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BBB 18: Gleici é a grande campeã do programa e leva R$ 1,5 milhão


 

Kaysar ficou em segundo lugar e a terceira colocação foi para Família Lima

  • Da Redação

Publicado em 20/04/2018 às 00:02:00
Atualizado em 18/04/2023 às 07:51:09
. Crédito: Reprodução/TV Globo

Gleici Damasceno, 23 anos, é a mais nova milionária do país. A estudante de psicologia de Rio Branco (AC) venceu o Big Brother Brasil 2018 (BBB 18) nesta quinta-feira (19) e leva para casa R$ 1,5 milhão. Ela teve 57,28% dos votos, ficando à frente de Kaysar Dadour, com 39,33%, e da Família Lima, que ficou com 3% dos votos. Com o segundo lugar, o garçom sírio recebe R$ 150 mil; já Ayrton e Ana Clara Lima ficaram em terceiro lugar e levam o prêmio de R$ 50 mil. 

A acreana também venceu a enquete realizada pelo CORREIO entre quarta (18) e quinta (19). Encerrada às 18h25 com 8.163 votos, a votação apontou que 60% dos internautas dariam o prêmio principal para a acreana, que passou por muitas dificuldades e ficou conhecida no programa por sua doçura e forte personalidade. Kaysar (30%) e Família Lima (10%) ficaram em segundo e o terceiro lugar.  Campeã, Gleici agradece e diz: 'Acredite no que você é que tudo é possível' (Foto: Tv Globo) [[publicidade]]

No palco do BBB, o apresentador Tiago Leifert conversou com Gleici. Emocionada, a campeã abraçou o apresentador e disse que não sabia o que falar: "Eu não sei o que falar. Fico feliz que vocês conheceram a minha história, a história da minha família. Esse prêmio é para eles. Acredite no que você é e acredite nos sonhos, tudo é possível". Na ocasião, Leifert também contou ao vice-campeão Kaysar que a Organização Nacional das Nações Unidas (ONU) irá ajudar a trazer sua família ao Brasil.  (Foto: Tv Globo) A discreta Gleici vem do Acre, onde a violência contra a mulher e jovens negros é grande. Ela teve o pai assassinado e luta contra formas de opressão como o racismo e o machismo e defende o poder da educação. Mandou suas mensagens sem ficar se lamentando. O sucesso dela foi tanto que a TV Globo até transmitiu, pela primeira vez, a final ao vivo no estado (o fuso horário do estado é atrasado em duas horas em relação ao de Brasília). A torcida dela acompanhou tudo do bairro de Baixada da Sobral e chegou a lotar um ginásio em Rio Branco. O shopping Via Verde, da cidade, também exibiu à final em telões. 

Na dela, Gleici se revelou aos poucos no jogo. À medida que seus adversários a colocavam continuamente no paredão, alegando que ela era quietinha e afastada dos outros, ela foi crescendo dentro da casa e com o público. Mesmo sendo alvo de várias ofensas e injúrias dentro da casa, manteve-se sempre educada com todos na casa. A sister foi sempre companheira com seus aliados e ainda conquistou Wagner. 

O jogo virou quando ela voltou do paredão com direito a ficar num quarto especial por alguns dias. E ainda pode ouvir o que todos falavam dela pelas costas. Gleici também descobriu sobre o grupo que se uniu para combinar votos, e decidiu usar essas informações para cortar o mal pela raiz. Na hora que voltou para a casa, ela expôs as pessoas falsas da casa e conseguiu eliminá-los um a um, sempre deixando bem claro o que sentia. Kaysar para Gleici campeã: 'Eu te falei que você tinha que ganhar' (Foto: Tv Globo) De origem humilde, Gleici cresceu na zona rural e vive na periferia da Baixada da Sobral - uma das áreas mais violentas da capital do Acre - com a mãe, o irmão mais velho e a sobrinha de 3 anos em uma casa simples, de madeira e alvenaria, com três cômodos. Ela teve o pai assassinado pelo tráfico de drogas que domina a região há três anos dentro de casa e na frente da irmã mais nova. O pai dela era dependente químico e se separou da mãe quando Gleici tinha 6 anos. Irmão de Gleice na casa onde eles moram, no Acre (Foto: Jardy Lopes/Reprodução) Também há três anos, a mãe, Vanuzia, 39, foi diagnosticada com um câncer no útero e teve que abandonar o emprego no gabinete de uma vereadora (sua ex-patroa). Para a função, ela ganhava R$ 2 mil, renda essa que era complementada como zeladora da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) à noite. Coube a Gleici assumir as despesas da família. Mãe de Gleici na casa em que a sister mora, no Acre (Foto: Jardy Lopes) Sem internet e TV a cabo em casa, Vanuzia, e o irmão da sister, Agleuson, de 24 e desempregado, acompanham o programa graças aos vizinhos, que cederam um ponto de pay-per-view. A acreana tem ainda uma irmã mais nova, Gleiciely, 19, que é mãe da sobrinha da sister.  Sister dorme em uma cama na sala (Foto: Jardy Lopes/Reprodução) Simples, a casa é própria e é protegida por uma cerca de madeira e possui um quarto, cozinha e sala. "Íamos usar o 13º (salário) dela para desmanchar a sala e fazer um quartinho aqui. Era o sonho dela", contou a mãe dela ao Extra. A família sobrevive atualmente com a ajuda de vizinhos e do dinheiro da exoneração de Gleici no cargo comissionado na Assessoria de Juventude, no Governo do Estado.

A acreana foi a única da família a concluir os estudos e entrar na faculdade. Antes do programa, ela ganhava R$ 2,700 para sustentar a família, comprar remédios para mãe, pagar contas de água e luz, despesas dos irmãos e suprir a casa de alimentos. Ela também usava o dinheiro para pagar metade da faculdade de Psicologia na universidade Uninorte. Os outros 50% são custeados pelo Fies (programa de financiamento estudantil). Também realiza trabalhos comunitários. 

Disputa acirrada O programa estreou no dia 22 de janeiro de 2018 e, paredão pós-paredão, os três finalistas ganharam a simpatia do público. O quarteto jogou com boas armas e muita sedução. Em outra circunstância, talvez um encontro entre uma acreana, uma família carioca e um sírio fosse algo improvável. Mas, no BBB 18, a amizade se fortaleceu e eles foram, por todo esse período, grandes incentivadores uns dos outros. (Foto: TV Globo) “Esta foi uma grande temporada, com um elenco recheado de protagonistas. O BBB é um programa sem roteiro, onde a gente não tem ideia do que vai acontecer e todas as reviravoltas do jogo estão nas mãos dos participantes. Nós ficamos assistindo, concordamos, discordamos, nos emocionamos. Definitivamente, o BBB é um dos games mais fascinantes do mundo”, resumiu Tiago Leifert. (Foto: Reprodução/TV Globo) Além de Gleici, o refugiado sírio Kaysar também conquistou o público, tanto que a disputa foi acirradíssima. Seu sonho é trazer toda a família, que sofre com a guerra, para o Brasil. O brincalhão tem 28 anos e saiu de sua cidade natal,  Alepo, em 2011. Em 2014, veio para Curitiba, onde trabalhou como garçom. Ficou conhecido pelo seu bom humor.

Já Ayrton e sua filha Ana Clara representaram o jogo em sua essência: estavam ali para competir. Ele perseguiu o sonho antigo de entrar no programa - tanto que há vídeos de Ana Clara, 21, com nove anos pedindo à emissora para deixar o papai entrar no jogo. E a família, aqui fora, preferiu deixá-lo na casa, mesmo com a morte de um irmão do patriarca. Eles foram a primeira família inteira que participou do programa - o público escolheu dois integrantes para continuar no reality. O programador Ayrton, 56 anos, é o paizão da casa. Ana estuda jornalismo e é extrovertida. "Muito obrigado por tudo. Gostaria de agradecer a todas as pessoas envolvidas nop programa pelo carinho e pela oportunidade. Vale. Eu vou me inscrever de novo", disse Ayrton no palco. Família Lima conquista terceiro lugar do BBB 18 com 3,39% dos votos. Os dois comemoram o resultado e se abraçam (Foto: TV Globo) Com todos os participantes da edição, a final foi celebrada com um encontro musical que misturou rap, sertanejo e samba e que reuniu, pela primeira vez, Projota, Maiara & Maraísa e Ferrugem. Teve espaço para lembrar dos memes, festas e até de Leifert zoar outros programas. 

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O BBB 18 tem direção-geral de Rodrigo Dourado e registrou média de 26 pontos no Ibope, maior audiência dos últimos oito anos do reality. Em quarto lugar no programa, Paula contou como foi chegar perto da final. “Chegar bem pertinho e não conseguir subir no pódio, eu achei muito ruim. Mas depois que saí e senti o carinho aqui fora, foi tão legal que eu fiquei muito feliz. Estou satisfeita pra caramba. As coisas tem que acontecer cada coisa no seu tempo”, diz ela. E com o Breno, é namoro ou amizade? “Eu e a Paula fomos construindo nossa história lá dentro. Aqui fora vamos ver como vão ficar as coisas, estamos ficando, as coisas estão fluindo”, entregou o brother. Primeira eliminada, a professora Mara conta que entrou no programa para tentar aproximar a universidade da opinião pública. “Foi polêmico e, por ser, polêmico foi bom”, divertiu-se ela. Para Ana Paula, a saída não foi exatamente fácil: “Quando saí, fiquei completamente fora da casinha. Lá dentro a gente julgava que o que estávamos fazendo era o certo”.

Amados ou odiados pelo público, em uma coisa todos concordam: a experiência do reality show é intensa e única. “Não sabia que as pessoas se envolviam tanto. O brasileiro é aquele que gosta de uma novela, com vilão, e aquele mês em que fiquei lá serviu para as pessoas acharem que já sabiam tudo sobre mim. A gente está ali pra ser julgado”, resumiu Nayara. “Lá dentro o convívio me deixou muito carente. Tudo é muito intenso. Aqui fora quando, eu tô mal ou fico nervosa, ligo pra minha mãe, pra uma amiga. Ali eu não conseguia desabafar com alguém pra pedir socorro”, lembrou Jaqueline. Independente do resultado, a galera já estava em festa desde cedo. “Vim para abraçar todo mundo e tirar foto com todo mundo. Eu tinha uma relação massa com todos lá dentro”, assegurou Viegas. “Se as pessoas não diferenciam o jogo da vida real, a gente tem que diferenciar. Quando vi que a novela estava mais forte que o jogo, fui para o tudo ou nada. O acolhimento que tive do público foi bacana. Saí bem leve e feliz”, disse Diego. “O que ficou lá dentro, ficou lá dentro. O confinamento mexe muito com nossas emoções. Aqui fora quando a poeira abaixa e o coração acalma a gente quer reparar os erros. Foi uma história muito legal que a gente viveu e daqui para frente o que a gente tem que levar é o respeito”, garantiu Caruso.  Patrícia admitiu que se arrepende de algumas coisas que fez ao longo do jogo, mas sabe que daqui para frente a história é outra. “Fiz leituras erradas ali, fiz comentários que pegaram muito mal aqui fora. Eu imaginava, mas não sabia a intensidade das coisas. Mas meu jeito descontraído e alegre as pessoas estão conhecendo agora, sem a pressão do jogo e confinamento”, explicou a sister. “Não tenho mágoa de ninguém que está lá dentro”, completou Mahmoud. Lucas também reviu um pouco do seu comportamento na casa: “Nós somos iguais a todos os que estão aqui fora, mas a gente está ali exposto. Eu fui muito permissivo e esse foi o meu erro”. “A gente não comanda o coração. Eu só tenho a agradecer”, resumiu Jéssica. Wagner chamou atenção pela torcida para Gleici com uma rosa amarela: “Não vejo a hora de encontrá-la”, disse antes do resultado.