Caetano chora ao relembrar passagem por pousada destruída em Brumadinho

'Já chorei algumas vezes pensando nas pessoas que conheci lá', diz cantor

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  • Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2019 às 14:22

- Atualizado há um ano

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Foto: Reprodução Um dos hóspedes famosos da excêntrica pousada Nova Estância, que foi destruída no rompimento da barragem do Feijão em Brumadinho (MG), o cantor Caetano Veloso contou que chorou copiosamente ao lembrar das pessoas que conheceu no local, onde ficou em 2016.

“Lendo o livro [Maquinação do Mundo] de Zé Miguel [José Miguel Wisnik] sobre Drummond, pensei muitas vezes no fato de o que há de belo em Inhotim tardar a ser captado por minha sensibilidade, tal a sensação de desconforto humano, vegetal, animal e espiritual da região. A delicadeza das pessoas, o sabor das comidas, a graça da decoração (tudo tão mineiro) da pousada Nova Estância era igualmente contaminada pelo sentimento de desequilíbrio e feiura que a cercava. Já chorei algumas vezes hoje, incontrolavelmente, pensando nas pessoas que conheci lá”, comentou ele, em texto para o site Mídia Ninja, no qual é colunista, ao criticar o ambiente que cercava a paisagem bucólica. 

A pousada – que ficava a 18 km do museu do Inhotim, principal ponto turístico da região –, era uma das mais luxuosas da região. Uma foto de Caetano no local foi publicada em fevereiro de 2017. Ele lembrou de detalhes de sua impressão sobre o lugar, durante a passagem para a realização de um show.

“Quando fui a Brumadinho em 2016 para cantar no Meca Festival, fiquei assustado com o que vi no caminho. O evento era em Inhotim, museu cujo prestígio conhecia de longe. O entorno, no entanto, era deprimente. Os veículos da mineradora com frequência soltavam fumaça preta e ultrapassavam o carro que nos transportava nas estradas não asfaltadas, lançando poeira ou lama. Tudo é muito feio ali. Talvez mineração seja uma atividade que atrai violência”, analisou o cantor.

Ao citar Drummond, ele também mencionou um vídeo "do garoto preto baiano, Vitor, que declama ‘E agora, José?’". "Essa é a pergunta", conclui ele. Assista.

O dono da pousada, o empresário Marcio Mascarenhas, é um dos desaparecidos após o rompimento da barragem. Ele foi o criador da rede de ensino NumberOne e, segundo nota da Associação Brasileira de Franchising, faleceu ao lado da sua esposa e de seu filho na sexta-feira (25). 

Segundo a ABF, em publicação no Facebook, Marcio era o fundador da rede de ensino, mas há dois anos se afastou da franquia para se dedicar à Pousada Nova Estância, que foi totalmente destruída. "Nesse momento, nos solidarizamos com a família de Mascarenhas e com toda a família NumberOne".

Até o início da tarde deste domingo, a tragédia havia deixado 37 mortos, 254 desaparecidos e outras 23 hospitalizadas.