontem, para o Sport, por 2x1 – surge uma velha e batida tese no meio da torcida. “Isso é culpa da Fifa! Desde que o gramado foi reformado, o Vitória perdeu a força no Barradão”, dizem alguns.

Claro que nenhum torcedor rubro-negro tem tantos dados de cabeça para formular a hipótese tão rapidamente, mas o sentimento não mente: de fato, desde que o campo foi reformado visando a Copa do Mundo, o Leão despencou de rendimento na sua casa. E isso em todos os cenários possíveis.

Um levantamento feito pelo CORREIO mostra que o clube tem tido desempenho negativo na Série A desde que a obra foi realizada. A atual fase do time, com apenas duas vitórias no estádio, sendo a última há mais de dois meses, piora a situação consideravelmente. A equipe de Vagner Mancini é o pior mandante da Série A.

Em relação ao desempenho imediatamente anterior à Copa do Mundo, o aproveitamento chega a cair mais de 20 pontos percentuais, de 62% para pífios 41%.

A reforma em questão começou em janeiro de 2014 e durou todo o primeiro semestre. O Vitória só voltou a jogar lá em julho. Nesse meio-tempo, usou Pituaçu.

O Barradão foi escolhido como centro de treinamento para as seleções que disputariam a Copa do Mundo, mas precisaria se adequar ao famoso ‘padrão Fifa’. Isso significava novo tipo de gramado e novas dimensões para o campo.

As mudanças O campo, que tinha 105 metros de comprimento por 70 de largura, foi adequado aos 105m x 68m do padrão Fifa. Perdeu-se um metro de cada lado e, além disso, foi deslocado para ficar mais próximo da torcida.

A grama da casa rubro-negra, que era do tipo esmeralda, teve de ser trocada para a do tipo bermuda, idêntica à de todas as arenas do país, como por exemplo a da Fonte Nova.

A altura do corte do gramado também foi padronizada: entre 1,8 e 2,2 cm, enquanto o típico do futebol brasileiro antes era acima dos 2,5 cm.

Após a pausa para a Copa do Mundo, o Leão disputou três Séries A – o restante da de 2014, a de 2016 e parte da de 2017 –, uma série B em 2015 e três Copas do Brasil.

Os números Para que a comparação fique justa, é preciso considerar as três Séries A que o Leão disputou antes da reforma – ou seja, 2013, 2010 e 2009. Nelas, o Vitórias teve um aproveitamento de 62%. Foram 28 triunfos, 17 empates e nove derrotas.

Nas três Séries A que participou após a reforma, o Leão acumulou 14 triunfos, 10 empates e 18 derrotas no Barradão – um aproveitamento de apenas 41%, 21 pontos percentuais a menos.

Vale lembrar que, imediatamente antes da reforma, o Vitória viveu a sua melhor campanha na era dos pontos corridos da Série A. Em 2013, quando terminou em 5º na tabela e a dois pontos da vaga na Libertadores, o Leão teve apenas duas derrotas no Barradão em todo o campeonato. Foram 10 vitórias e quatro empates.

A diferença Considerando as três últimas campanhas nacionais antes da reforma – ou seja, a Série A 2013 e as Séries B de 2011 e 2012 –, a diferença fica ainda mais discrepante. Foram 34 vitórias, nove empates e nove derrotas, um incrível aproveitamento de 71%.

Mesmo colocando a Série B 2015 na conta dos jogos após a reforma, a situação do rubro-negro permanece ruim. Foram 23 triunfos, 13 empates e 21 derrotas. Aproveitamento de apenas 48%, uma queda de 23 pontos percentuais em relação a antes da reforma.

Adicionando também as três Copas do Brasil anteriores à reforma, o Vitória tem um rendimento ligeiramente menor: 70%. Após a reforma, mesmo com as três Copas do Brasil, o aproveitamento segue em 48%.