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Filme premiado de Glenda Nicácio e Ary Rosa, Café com Canela será exibido hoje (12), às 19h55, no Glauber Rocha
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2017 às 11:00
- Atualizado há um ano
Café com Canela, de Glenda Nicácio e Ary Rosa é cinema de andar na rua de sandália, de visitar o amigo e tomar um café para jogar conversa fora. Mas, não é um café qualquer. Tem doce no amargo da vida.
No filme, temos muitos personagens e certa demora para entendermos de fato do que se trata a trama. Há uma preparação extensa, uma necessária imersão no dia-a-dia da comunidade de Cachoeira e São Félix, duas cidades do Recôncavo Baiano. Para quem não sabe, Cachoeira e São Félix são separadas pelo rio Paraguaçu. Uma ponte secular as liga.
Escutaremos anúncios fúnebres em carros de som, teremos churrascos, cerveja, “contação de causos”, “tiração de onda” e pirraça entre amigos que se gostam. A representação da baianidade típica aflora, sem nenhuma vergonha. Muito pelo contrário. “Borá acordar, cambada de Erê!!”, grita a personagem! “Enchendo o rabo de maniçoba?”, fala outro. Onde mais escutar isso? Os diálogos, os toques e músicas reafirmam o Recôncavo.
Mas, voltando à história, Violeta anda de bicicleta por Cachoeira. Ela labuta com um riso no rosto. Sempre de alto astral, mas com perrengues diversos superados em sua história e que a deixaram ainda mais forte. Há boa dose de experiência e sabedoria na juventude de Violeta. Dia desses, ela vai até São Félix e se depara com a sua antiga professora, Margarida, que vive, há anos, o sofrimento insuperável da perda do filho. A vida de Margarida desmoronou e os fantasmas habitam sua casa.
Em princípio, Margarida não quer o carinho de Violeta, mas a jovem insiste! Ela não esquece do passado, quando precisou da ajuda e Margarida não titubeou e a acolheu. Violeta não desiste do outro. Os encontros e cafés com canela carregam a possibilidade de cura.
Em Café com Canela a fala possui papel de extrema importância. Fala-se muito de si e do outro, xinga-se com naturalidade! Café com Canela é filme popular, sem frescura nenhuma. O rosto da população está no centro do enquadramento.
Há, no filme, uma liberdade invejável de quem está disposto ao erro. Existe no filme uma coragem na experimentação e busca de uma articulação própria.
Gostaria de destacar, ainda, a participação do ator Babu Santana. Vale dizer que Babu é um excelente ator e que já fez muitos filmes. Pode-se dizer que ele foi massacrado no cinema, com poucas chances de interpretar personagens diferentes. Via de regra, ele era escolhido para fazer o bandidão, o traficante... Em Café com Canela ele é Ivan, médico e gay!
Tenho por mim que a sessão de Café com Canela, no Espaço de Cinema Itaú Glauber Rocha, será uma das mais emocionantes do Panorama!
Por Cláudio Marques - cineasta e coordenador do Panorama Coisa de Cinema
SERVIÇO
Competitiva Nacional VI - 12 de novembro, às 19h55, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha - Ingressos: R$ 10 | R$ 5
Filmes:
Nada, de Gabriel Martins (MG)
Travessia, de Safira Moreira (RJ)
Café com Canela, de Glenda Nicácio e Ary Rosa (BA)
- Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 14/11, às 19h, no Cine Theatro Cachoeirano. Dia 13/11, às 17h, haverá uma sessão gratuita na Sala Walter da Silveira.