César Romero: Moldando o desejo

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  • Cesar Romero

Publicado em 21 de maio de 2017 às 17:04

- Atualizado há um ano

No primeiro pavimento do Palacete das Artes, na Rua da Graça, acontece a  mostra solo de esculturas em cerâmica de Elisabeth Coutinho, até o dia 4 de julho. A expo é nomeada Formas e Sentimentos, com 40 peças explorando o tema cabeças. A curadoria é de Nanci Novais, artista plástica, professora e diretora da Escola de Belas Artes da Ufba.

O encontro de Elisabeth Coutinho com o barro se deu aos  14 anos no vestibular que fez para a Escola de Bela Artes da Universidade Federal da Bahia. Não deu sequência à técnica. O tempo passou com  ela trabalhando em desenhos e pinturas, mas acesa a aspiração de regresso à argila. Agora, em sua maturidade, retorna o desejo represado e cria formas que são representações expressionistas de cabeças. Um querer retomado que se cumpre com grande desenvoltura em sua maturidade. Nas cabeças, ela foca de maneira coerente uma grande quantidade de formas, que mesmo reduzida a um pedaço do corpo humano mostra-se criativa, versátil e diversa. Seja nas cores que vêm dos diferentes tipos de argila, seja em pátinas vitrificadas. As formas são de puro mistério e nos dá a possibilidade de pensar em guerreiros medievais, ex-votos, pessoas anônimas, influências africanas, europeias e brasileiras.

Na cabeça identificamos os órgãos dos sentidos através de estímulos que nos chegam ao cérebro e assim alheiamento, austeridade, contentamento, romantismo, dor, afeto, surpresa, nostalgia, espanto, conformidade, uma sucessão de sentimentos sutis, diferenciam estas cabeças. Uma característica das esculturas de Elisabeth Coutinho é que em muitas aparecem um nariz curvo, aquilino, saído da testa indo até a boca, causando um elemento surpresa muito bem posto.  Boca e lábios proeminentes, olhos afundados. Estas características formam sua linguagem.

Elisabeth Coutinho constrói histórias para que valha a pena a aventura humana. Na tradição, no transitar de ideias, ela organiza o caos, movida pela necessidade interna de expressar sentimentos e fatos decorrentes de sua época. Materializar uma realidade - a produção carrega um longo processo de aprendizagem, experimentações, persistência e foco. Um trabalho incansável no credo e obstinação. Na labuta diuturna e no poder do sonho. O sonho e a ação são motores da realidade.

O engenho na captura de estranhamentos, marcados no mundo real, é que determina o poder da criação. O destino do artista sempre será a ocorrência, e as pontes de acesso entre pessoalidade e o pluralismo contemporâneo. Reproduzir a natureza não é matéria para um artista criador, mas transfigurá-la nas suas mais amplas possibilidades.