Arrematado por R$ 1,5 milhão, Solar Amado Bahia vai abrigar museu

Empresário Natanael Couto falou sobre planos de transformar casarão antigo em atração na Ribeira

Publicado em 7 de outubro de 2017 às 05:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

O casarão Solar Amado Bahia, localizado na Orla da Ribeira, foi leiloado por R$ 1,5 milhão na última quarta-feira (4), no Fórum do Comércio. O dono do lance é o empresário Natanael Couto, proprietário de fábricas de sorvete da franquia Sorvetes Real, com unidades em São Cristóvão, Cidade Baixa e Lauro de Freitas. O casarão, no entanto, não será a mais nova concorrente da vizinha e famosa Sorveteria da Ribeira. O dono, amante de antiquarias, contou ao CORREIO que irá reformar o espaço e utilizá-lo para abrigar um museu.“Esse foi o meu primeiro leilão. Eu gosto muito de coisas antigas. Queria construir um museu há mais ou menos dois anos e nesse ano recebi uma foto no WhatsApp anunciando o leilão desse casarão. Eu sempre passava ali e namorava aquela casa, porque ando muito pela Cidade Baixa”, comenta Couto.O empresário conta que havia participado do primeiro leilão do solar, mas que achou os lances “salgados” e que no que ocorreu na última quarta-feira (4), ele deu o lance mais alto. “Dessa vez, quando eu fiz a oferta de R$ 1,3 milhão, todo mundo olhou para mim e me tachou como louco porque classificaram o casarão como ‘velho e acabado’. Mas eu já tinha pesquisado a história e fiquei encantado. O leiloeiro deu uma contraproposta e eu aceitei”, conta, rindo.

Mesmo com toda empolgação para a construção do museu, o empresário afirma que tem uma ideia sobre o tema, mas não quer divulgar ainda.“A gente pensou em construir ou um museu ou uma casa de eventos. Quando arrematei, as pessoas me perguntaram o que eu iria construir no local e eu ainda não tinha uma definição cravada. Quando visitei o local, achei bonito e pensei em montar um museu com cerimonial, mas ainda não tem nada concreto”, explica.O casarão foi avaliado em R$ 3,7 milhões pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5), e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) desde 1981. O pregão foi coordenado pelo juiz da Central de Execução Thiago Barbosa Ferraz de Andrade e conduzido pela Nordeste Leilões.

No evento, foram arrematados 44 lotes penhorados, que movimentaram um total de R$ 1.790.883,60, a fim de liquidação de dívidas em processos trabalhistas. A venda do solar foi executada em um processo trabalhista contra a Associação dos Empregados do Comércio da Bahia.

O TRT5 irá entregar a chave para o novo proprietário dentro de 10 dias. Ele conta que já conversou com um engenheiro e que a reforma do imóvel duraria, no mínimo, seis meses.

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Clássico Construído em 1904 pelo comerciante de carne Francisco Amado Bahia, o casarão reúne nos seus 52 cômodos elementos de diferentes países europeus em um projeto arquitetônico colonial.

A inauguração do solar, em 8 de dezembro de 1904, foi marcada pela celebração dos casamentos das filhas mais velhas de Amado Bahia - Clara e Julieta. Em 1949, o Solar Amado Bahia foi doado à associação, após a morte do patriarca, para que servisse à instalação de um hospital, o Sanatório Amado Bahia, o que não ocorreu.

Em 1966, é fundada a Escola Amado Bahia, desativada após o tombamento pelo Iphan e, a partir daí, o imóvel vem sofrendo depredação e até a ocupação por parte dos militantes do Movimento Sem-Teto.