Cinco casas em área de desabamento em Pituaçu são demolidas; veja

Construções são vizinhas a imóvel que ruiu matando 4 pessoas da mesma família

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  • Da Redação

Publicado em 14 de março de 2018 às 11:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Cinco casas que ficam em uma via atrás da Rua Alto do São João, dentro do Parque de Pituaçu, foram demolidas na manhã desta quarta-feira (14). Os imóveis ficam na mesma região onde um imóvel de quatro pavimentos desabou na manhã desta terça-feira (13), matando quatro pessoas da mesma família.

Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), as casas, incluindo a que desabou, ocupa uma área pública situada na margem da área de proteção do Parque de Pituaçu - o que faz do local uma invasão.

Um sexto imóvel havia sido demolido nesta terça para facilitar o resgate das vítimas. Mais duas casas de alvenaria serão demolidas nos próximos dias. No total, nove famílias da região foram notificadas desde o desabamento para deixar casas vizinhas, em risco.

Das cinco famílias que terão as casas demolidas nesta quarta, apenas três receberam a notificação, duas delas não estavam no momento em que equipes da Defesa Civil de Salvador (Codesal) e da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps) estiveram no local para dar apoio aos moradores.

Mas, de acordo com os órgãos, o procedimento é necessário por questões de segurança e as famílias vão receber um auxílio moradia por tempo indeterminado. O valor é de R$ 300. Duas famílias, incluindo a que perdeu os quatro membros, vão receber o auxílio emergência no valor de três salários mínimos. O auxílio é destinado para quem teve perda material.  

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Encaminhamento Juliana Portela, diretora de Proteção Social Especial da Semps, explica que as famílias que não foram notificadas, assim como as outras que receberam o aviso de saída da prefeitura, precisam procurar o órgão para receber o auxílio em no máximo uma semana.

"Nós estivemos aqui oferecendo apoio, oferecendo carro para transportar os móveis, abrigo, mas todas disseram que já tinham lugar para dormir. O próximo passo é encaminhá-las para o órgão para que possam receber o auxílio", explica.

A ajuda de custo será prestada pela prefeitura por tempo indeterminado, até que elas possam ser contempladas com algum programa de habitação do município. 

Incerteza A ambulante Manuela Conceição, 36, recebeu uma das notificações da Codesal. Sua casa é uma das sete que ficam na rua atrás de onde aconteceu o desabamento. Nos próximos dias, a residência de alvenaria será demolida e Manuela, conta, não sabe o que fazer se tiver que sair da localidade. "É difícil. Não consigo nem explicar, faltam palavras. A gente está perto da família, de amigos, e, infelizmente, precisamos ir pra outro local. Todo o dinheiro do meu marido está aqui nessa casa, custou levantar", lamenta a ambulante.Pedido Nesta quarta, a Codesal interditou mais um imóvel na comunidade, a pedido da moradora Alda Maria de Jesus, 51, que é doméstica. Ao ver os engenheiros do órgão, Alda solicitou uma visita dos profissinais. A casa, que fica a poucos metros do local do desabamento, foi construída de forma irregular por ela e pelo marido, sem ajuda de um pedreiro.

"A gente não tem pra onde ir. Infelizmente temos que morar assim. Quando chove, alaga tudo. Tem até um quarto que não está sendo mais usado porque já não tem condições de entrar", contou a moradora que foi cadastrada para receber auxílio moradia, além de ter assegurado todo suporte da Prefeitura para a mudança dos móveis."Esse é o procedimento correto: quando há situação de risco estrutural, a população precisa acionar a Defesa Civil através do telefone 199. A Prefeitura, através de seus diversos órgãos, vai dar todo o suporte e segurança necessárias a essas famílias", afirmou o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macedo. De acordo com ele, a região onde aconteceu a tragédia não é considerada de risco. Isso porque para ser assim considerada, a localidade precisa ter históricos de alagamento e deslizamentos. "É preciso ter elementos que gerem esses riscos. Não é o caso daqui", concluiu.

A assessoria de comunicação da Codesal informou que, mesmo com o episódio do desabamento, a área fica fora do mapa de risco. "O que ocasionou a tragédia foi a irregularidade do imóvel que foi construído sem nenhum conhecimento técnico", destacou a assessoria.

Além da Codesal e da equipe da Sedur, que promove a demolição das estruturas, a Limpurb também está na área para realizar toda a limpeza e retirada dos entulhos - até o final da tarde desta terça foram mais de 20 toneladas de material recolhidas. A previsão é que todas as cinco estruturas sejam demolidas hoje.