Camille Paglia recebe vaias e aplausos no TCA

Opiniões da americana, consideradas conservadoras até por feministas, provocaram polêmica

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  • Roberto Midlej

Publicado em 15 de agosto de 2017 às 23:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr

Segunda convidada do Fronteiras Braskem do Pensamento 2017, a escritora e crítica social americana Camille Paglia, 70 anos, encontrou o público baiano na noite desta terça-feira (15), no Teatro Castro Alves. A partir do tema Civilização - A Sociedade e seus Valores, ela fez uma reflexão sobre as futuras gerações e temas caros à sua trajetória, como a pop arte, o feminismo e o casamento gay. A mediação foi feita pela escritora e atriz Bruna Lombardi.

“Tenho receio que os livros estejam sendo esquecidos por causa das redes sociais e internet. Uma geração que está ficando adulta desconhece o passado e por causa disso desconhece as barbáries, o passado da guerra e a crueldade”, refletiu Paglia, acrescentando que esta troca do livro pela internet será um desastre a longo prazo.

Um dos momentos polêmicos da noite foi quando ela falou de feminismo, dividindo a plateia. Para Camille, as mulheres seriam mais felizes se não pressionassem tanto os homens. “Tudo que é masculino está sendo considerado uma patologia. O pensamento anti-masculino é impedimento à saúde física das mulheres. Isso precisa parar”, pontuou. Arracando vaias e aplausos , Camille não se intimidou e disse que é grata aos homens.   

Teve gente que não gostou nada das declarações de Paglia. Mary Garcia Castro, 76 anos, socióloga e feminista, discordou: “Ela é uma pré-feminista, pode entender de arte, mas é retrógrada do que pensa da relação homem/mulher. Gosto do que ela pensa sobre arte, mas o feminismo tem horror a ela”, disse.

Mas teve gente que vibrou, principalmente quando a palestrante falou de Freud. “Uau, não imaginei que ele ainda fosse tão admirado”, brincou Camille Paglia.

O publicitário Felipe Monteiro, 30 anos, disse que não esperava ver uma Camille Paglia extremista, por isso, a conferência correspondeu às suas expectativas: "Ela tem uma visão muito particular sobre o feminismo, apesar de vir do mundo acadêmico, Esperavam que fosse uma feminista mais radical, mas eu não. Ela fala muito de arte e religiosidade também" Outro ponto polêmico foram as considerações dela sobre o casamento gay. Camille disse que, de forma geral e até surpreendente, as democracias ocidentais são receptivas ao casamento gay. Mas criticou o desejo dos casais pelo endosso da religião: “Não entendo por que os gays querem tanto a tradição do casamento. Eles deveriam querer algo novo”, disse.

Iniciado no dia 3 de julho com o escritor Mia Couto, o Fronteiras Braskem termina no dia 5 de setembro, com a ativista política moçambicana Graça Machel.