Bahia: a economia voltou a crescer

Por Armando Avena

Publicado em 18 de agosto de 2017 às 09:26

- Atualizado há um ano

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A economia baiana está saindo da crise. Os números relativos ao desempenho dos diversos segmentos da economia e do mercado de trabalho mostram isso de maneira cabal, com pequenas exceções. O comércio, que registra queda nas vendas a 29 meses consecutivos, voltou a crescer em junho, um incremento de 1,5% em relação ao mesmo mês do ano passado.

E o resultado não se constitui apenas um ponto na curva, afinal, em relação a maio, um mês tradicionalmente forte por causa do dia das mães, as vendas no varejo cresceram 2,3%. Em junho, as vendas cresceram em 8 das 10 atividades do varejo, com destaque para as vendas de eletrodomésticos, com incremento de 36%, enquanto as vendas de veículos e material de construção cresceram 4% e 4,7% respectivamente.  

Vários fatores contribuíram para esse resultado, entre eles a queda da inflação e dos juros, a liberação dos recursos do FGTS e os sinais de estabilidade da economia, que estão trazendo o comprador de volta às lojas. Além do comércio, a atividade turística voltou a crescer em junho, registrando um incremento de 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No primeiro semestre de 2017, o volume das atividades de turismo acumula crescimento de 2,2% na Bahia, um desempenho superior a média nacional.  

Esse crescimento ainda não se dá de forma generalizada, pois, no que se refere ao varejo, o ramo de Supermercado e Hipermercados ainda registrou queda nas vendas de cerca de 13% e, no caso do turismo, a taxa de ocupação média dos hotéis ainda está baixa, mas a tendência de retomada dos negócios em ambos os setores é nítida.

O setor serviços também inverteu a tendência de queda e cresceu 2,0% em junho, enquanto a agropecuária baiana vai colher este ano a maior safra de grãos de sua história, superior a 8 milhões de toneladas e quase 45% maior que a do ano anterior. A construção civil também voltou a crescer e, ainda que de forma lenta, está engatando a marcha para novos lançamentos. O único setor da economia baiana que permanece estagnado é a indústria, que registrou no primeiro semestre de 2017 uma queda de 7,4% em relação ao mesmo período de 2016.

O mais importante é que o crescimento da economia está se refletindo no mercado de trabalho, com saldo positivo em todos os setores e a construção civil voltando a contratar em junho, após muitos meses seguidos com resultados negativos. Apenas o comércio mantém uma tendência de eliminação de postos de trabalho, mas o sinal deve se inverter com a manutenção da tendência de crescimento. Os números apresentados são do IBGE e do Caged e demonstram que a economia baiana retomou o crescimento e que, no segundo semestre de 2017, mesmo que de forma lenta e não homogênea, os negócios vão deslanchar.

Violência em Salvador Na semana passada,  vários bairros em Salvador foram vítimas de ações de criminosos vinculadas ao tráfico de drogas.  Antes restrita a determinadas localidades, a violência em Salvador está se disseminando rapidamente por toda a cidade.  E isso vem ocorrendo tanto nos bairros de classe média como naqueles onde vive a população mais pobre. Salvador tem uma ocupação urbana muito semelhante à do Rio de Janeiro, onde os bairros de classe média e alta ocupam os mesmos espaços que as favelas e os bairros onde o tráfico de drogas impera.  Essa interação amplia o foco da criminalidade e é preciso agir imediatamente para evitar que Salvador se torne parecida com o Rio. Neste momento, é nítida a ampliação do raio de ação das facções criminosas no espaço urbano da cidade, o que está levando a classe média à beira de um ataque de nervos.

O salário dos secretários O rendimento dos secretários de Estado vai sofrer um forte baque a partir de maio de 2018.  Atualmente,  o salário de um secretário de Estado gira em torno de R$ 20 mil, mas pode chegar a mais de R$ 30 com os jetons recebidos por sua participação nos conselhos das empresas estatais e sociedades de economia mista. Os secretários participam geralmente de 2 conselhos, mas aqueles mais graduados chegam a participar de 4 conselhos. Ocorre que a Lei 13303, a chamada lei das estatais, que já foi aprovada e terá de estar implementada a partir de maio de 2018, proíbe a participação de entes do governo no Conselho de Administração das empresas. Ou seja, secretário não pode mais fazer parte do conselho de Administração das estatais. Com isso, ou haverá aumento do salario do governador e de seus secretários, o que seria injustificável já que os servidores públicos estão há dois anos sem reajuste salarial, ou a remuneração dos secretarios vai cair quase pela metade.

Braskem 15 anos A Braskem  é a multinacional da Bahia, pois tem sede aqui, mas está espalhada pelo mundo, e agora completa 15 anos. A empresa está pronta para se tornar mais competitiva já que investiu R$ 380 milhões na planta de Camaçari, tornando-a “flex”, ou seja podendo usar como matéria-prima tanto a nafta, quanto o gás de xisto importado dos EUA. A Braskem é, por si só, um polo de atração de empresas e foi por conta da sua existência que a Bahia atraiu a Basf e outras empresas. E, recentemente, quase viabiliza uma fábrica da empresa alemã Styrolution. O caminho para a modernização e ampliação do polo petroquímico passa, portanto, pela Braskem.

De olho no Ministério da Fazenda O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, assumiu o papel de contraponto ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no cenário político do governo. Embora aceitando as diretrizes do ministério, Paulo Rabello não perde oportunidade para criticá-las e se coloca implicitamente como uma alternativa a Meirelles.

Camille Paglia A escritora e crítica de arte americana Camille Paglia mostrou que é uma mulher de coragem e, na palestra que fez no Teatro Castro Alves, no programa Fronteiras do Pensamento, criticou todos os clichês politicamente corretos que abundam nas rodas acadêmicas e culturais da cidade da Bahia. Começou externando seu temor de que as novas gerações substituam os livros pelas redes sociais e percam a dimensão do passado e da história. Camille Paglia e Bruna Lombardi, no TCA (Foto: Betto Jr/CORREIO) Depois, disse que lutou a vida inteira contra  todo tipo de doutrinação, inclusive a religiosa, e, por isso, não podia aceitar que instituições acadêmicas optassem por qualquer tipo de doutrinação, lembrando que cabe a academia mostrar aos jovens os diversos modos de pensar e não apenas um deles – o que fez corar muitos professores das universidades baianas.  Afirmou que não entendia por que os homossexuais queriam adotar o tradicional e ultrapassado casamento heterossexual, em vez  de criar outras formas de união. Em seguida, criticou o feminismo exacerbado que estava transformando tudo que é masculino em uma patologia e disse que muitas mulheres querem que os homens ajam e conversem como se fossem suas amigas.

Para completar,  resgatou Freud, colocando-o como um contraponto ao uso indiscriminado de antidepressivos, e finalizou dizendo que a burguesia branca e intelectualizada da América abandonou a religião e aderiu ao materialismo intelectual e consumista, mas acabou submetida pela depressão ou pelas pílulas antidepressivas. Bom, pode-se não concordar com tudo o que Camile Plagia diz, mas que ela é corajosa, isso é.