Candidatos e números

José Antonio Pinho é professor titular da Escola de Administração da Ufba

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  • Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 01:55

- Atualizado há um ano

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Estamos a poucos meses das eleições de outubro e menos ainda da definição dos candidatos à Presidência. O cenário já é menos nebuloso agora do que semanas ou meses atrás, mas, mesmo assim, ainda muitas brumas dificultam a visibilidade. Certamente, alguns balões já murcharam e está afastada a hipótese de um candidato vir dos auditórios (mas nunca se sabe), mas mesmo assim ainda existe a possibilidade da colocação de arrivistas, salvadores da pátria, etc.

Com tudo que tem acontecido no país nos últimos anos (crise econômica e política, corrupção à mancheias, impeachment da presidente, etc) não se sabe como vai se comportar o eleitorado. Como pensa o/a eleitor/a em um quadro tão confuso? Parece possível apontar algumas qualidades que deve portar um(a) futuro(a) presidente: probidade, capacidade de realização e de governabilidade e carisma. Se não for possível atender a essas três qualidades, que sejam atendidas pelo menos duas delas. Se não for possível atender a três ou duas delas na plenitude, que sejam cumpridas em parte significativa.

Existe uma expectativa muito elevada, dado tudo que tem sido revelado, que chegou a hora de fazer uma renovação na política brasileira. É bom lembrar que, no caso do legislativo federal, de 1989 para cá, já tem ocorrido uma renovação apreciável em torno de 50%, mas não se percebe uma mudança significativa dos padrões de comportamento e eficiência nos eleitos. O eleitorado também tem sido instado a escolher melhor, valorizar seu voto, mas isso depende, entre outras coisas, do que está sendo oferecido e além do mais mudanças profundas não se realizam no curto prazo. Mas, evidentemente, tem que se começar um processo de depuração na política brasileira e temos mais uma oportunidade à vista, talvez nenhuma tão rica como esta.

Dando um passeio pelos pré-candidatos postos pode-se observar a seguinte configuração. Existe um conjunto de candidatos que entram na disputa apenas para marcar posição, adquirir visibilidade para futuras eleições. No lote de (pré) candidaturas pode-se observar um candidato que já foi ao 2º turno em eleição passada e foi derrotado, dois pré-candidatos que já concorreram em eleições anteriores mas não chegaram ao 2º turno. Tem-se ainda um postulante que, embora do corpo político, ainda não foi testado em uma eleição majoritária, uma grande incógnita portanto. E ainda, talvez a questão mais central, um pleiteante que não se sabe ainda se vai poder concorrer ou não. Tem-se, assim, um quadro bastante indefinido e incerto que, ao que tudo indica só será definido (ou não) às portas da eleição. A respeito desse último, vale observar, para quem gosta de números, entendendo que esses podem dizer algo, que o PT, o 13, esteve 13 anos, 13 semanas e praticamente 13 dias no poder federal. Não sei se isso quer dizer alguma coisa, significa algo ou não. Não tenho competência para exarar qualquer posição a respeito, se isso pode ter algum significado ou não, mas é intrigante. Quem sabe mais uma bruma no nevoeiro existente.

José Antonio Pinho é professor titular da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia.