Chegou a vez do interior?

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  • Elton Serra

Publicado em 13 de agosto de 2017 às 03:35

- Atualizado há um ano

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Quando o experiente árbitro paulista Marcelo Aparecido de Souza apitar o fim do jogo na Arena das Dunas, a expectativa é que tenhamos o primeiro acesso de um clube baiano, exceto a dupla Ba-Vi, no Campeonato Brasileiro. A Desportiva Juazeirense, que encara o América de Natal na partida decisiva da Série D, carrega a esperança de milhares de torcedores do futebol da Bahia. Se nada der errado, isto acontecerá no final da tarde de hoje.

É claro que a Juazeirense não é o time mais tradicional do interior baiano. Sua média de público na Série D é de 879 pagantes por partida. Nos seis jogos da equipe como mandante, um total de 5.275 ingressos foram vendidos nas bilheterias do Adauto Moraes. Porém, um acesso pode transformar não só a história do clube, mas também o cenário do futebol em nosso estado, que durante muitos e muitos anos é mero coadjuvante em nível nacional.

O Cancão de Fogo possui apenas 11 anos de fundação. É um tempo muito curto para criar laços de afetividade e ser abraçado por uma legião de fãs. Com o ostracismo do Juazeiro Social Clube, a Desportiva Juazeirense pode começar a ganhar espaço dentro da própria cidade, assim como aconteceu com o Vitória da Conquista, no Sudoeste baiano. Estar na Série C é garantir um calendário mais extenso e com adversários de maior apelo, além de gerar receitas que podem qualificar a equipe e, consequentemente, elevar o nível técnico. Uma bola de neve que atinge os outros times do interior, que precisarão evoluir para não se distanciar de um rival que deve conseguir, enfim, ultrapassar divisas e ganhar o Brasil.

Um possível acesso, que bom, já mexe com a gestão da Juazeirense. Seu presidente, Roberto Carlos, prometeu entregar um centro de treinamentos para o time em 2018 – algo essencial para quem quer manter um trabalho perene ao longo de uma temporada. O investimento em patrimônio faz com que o clube construa uma base sólida, capaz de sustentá-lo nos momentos mais difíceis, além de se tornar um diferencial competitivo na hora de buscar o sucesso. Exemplos de equipes como São Caetano, Grêmio Barueri, Ipatinga e Boa Esporte, que já figuraram na primeira divisão nacional, mostram que é possível elevar o patamar de exigência quando se investe em boas gestões, mesmo que os quatro não estejam em evidência atualmente.

No aspecto esportivo, o jogo na Arena das Dunas não será fácil. Gramado bom, pressão da torcida e o peso da camisa do América são fatores que ainda deixam o confronto em aberto. O trunfo da Juazeirense é a vantagem de perder por até dois gols de diferença e possibilidade de liquidar a partida nos contra-ataques, já que os donos da casa terão que adotar uma postura mais ofensiva. Como marcou pelo menos um gol em todos os jogos como visitantes, não custa nada sonhar acordado.

A torcida é para que a Juazeirense consiga segurar o tradicional América de Natal e chegar à Série C. Mesmo sem uma torcida apaixonada e uma estrutura invejável, será cobrada por se tornar, na prática, a terceira força do futebol da Bahia. Já merece ser aplaudida de pé, pois sua campanha na quarta divisão superou todas as expectativas. Porém, com uma vantagem de 3x0, é impossível não acreditar que o Cancão de Fogo será um dos quatro melhores da competição. Um ponto de partida para uma transformação no esporte praticado no estado. Assim espero.

Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.