Brasileirão equilibrado: bom para todos

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  • Miro Palma

Publicado em 15 de novembro de 2017 às 04:26

- Atualizado há um ano

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Hoje à noite, o Corinthians pode levar a taça do Campeonato Brasileiro de 2017 se vencer o Fluminense, no Itaquerão. Mas o provável heptacampeonato do time paulista pode ficar manchado na memória como um título fácil, conquistado em um ano em que as equipes da Série A não demonstraram qualidade e estavam niveladas por baixo. É esse o mantra repetido em uníssono por comentaristas, jornalistas esportivos e torcedores desde, ao menos, a virada para o segundo turno.

Esse argumento é, antes de mais nada, uma afronta ao trabalho do grupo comandado pelo treinador Fábio Carille. O comandante, grande revelação do ano na profissão, não tinha o melhor elenco do campeonato, mas conseguiu o recorde de 34 partidas de invencibilidade e manteve o alvinegro no topo da tabela do Brasileirão por quase toda a competição

Mas, além disso, essa é uma visão incoerente do maior campeonato do país. Desde que me entendo por gente, ouço reclamações de que o Campeonato Brasileiro não era justo – e ainda não é – e que só cinco ou seis times revezavam a disputa pelos títulos. Se formos aos números, os cinco times que mais levantaram a taça foram Palmeiras, Santos, São Paulo, Corinthians e Flamengo. Um retrato da nossa economia sempre tão desigual.

Aí  a globalização e a tecnologia vêm e sacodem esse cenário. A diferença de qualidade entre os jogadores contratados pelos clubes, apesar de ainda ser considerável, começa a não ser um fator decisivo e, então, vem o equilíbrio na tabela que deveria ser comemorado. Mas, não. Esse novo contexto vira motivo de crítica. Vai entender.

Se era justamente a desigualdade que fazia um grupo pequeno ficar nas primeiras posições e uma massa brigar pelo miolo ou passar o campeonato inteiro fugindo do rebaixamento, como o inverso dela pode significar um campeonato ruim e  de times sem qualidade? As possíveis respostas só reforçam essa incoerência. Porque o que ouvi por aí, tanto de comentaristas, quanto de torcedores, foram queixas de que times que costumam brigar pela dianteira como Flamengo, Palmeiras, Atlético Mineiro etc., este ano não se encontraram no campeonato.

Ou seja, para muita gente, quem não está rendendo são, justamente, aqueles que monopolizavam o topo da tabela. É como se o esforço de “clubes menores” que precisam fazer milagres com orçamentos pequenos para se tornar competitivos não existisse. Como se todo o trabalho feito pelos outros concorrentes não valesse para muita coisa nessa equação.

Para além desse disparate, tem ainda a questão da emoção. Como não gostar mais de um campeonato em que a tabela parece uma pipoqueira, com time subindo e descendo a todo momento? Essa é a graça do futebol, a competição, a disputa pelo gol que salvou um time que ia cair na rodada anterior e, três jogos depois, já consegue sonhar com uma classificação para a Libertadores. 

O troféu é bom, a estrela bordada no peito também, mas eu prefiro ficar com a magia da competitividade do que sentar para acompanhar um torneio em que, desde o início, já estão destinados os vencedores.