Bahia, paixão, gestão e progresso

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  • Elton Serra

Publicado em 5 de novembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Bahia passará por eleições em dezembro, e o futuro do clube ficará nas mãos de outros nomes a partir da próxima temporada, já que Marcelo Sant’Ana não será candidato. Um período que promete ser quente nos bastidores, mas que precisa ser usado com muito cuidado.

Tem gente que não curte muito falar de política. Normal, até por conta do que os partidários brasileiros nos dão como exemplo. No futebol, a política também soa ofensiva para muitos – a paixão, componente que entra em campo em tempos de campanha, acirra ânimos e, muitas vezes, se sobrepõe à razão. O resultado é uma enxurrada de troca de farpas e pouquíssimas propostas de gestão esportiva sustentável.

Marcelo Sant’Ana, nos últimos três anos, foi exaltado por sua capacidade administrativa e pelas ações longe do campo e da bola. Porém, é criticado constantemente por conta dos erros cometidos no departamento de futebol, área do clube que mais interessa ao torcedor. Ao final da gestão o saldo é positivo, já que o Bahia saiu da UTI e consegue caminhar com suas próprias pernas, respirando financeiramente e criando uma agenda positiva para as próximas temporadas. Se lembrarmos da terra arrasada que era o tricolor, chegaremos à conclusão de que três anos são insuficientes para corrigir todos os erros de um clube octogenário.

Abílio Freire, Binha de São Caetano, Fernando Jorge, Guilherme Bellintani e Nelsival Menezes são os candidatos à presidência do Bahia. Independentemente do vencedor, a missão é manter a rota do progresso. O clube ainda está longe de alcançar a autossustentabilidade, mas já recuperou valores que são importantes para a construção de uma filosofia, algo que deve nortear qualquer organização. É claro que o futebol precisa ser bem gerido e capaz de gerar os resultados necessários para o crescimento dos outros setores, mas não se pode abandonar o que já foi feito até aqui. Nenhuma empresa se sustenta sem boa gestão. No futebol, não basta ter meia dúzia de craques capazes de colocar a bola na rede. A complexidade é enorme.

O Bahia, paralelo ao processo eleitoral, vive ainda uma democracia que engatinha. Como todo sistema político, é preciso muitos anos para que o amadurecimento seja notado. Em comparação com a quantidade de torcedores do tricolor espalhados pelo mundo, o clube conta com uma pequena base de sócios aptos a votar. A consciência de que é preciso ser mais proativo e prático nas decisões do clube não passa de teoria na cabeça dos apaixonados. Enquanto a associação for apenas tratada como discurso por parte da torcida, a democracia seguirá caminhando a passos lentos.

Ser um gestor esportivo é muito mais do que conhecer e gostar de futebol. É ser capaz de gerir uma grande empresa, planejando, organizando, controlando e liderando inúmeros processos – tudo isso monitorado por torcedores apaixonados e capazes de influenciar diretamente nas decisões. Para isso, é preciso estar qualificado para assumir o cargo. A responsabilidade de lidar com orçamentos milionários é maior do que em qualquer empresa comum, já que o resultado final precisa satisfazer o ego de seus “clientes”.

Em breve, os discursos começarão. As propostas serão colocadas à mesa. Os debates tomarão conta dos noticiários esportivos. O que todos esperam é que novas ideias apareçam. O futebol precisa continuar seguindo a rota do progresso.

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.