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Campeão do Hackathon+Salvador cria projeto de experimentação da baianidade


 

Equipe vencedora se inspirou nos comerciantes, artistas e comunidade para propor site de pacotes customizados que façam o visite sentir na pele como é ser um nativo do Centro Histórico

  • Andreia Santana

Publicado em 16/07/2017 às 21:15:00
Atualizado em 17/04/2023 às 08:07:04

Caymmi já perguntava na canção - “Você já foi à Bahia, nêga?” – e ele mesmo respondia e convocava: Não, então vá!”. Relembrando um dos principais poetas da baianidade, o grupo que venceu a maratona de inovação Hackathon+Salvador: Soluções de Impacto Social para o Centro Histórico, encerrada neste domingo (16), na Faculdade de Medicina da Ufba, no Terreiro de Jesus, apresentou como projeto para o tema turismo, uma ferramenta de difusão cultural que tem como objetivo principal oferecer aos visitantes que chegam à Salvador experiências autênticas do modo de ser e viver dos baianos.

Formado por Matheus Carvalho (24), Antonio Ladeia (30), Danilo Santos (22), André Luís (44) e Ítalo Hiago (19), o grupo criou um site batizado de “Viva Pelô”, que se propõe a ir além dos guias turísticos tradicionais. A ideia é transformar artistas e outros representantes da comunidade local em “anfitriões culturais” que façam o turista sentir na pele o que é ser um nativo do Centro Histórico. “Queremos que quem venha para cá, não apenas visite, mas experimente, sinta e viva como alguém que é daqui”, explicaram os cinco vencedores durante a comemoração da vitória.Após maratona, participantes conheceram vencedor neste domingo(Foto: Betto Jr/CORREIO)Pelo site “Viva Pelô”, o visitante pode contratar pacotes customizados que possibilitem experimentações autênticas como, por exemplo, um jantar em um restaurante localizado em um casarão colonial, enquanto o dono do estabelecimento narra fatos históricos do local de forma que o visitante vivencie sua riqueza cultural.

A ideia dos cinco empreendedores criativos nasceu com as bênçãos de uma das figuras mais emblemáticas do Pelourinho, o agitador cultural Clarindo Silva, da icônica Cantina da Lua, que comemorou com pulos de empolgação e exclamações de “eu sou pé quente!”, a vitória da turma.

Os integrantes do grupo campeão deram duro para conquistar o primeiro lugar e levaram a sério a proposta de fazer um virote criativo para desenvolver o projeto, passando as 33 horas da maratona em claro, sem sequer tirarem um cochilo durante a empreitada. Agora, de posse do troféu criado pelo arquiteto Ed Vasco e dos demais prêmios, os cinco devem se reunir com calma e ver de que forma será possível dar vida ao projeto.

Cultura e impacto social

O grupo que ficou com a segunda colocação e desenvolveu uma proposta para o tema cultura e patrimônio, não foi menos inovador na sua ideia, um game de realidade aumentada ambientado no Centro Histórico e que ainda teve um toque de “girl power” ao empreendimento. É que duas jovens de 19 anos – Bárbara Lima e Isys Nogueira - foram as desenvolvedoras do projeto, criando a interface, programação e demais funcionalidades do game de charadas batizado de “Onde é que tá”.

Além das duas desenvolvedoras, a equipe contou ainda com Sofia Greve (24), Leonardo de Moraes (22) e Luan Santos (27). Os cinco se inspiraram bastante na palestra da abertura do Hackathon+Salvador, anteontem, feita pela historiadora Lúcia Góes, que provocou os maratonistas a pensarem em uma versão regada a dendê para o famoso Pokemon Go.

A ideia premiada é a de um jogo para celular que possibilita a resolução de charadas espalhadas pelos monumentos do Centro Histórico, acessadas via QR Code. A cada desafio resolvido, o jogador acumula pontos e muda de fase. Os pontos, por sua vez, podem ser trocados por prêmios como descontos nas lojas do Pelourinho, ingressos para shows ou visitas a museus e galerias.

Com a ideia, a equipe pensou em resolver o problema da baixa frequência ao Centro Histórico pelos próprios moradores da cidade, reconectando os soteropolitanos com suas raízes culturais. Além disso, moradores e visitantes ainda ganham uma aula de história interativa, divertida e desafiadora. "No fundo, é a nossa própria história que estamos ajudando a preservar”, acreditam.

Já o grupo que tirou o terceiro lugar, cujo projeto se inspirou no baianês e foi chamado de “Oh Vey”, focou nos vendedores ambulantes e outros microempreendedores da região, dando mostras de que a turma estava bem conectada com o espírito da competição, criar soluções inovadoras e de impacto social.

“Oh Vey” foi criado por Vinicius Dias (21), Tamila dos Santos (26), Laise Sampaio (22), Laise Santos (22) e André Gustavo Barbosa (46).  Trata-se de um aplicativo que conecta os turistas e visitantes locais do Centro Histórico com a programação cultural de rua da região e com os vendedores ambulantes. Para o usuário, o projeto oferece segurança, menos assédio e a certeza de que aquela atração que ele tanto quer ver, como um grupo de capoeira jogando na praça, vai estar no local e horário esperado.

Para os trabalhadores informais do Centro Histórico, o projeto prevê capacitação para que aprendam a forma correta de abordar os visitantes e a oportunidade de oferecer serviços para uma clientela previamente marcada. Mas, e se o trabalhador não tiver celular, como se conecta? Ora, nos estabelecimentos parceiros e que disponham de dispositivos de acesso à internet, como computadores, tablets e smartphones dos apoiadores da ideia.

Troféu iluminado

A comissão julgadora da competição foi formada por André Fraga, secretário municipal de Cidade Sustentável e Inovação (Secis); Camila Godinho, fundadora da SER, entidade especializada no design de soluções que promovem inovação social e sustentabilidade; e Flávio Marinho, executivo responsável pelos Serviços Tecnológicos, Empreendedorismo e Inovação do Senai Cimatec.

Já o troféu dados aos três grupos vencedores foi criado pelo arquiteto Ed Vasco, que se inspirou no cubo símbolo do Hackathon+Salvador e na janela do Pelourinho para projetar uma luminária. "A lâmpada, no imaginário, simboliza a ideia, que por sua vez, ilumina a janela", explicou. Ed Vasco ainda descreveu a a experiência de projetar o troféu de uma maratona de inovação como maravilhosa e como uma "oportunidade de popularizar o design".

O Hackathon+Salvador é um oferecimento do Fórum Agenda Bahia, com realização do CORREIO e da aceleradora de startups Rede+, o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e os apoios da Rede Bahia, Faculdade de Medicina da UFBA, IHAC Lab-l, Sebrae, Loygus, Life Finanças Pessoais, SuperGeeks, Tours Bahia, Pizza Hut, Monterrey, Revita, Trio, do arquiteto Ed Vasco e do personal trainer Renato Figueiredo.

[[saiba_mais]]Saiba mais sobre as ideias vencedorasA campeã - Viva Pelô

Ferramenta que conecta os chamados anfitriões culturais do Centro Histórico com os visitantes. Os anfitriões são ícones da comunidade, como capoeiristas, comerciantes antigos e baianas de acarajé. Eles irão vender, por meio de uma plataforma que permite pacotes turísticos customizáveis, a oportunidade do turista ou morador que não conheça o local, viver a experiência da baianidade autêntica. A ideia é que esse visitante não prove só o acarajé, mas também aprenda como é preparado o quitute com uma baiana, bem como entenda as especificidades dessa comida típica e ritualística.

Os criadores da ideia se inspiraram na comunidade local e fizeram visitas de campo aos estabelecimentos, para coletar informações com os comerciantes e artistas. O objetivo, segundo a equipe, “é mostrar uma visão diferenciada do Centro Histórico, a partir de quem é originário ou trabalha na região, garantindo assim uma maior valorização da nossa herança cultural".

O que eles ganharam?

*1 mês de coworking na Rede+ e 1 h de mentoria

*Ingressos Campus Party

*Bolsa integral (100%) do Empretec

*Custeio integral de passagens e hospedagens (100%) na Missão SEBRAE para a CASE 2017

*Minicurso do SEBRAE para Validação de Ideias de Startups.

*Óculos VR Box 3D Realidade 2.0

*Curso online de planejamento de vida e financeiro (Você 2.0 – da Life Finanças Pessoais)

*Consultoria esportiva online com o life coach e personal trainer Renato FigueiredoGrupo campeão comemora vitória(Fotos: Betto Jr/CORREIO)2ª colocada - Onde é que tá?

Jogo de charadas para celular que integra a visitação de pontos turísticos com consumo no comércio local do Pelourinho.  O game consiste no visitante encontrar QR Codes colocados em prédios e monumentos históricos. Em cada código há uma charada sobre um ponto turístico e para respondê-la, a pessoa tem que se dirigir até este segundo local. Conforme vai pontuando, o jogador desbloqueia recompensas que podem ser descontos ou produtos de estabelecimentos comerciais locais. 

A intenção dos criadores do projeto é aumentar o fluxo de visitantes no Centro Histórico, principalmente do público mais jovem e hiperconectado, usuário assíduo de smartphones e que não tem muita paciência com guias tradicionais. O projeto prevê ainda que empresas privadas patrocinem charadas, garantindo assim o retorno financeiro da iniciativa.

O que eles ganharam?

*15 dias de coworking na Rede+ e 1 h de mentoria

*Bolsa parcial (50%) do Empretec

*Custeio parcial (50%) de passagens e hospedagens na Missão SEBRAE para a CASE 2017

*Minicurso do SEBRAE para Validação de Ideias de Startups.Segundo colocado propôs jogo de charadas para celular3ª colocada - Oh Vey!

Aplicativo que conecta microempreendedores informais e visitantes do Centro Histórico. Em um menu de opções, o turista pode encontrar baianas para fotos e rodas de capoeira, por exemplo, e agendar o serviço que deseja. O pagamento é feito através da plataforma, com o uso de cartão de crédito. Os visitantes podem ainda dar uma nota aos empreendedores, ranqueando os que prestam um melhor serviço. O dispositivo surgiu com o objetivo de diminuir o problema do assédio dos vendedores ambulantes aos visitantes. O projeto envolve ainda a qualificação profissional e a inserção social e digital dos trabalhadores informais. 

A inspiração para o projeto, segundo os maratonistas que desenvolveram o aplicativo, as políticas públicas ou iniciativas particulares para dinamizar a economia do Centro Histórico não costumam levar em conta os microempreendedores e trabalhadores informais da região.

O que eles ganharam?

*1 semana de coworking na Rede+

*Bolsa parcial (30%) do Empretec

*Custeio parcial (50%) de passagens e hospedagens na Missão SEBRAE para a CASE 2017

*Minicurso d

o SEBRAE para Validação de Ideias de Startups.Grupo criou aplicativo que conecta microempreendedores e visitantes do Centro Histórico