Com elenco novo, The Crown volta para mais uma boa temporada

Rainha Elisabeth, até então vivida por Claire Foy, agora é interpretada por Olivia Colman

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  • Carol Neves

Publicado em 17 de novembro de 2019 às 06:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Mudanças de elenco sempre provocam certa ansiedade e os fãs de The Crown vão poder acompanhar a partir deste domingo (17) o resultado da transição feita na série. Depois de duas temporadas de sucesso com Claire Foy dando vida à Rainha Elisabeth, o papel agora é da talentosa Olivia Colman. Os dez episódios já estão disponíveis na Netflix.

Já na primeira cena dessa nova leva de episódios, a série trata do assunto da passagem de tempo. Agora na meia idade, a rainha está aprovando um novo selo que trará sua imagem. Colman está de costas e vemos inicialmente a primeira versão, com o rosto jovem vivido por Foy. “Muitas mudanças. Mas aqui estamos. A idade raramente é gentil com alguém. Não há o que fazer. Temos que seguir”, diz a rainha, entrando em foco nessa nova versão.

O novo elenco inclui ainda Tobias Menzies como o Príncipe Philip, Helena Bonham Carter como a Princesa Margaret e Josh O’Connor como Charles. A produtora Suzanne Mackie diz em entrevista que a mudança sempre esteve nos planos. "Sempre soubemos que íamos mudar o elenco... Inevitalmente, criou alguma trepidação em nós, particularmente porque Claire e Matt trabalharam de maneira tão brilhante, mas a decisão foi tomada cedo e nunca houve um momento em que pensamos 'podemos ficar com esse elenco e envelhecê-los", diz.

Ela conta que Colman foi convidada ainda na gravação da segunda temporada. "E acho que levou cinco minutos no set, assistindo o que ela está fazendo para perceber que tomamos a decisão certa em seguir em frente com um novo elenco porque ela agora nos leva de uma maneira linda pelos anos de meia idade. Assim como Tobius como Philip e Josh...", elogia. Segundo a produtora, os planos são de chegar até a sexta temporada. "Se fizermos as temporadas cinco e seis, e queremos fazer, então teríamos três famílias, três elencos, três etapas da existência daquela família".

Para a terceira temporada, o criador Peter Morgan escolheu focar nos anos de 1964 até 1977. Um novo primeiro-ministro, com tendência socialista, chega ao poder. O Reino Unido vive um momento difícil economicamente e vê a possibilidade de ter que desvalorizar a libra se tornar real. Margareth é vivida por Helena Bonham Carter (Foto: Divulgação) Cada episódio continua bastante fechado em si mesmo, contando um episódio da família real que se encerra ali, sem uma storyline central tão clara. É uma temporada mais quieta, menos empolgante. As crises estão menores e menos frequentes. A demora da rainha para reagir a uma tragédia em uma mina de carvão no País de Gales que matou centenas de crianças traz o episódio mais emocional da temporada, com Elisabeth admitindo sua dificuldade em demonstrar sentimentos – e com direito a uma atuação brilhante de Colman na última cena.

Vemos a geração mais velha da família real lidando com suas frustrações e a sensação pesada de que aquilo será a vida deles para sempre, ao mesmo tempo que do outro lado temos os príncipes Charles e Anne, ainda adolescentes, só no começo de entender o que será exigido deles.

As relações familiares continuam tendo peso forte. Um dos episódios iniciais mostra o relacionamento difícil e repleto de ressentimento, de ambas as partes, entre a rainha e a irmã, Margaret. Mais à frente, Charles vai ter que enfrentar a rejeição da família à sua namorada, Camilla. Os conflitos podem parecer repetidos, ainda que com roupagem diferente, e a série nunca responde à pergunta do milhão: vale a pena o peso da coroa? As benesses compensam as dificuldades? Mas para quem gosta do tema, o fascínio ainda não se esgotou.

E temos alguns momentos novos. A mãe de Phillip, princesa Alice de Battenberg, ressurge em um episódio interessante. Convertida à Igreja Ortodoxa Grega e agora freira, ela é retirada às pressas do país quando um golpe militar derruba a monarquia grega em 1967, quando ela comandava um convento em Atenas. No Palácio de Buckinghanm, vive um estranhamento com tudo, já que é praticamente uma desconhedica para o próprio filho.

Substituir Foy não seria uma tarefa fácil, já que ela conseguiu dar uma humanidade bastante real a uma personagem até certo ponnto enigmática. Mas Colman está bem demais e embora siga seu próprio caminho na interpretação muitas vezes é possível enxergar uma versão mais envelhecida da rainha de Foy.

Menzies está ótimo como uma versão mais silenciosa do rei Philip, em contraponto à versão jovem e extravagante de Matt Smith. Helena Bonham Carter tem menos a fazer, mas também não decepciona, dando sequência à personagem que mistura um lado triste e sôfrego com uma intensa de viver. Margaret é uma das preferidas dos fãs e assim deve continuar.

Além de bem atuada, série continua dirigida impecavelmente e bem produzida. É uma época de transição na história da realeza e também para o seriado, e The Crown consegue fazer bem essa passagem.