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Clara Albuquerque
Publicado em 20 de março de 2018 às 05:10
- Atualizado há um ano
Mundo afora, laterais marcam o atacante cheio de energia do time adversário, saem em velocidade, voltam pra marcar, aceleram no apoio ao ataque, acompanham o ala rival, correm com a bola, vão e vêm, disparam e voltam. É uma posição que exige preparo físico, fôlego e velocidade. Uma função para jovens, talvez? Pode ser, mas não necessariamente. No Brasil, isso é um trabalho para o jogador mais velho do grupo e para outro que, em breve, entrará na casa dos 30! Isso mesmo, quando a Copa do Mundo começar, Tite terá dois trintões nas laterais da Seleção Brasileira.
Começando pelo mais velho, que no Mundial já terá completado 35 anos, Daniel Alves é titular absoluto do time. Homem de confiança do técnico na Rússia, ele merece a vaga, ainda que tenha tido momentos ruins na temporada. Em especial, na partida diante do Real Madrid que desclassificou o PSG da Liga dos Campeões (e que o mundo todo estava assistindo) quando a revista France Football chegou a questionar se sua contratação tinha sido um erro. Experiente, de personalidade forte e com um preparo físico admirável, Daniel domina a posição há anos, e tem números excepcionais na temporada (ainda que no fraco Campeonato Francês): são cinco gols e oito assistências. Ainda conta a favor do baiano o fato de não termos um herdeiro pra posição nem perto de substituí-lo. Danilo? Fagner? Nenhum dos dois é unanimidade. Uma das dúvidas de Tite pra Copa, inclusive.
Do outro lado, o cenário é parecido. Confirmado na Copa, Marcelo é o titular absoluto e merecido. Há 10 anos no Real Madrid, o jogador de 29 anos (faz 30 em maio) parece cada vez melhor. Evoluiu na parte defensiva (ainda que não seja sua marca) e se tornou altamente decisivo e necessário no apoio ao ataque. É quase um meia pela esquerda, e que exerce um papel muito mais amplo durante a partida do que o de outros laterais. Os números na temporada: três gols e sete assistências.
Na reserva de Marcelo, assim como na direita, existe uma grande dúvida, talvez a maior na cabeça de Tite. Alex Sandro ou Filipe Luís? Ainda que o jogador do Atlético de Madrid tenha se lesionado, o tempo de recuperação indica que ele estará de volta pra última rodada do Espanhol e chegaria, ao menos clinicamente, 100% para a Copa. São características diferentes e é fundamental saber se Tite quer um jogador mais parecido com Marcelo, que seria Alex Sandro, ou uma opção de lateral diferente, mais defensiva, que seria Filipe Luís.
Agora, a questão é: ao convocar Filipe Luís para os amistosos diante da Rússia e da Alemanha, Tite havia decidido por ele ou fazia um último teste? Sem entrar em campo, ele perde espaço pro lateral da Juventus, que o substituiu na convocação e continuará sendo observado nos próximos dois meses? Ou, completamente recuperado, ele é o dono da vaga? A sensação é que, neste momento, Tite não tem as respostas e, até a lista final, viverá uma situação parecida com a dos próprios laterais em campo: vai com Alex Sandro e vem com Filipe Luís. Dispara com a decisão pro lado de um e logo depois volta pra recompor com o nome do outro. Decide com um gol e ‘desdecide’ com um corte. Avança e recua. Vai e vem.
Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa