Capital humano é o diferencial em tempos de dificuldades

Lição de desenvolvimento vem da Alemanha, que apostou nos profissionais das pequenas e médias empresas para atravessar crise global

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  • Thais Borges

Publicado em 9 de novembro de 2016 às 17:29

- Atualizado há um ano

Se teve um país europeu que conseguiu atravessar a crise financeira global sem sofrer tanto quanto os vizinhos foi a Alemanha. Mas o que nem todo mundo sabe é que um dos grandes trunfos dos alemães foi justamente o esquadrão de Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que correspondem a 99% das companhias do país. E, entre as PMEs, há outra possível razão para o bom desempenho diante da crise: o capital humano que existe nesses empreendimentos. Markus Will ressaltou crescimento orgânico de empresas alemãs (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Quem diz isso é o diretor do Escritório Brasileiro de Projetos do Instituto Fraunhofer IPK, Markus Will, palestrante do Fórum Agenda Bahia. Referência no mundo no campo da pesquisa aplicada e da inovação, o Instituto Fraunhofer tem 67 unidades somente na Alemanha, além de estar presente em países como o Brasil. Por aqui, eles têm uma parceria com a Universidade Federal da Bahia.

A maior parte dos trabalhadores alemães está empregada nas PMEs de lá - o percentual chega a 60% do total. São essas as empresas que, na avaliação dele, mais vêm crescendo de forma constante - o que Will chamou de “crescimento orgânico”.

“As empresas precisam de estruturas físicas, mas também precisam dos recursos intangíveis, como o capital humano, que é a equipe e as habilidades. Mas isso não significa só o conhecimento técnico dos funcionários, como também a atitude e a motivação das pessoas na empresa para produzir”, afirmou Will, durante sua conferência no seminário do Fórum Agenda Bahia de ontem, no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).

Outro ponto foi o que ele chamou de “capital de relações” - que indica não apenas os relacionamentos que a empresa estabelece com os diferentes atores, mas também a força e a confiabilidade de cada uma dessas relações.

Uma pesquisa com mil PMEs alemãs indicou que o impacto dos recursos intangíveis é muito alto para as empresas. As PMEs que participaram pediram que seus funcionários respondessem o que acreditavam que influenciava o sucesso dos negócios e qual era o impacto da motivação e de aspectos de estrutura física no negócio.

Por isso, as PMEs da Alemanha conseguiram alcançar um estágio invejável: atualmente, 1,3 mil das companhias desses dois portes são líderes, no marcado, em seus respectivos ramos de atuação. “Não podemos esquecer, a partir dessas PMEs, que sempre haverá espaço para produtos reais, mesmo quando tudo caminha para o virtual”, afirmou Will.

No caso das empresas de médio porte, como o mercado interno não tinha tanta demanda devido à crise, a saída foi investir na exportação. “Eles começaram a refletir e concluíram: ‘vamos ser mais agressivos e expandir nosso negócio’”.

Além disso, mesmo durante a crise, a maior parte dessas empresas - 54% - não deixou de investir em inovação. Esse índice é maior do que a média do resto dos países da União Europeia. “E foi uma decisão deles, a partir de uma visão de longo prazo”.

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