Carga pesada, crise e frio

Por Donaldson Gomes

  • D
  • Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2017 às 08:55

- Atualizado há um ano

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Uma das faces da crise que a indústria baiana luta para superar pode ser percebida na situação da indústria de bebidas. Apesar do mercado promissor – com um intenso calendário festivo e água, matéria-prima fundamental, em abundância – a atividade está produzindo menos. Em junho, a indústria de bebidas registrou perda de 9,9% na produção. No primeiro semestre, a redução foi de 8,6% e em doze meses o volume de produção foi 8% menor. As explicações para o recuo em um setor que há até pouco tempo atraia tantos investimentos vão desde o aumento recente na carga tributária de alguns produtos até uma retração no consumo por conta da crise na economia, passando ainda por causas mais circunstanciais, como o frio. Isso mesmo, a temperatura mais baixa das últimas semanas teria impactado negativamente a produção, uma vez que o carro chefe da indústria de bebidas baiana, a cerveja, é bastante associada ao calor.

Resultado geral  No geral, a indústria baiana enfrentou uma retração de 7,4% no semestre, encolhendo 10,9% em junho, e a tendência é de que o cenário negativo se confirme no ano. Para o economista Luiz Mário Vieira, analista técnico e coordenador de Acompanhamento Conjuntural da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), não há sinais de que atividades que são carros chefes da indústria no estado venham a se recuperar expressivamente até dezembro, a ponto de reverter o quadro negativo. “Temos uma indústria muito concentrada em atividades que dependem do desempenho de outras indústrias para irem bem”, explica. Caso das atividades de refino e petroquímica, entre outras. “Pode haver algum alento, mas não espero um desempenho exuberante”, afirma.  Enfim, uma luz O processo está sendo bem mais devagar do que o mercado energético baiano gostaria, mas gargalos importantes para a atividade estão sendo superados. O primeiro sinal positivo recente foi o encaminhamento do distrato no contrato do governo com a espanhola Abengoa, que faliu e deixou inacabados importantes linhões de transmissão para conectar o estado. E agora, na última semana, o Ministério de Minas e Energia publicou diretrizes para a realização de dois leilões, o A4 e o A6, que incluem lotes para energias renováveis, ainda este ano. A incerteza em relação aos processos estava causando preocupação. 

Movimentação. O Terminal de Contêineres (Tecon) do Porto de Salvador alcançou um incremento de 14% nas operações de importação no primeiro semestre do ano. Os destaques ficaram por conta dos contêineres com equipamentos de energia solar, com alta de 121% e químicos e petroquímicos (+11%). A  China liderou os envios, seguida dos  Estados Unidos, México  e Alemanha. Nas exportações, o maior crescimento foi na movimentação de frutas, com alta de 58% - mais da metade foi de uva e manga do Vale do São Francisco, com destino aos EUA e Europa. No período, a exportação de manga e uva atingiu crescimento recorde de 112%.