Com mudança para o PSG, chegou a hora de Neymar liderar

Ivan Dias Marques é subeditor e escreve às quartas-feiras

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 4 de agosto de 2017 às 05:20

- Atualizado há um ano

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Neymar é, finalmente, do PSG. Uma escolha pessoal, portanto, que não deve ser julgada. O que se pode compreender, no entanto, é tudo que se passou e se passa no entorno da negociação. Me parece que a birra do torcedor do Barcelona é puramente ególatra. Nos últimos anos, com tantos títulos e tanta ode ao futebol daquele que é ‘mais que um clube’, o torcedor culé sentia como se todos quisessem vestir a camisa blaugrana. Ver um jogador deixar o clube por uma escolha pessoal é ferir esse orgulho. Um orgulho, que devemos pontuar, ainda conta com o histórico de luta da Catalunha pela separação da Espanha. O dinheiro, claro, é importante. Mas os petroeuros dos xeiques do PSG já não haviam comovido Neymar em outras temporadas. O que mudou? Talvez a quase eliminação do Barcelona para o próprio clube francês tenha alertado o brasileiro de que a aura de imbatível que fez com que ele sonhasse em defender o Barça, como ele mesmo confessou, saísse do plano emocional para o racional.Neymar talvez tenha percebido que o PSG não fez história por culpa dele - que jogou uma barbaridade naquele 6x1 - e que poderia fazer uma história maior ainda, desta vez, com ele.E, talvez, ele não estivesse mais com paciência - e motivação - de seguir como coadjuvante de Messi. Era hora de liderar, palavra usada pelo presidente do PSG no anúncio oficial. Se ele fará com que o clube francês suba de patamar é uma questão que só poderá ser respondida em alguns anos. Ninguém nasce grande e o exemplo disso é que o Barcelona levantou 14 de seus 24 troféus do Campeonato Espanhol após 1990 (foi fundado em 1899). E suas cinco Ligas dos Campeões também vieram após a década de 90 do século passado.Os livros da história do futebol seguem cheios de páginas em branco. E, agora, Neymar tem a caneta para escrever um pedaço dele com as próprias mãos. E nós teremos a oportunidade, ainda bem, de ver isso acontecer.Outro lado  O outro lado dessa negociação é o furo de reportagem dado pelo jornalista Marcelo Bechler, do Esporte Interativo. Xingado e demonizado nas redes sociais, acabou sofrendo muito por conta de um ‘monstro’ criado por parte da própria imprensa.A busca pela notícia a qualquer preço, o sensacionalismo e o jornalismo malfeitos, que não se assegura das informações e tem sede de ‘causar’ prega peças. É o ‘caça-clique’, as comparações esdrúxulas (Real Madrid x Palmeiras, por exemplo) e transformação da função de informar num coeficiente que mistura acessos e leituras como se fossem retratos de qualidade.Some-se a isso as redes sociais e sua condição quase ígnea e está feita a combustão. O problema é que essa fúria encontra caminho na falta de educação, na ausência de valores e pode descambar para a agressão física. O jornalista aumentou sua exposição e agora opina o tempo todo, informa (ou desinforma) mais e, claro, recebe o feedback também. Sua opinião pessoal pode ser interpretada como verdade universal, o que contribui para a criação de falsos heróis e vilões, que, simplesmente, não existem.