Comércio abre no Subúrbio e fecha na Avenida Sete

Movimento foi fraco na manhã desta sexta-feira (28); cidade estava em clima de feriado.

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  • Carol Aquino

Publicado em 28 de abril de 2017 às 15:02

- Atualizado há um ano

Apesar do dia de manifestações em Salvador, no Subúrbio Ferroviário a maior parte do comércio estava aberta na manhã desta sexta-feira (28). Mesmo sem ônibus e trem, os comerciários não deixaram de ir ao trabalho. Porém, a reclamação do movimento fraco era geral. O assistente técnico de uma relojoaria em Paripe, Marival de Jesus, 28, se queixava da falta do que fazer. “Tá todo mundo na porta das lojas, olhando os carros passarem”, disse. As expectativas dos comerciantes foram frustradas, já que sexta e sábados são os dias de maior fluxo do comércio local. Ali perto, os mototaxistas estavam “mofando” no ponto à espera de passageiros. Quem pensava que a demanda ia crescer por causa da falta de ônibus, se enganou. Por volta das dez horas da manhã, Augusto Albuquerque, fazia a segunda corrida do dia. “O buzu ajuda no movimento da rua. A pessoa perde o coletivo e pega uma moto para adiantar o lado”, explicou. Nos pontos de ônibus ao longo da Avenida Afrânio Peixoto, a Suburbana, pouca gente se arriscava a esperar por uma van fretada pelo patrão ou por transporte clandestino, que estava cobrando o mesmo preço do transporte coletivo. Em outros só tinham mesmo mototaxistas esperando passageiros. “Estou aqui há duas horas e meia esperando a van da empresa, que até agora não passou”, disse a operadora de telemarketing Tatiane Santos, 31 anos. Apesar do transtorno que lhe causou o dia de paralisação, ela apoia a greve geral dos trabalhadores. “Eu só não fui para a manifestação porque não tinha transporte. Acho a greve justa por causa nas mudanças trabalhistas, como dividir as férias em três vezes e de ter jornada de doze horas”, explicou.O vigilante Edmilson Campos, 35, sofria para voltar para casa, na Lagoa da Paixão. Ele saiu de casa para comprar uma panela de pressão e uma garrafa térmica. “Hoje tá terrível. Tô esperando o alternativo, mas até agora nada”, contou. Hospitais e demais unidades de saúde estão funcionando normalmente na região, bem como delegacias de polícia. Tudo fechadoA mais tradicional rua de comércio popular da cidade, a Avenida Sete de Setembro, amanheceu com a maioria das suas lojas fechadas. Por volta das 7h da manhã, um grupo de manifestantes ligados à Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), bloqueou a pista com a ajuda de um carro de som. A maioria dos manifestantes, cerca de 100, eram ligados a sindicatos ou a partidos políticos. O grupo liberou a via por volta do meio-dia, quando saiu em caminhada em direção à Praça Castro Alves e se dispersaram. 

[[galeria]]O presidente do Sindicato dos Comerciários de Salvador, Jaelson Dourado, viu à adesão ao protesto como satisfatória. “O comércio de Salvador está fechado. Os comerciantes entenderam a importância de tentar barrar esse pacote de maldades do governo Temer”, disse, referindo-se às Reformas Trabalhista e da Presidência. Porém, outros comerciantes da região do Campo Grande, disseram que a adesão à greve não foi necessariamente voluntária. O permissionário de uma casa lotérica, Albérico Marques, 61, revelou que as lojas chegaram a abrir, mas foram fechadas por causa de pressão dos participantes do protesto. “Os trabalhadores vieram, mas eles [os manifestantes] é que não deixaram os funcionários trabalhar”. Sua loteria estava aberta por determinação da Caixa Econômica Federal, mas com pouco movimento. Não havia filas, o que é raro para um estabelecimento deste tipo localizado em uma área central da capital baiana.Perto dali, o empresário Ubiratan Santos, 42 anos, abriu a sua loja de roupas e estava trabalhando junto com o irmão. Apesar de seu estabelecimento estar aberto, ele liberou os seus funcionários. “A gente tem que olhar o lado dos trabalhadores. Essas reformas vão mexer nas férias, na previdência e vão prejudicar eles”, falou. O movimento fraco foi sentido no bolso por Ubiratan. Inicialmente com a intenção de deixar a loja aberta o dia todo, ele decidiu encerrar o expediente ao meio-dia. “Numa sexta-feira normal a gente já teria vendido uns R$ 1.500. Até agora só vendemos R$ 420”, calculou.