Associação de naturismo diz que Forró Nu tem 'caráter libidinoso'

Arraiá sem roupas será realizado dia 17 de junho, no Espaço Liberdade, em Massarandupió

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 5 de junho de 2017 às 18:45

- Atualizado há um ano

A Associação Massarandupiana de Naturismo (Amanat) se colocou oficialmente contrária à realização da 2ª edição do Forró Nu, marcada para acontecer o dia 17 de junho, em um sítio conhecido como Espaço Liberdade, em Massarandupió, no Litoral Norte. Segundo a organização do evento, 40 casais já confirmaram presença na festa.

Em nota, porém, a Amanat destacou que “a experiência do forró nu de 2016 foi muito negativa para um povoado indefeso de 700 moradores. O nome de Massarandupió foi inconvenientemente tratado pelas redes sociais e imprensa, sendo que chegou a ser anunciado que o forró nu seria realizado na praia naturista ou até mesmo na praia de Massarandupió”, diz a nota, assinada pelo presidente da entidade, César Xisto.

Segundo a Amanat, as regras da Federação Brasileira de Naturismo impõem às entidades federadas a não realização desse tipo de evento. “Festa de caráter libidinoso em espaço naturista. O Naturismo e a Amanat se demarcam desse tipo de evento”. O idealizador e produtor do evento, David Andrade, defende-se. Ele nega que a festa tenha caráter sexual.(Foto: Divulgação)“César Xisto acha que pode falar em nome da comunidade, como se a comunidade fosse contrária ao nosso evento. Isso não é verdade. Meu evento não é de caráter libidinoso e nem incentiva o sexo. Tudo acontece em clima de respeito e seguindo as regras do código de ética naturista. No ano passado Massarandupió ficou lotada, com todas as pousadas cheias. Minha festa traz benefícios para a comunidade”, garante David.

A Associação de Moradores de Massarandupió diz que a população se divide. O presidente da entidade se coloca contrário ao uso do nome da localidade. “Ele não pode dizer que é o Forró Nu de Massarandupió. É o Forró Nu do sítio dele”, afirma Luciano Pereira.

Enquanto isso, a prefeitura avalia o pedido do Espaço Liberdade para a realização do evento. O procurador do município de Entre Rios, Brígido Neto, alertou que o espaço precisa ser devidamente cercado para evitar o constrangimento da comunidade. “Se a festa for restrita e a documentação estiver ok, será liberada”.

A R$ 80 o casal, é possível participar do rala-coxa junino no Espaço Liberdade. Uma banda de forró pé de serra vai animar a noite até o sol raiar. “Estou recebendo ligações de todo o país. Peço que as reservas sejam antecipadas o máximo possível”, anuncia David Andrade. A realização do Forró Nu trouxe novamente à tona uma discussão que virou motivo de batalha na localidade.

De um lado, os naturistas tradicionais que são contra a realização desse tipo de festa e acusam as pousadas de promoverem eventos de suingue que incentivariam a prática do sexo. Do outro lado, os estabelecimentos se dizem vítimas de preconceito, admitem que seu público mistura naturistas e praticantes do suingue, mas garantem que são expressamente contra o sexo em público.

A pendenga forçou a formulação pela prefeitura de um projeto de lei que está prestes a ir para a Câmara de Vereadores. O projeto define regras de comportamento para a praia de naturismo e proíbe o uso do termo “naturismo” ou “naturista” pelas pousadas locais.