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Por Giuliana Mancini (interina)
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2017 às 07:25
- Atualizado há um ano
Estados Unidos, Polônia, Alemanha e França estão entre os países pelos quais, só em 2017, passaram obras de Paulo Costa Lima. O compositor baiano, da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, está feliz com o resultado. “Registro tudo isso com carinho. São músicos que decidem levar minhas peças por aí. Não predomina a lógica de um produto cultural sendo ‘vendido’ ou ‘patrocinado’”, diz.
Ele lembra que começou a se interessar pela área logo na infância e, aos 14 anos, já aprendia a tocar piano e violoncelo. Não demorou muito e também começou a criar. “Quero que mais pessoas ouçam o que já fiz. E creio que ainda vou aprontar outras tantas por aí”, garante. Paulo Costa Lima: "Quero que mais pessoas ouçam o que já fiz" (Foto: Divulgação) Várias obras suas estão sendo tocadas ao redor do mundo. Para você, o que representa isso?
Em 2017 tive obras tocadas nos Estados Unidos, Polônia, Alemanha, França e Chile. No Brasil circularam por Santos, Campinas, Ouro Branco (MG), Natal, Rio de Janeiro, Salvador e mais outras 30 cidades, através do Sonora Brasil com o Quinteto de Metais da UFBA. Já são cerca de 50 vídeos no YouTube (gravados e postados em diferentes lugares do mundo), com mais de 60.000 acessos – cifra interessante para a música contemporânea. No catálogo, são 500 performances das minhas obras, cerca de 150 internacionais. Registro tudo isso com carinho. São músicos que decidem levar minhas peças por aí. Não predomina a lógica de um produto cultural sendo 'vendido' ou 'patrocinado'. Ao invés do ‘mercado’, um microcosmos de artistas e de circuitos culturais. Resistência, acredito.
Uma das suas peças, Cauíza, foi executada em uma turnê pela Alemanha, com o Grupo de Percussão da Universidade de Munster-Düsseldorf e sob a regência do maestro Stephan Froleyks. Como eles chegaram até você?
O jornal da cidade de Kempen (vizinhança de Düsseldorf) publicou uma crítica sobre essa estreia com o título “perfeição e virtuosidade”. De forma específica, disse que era uma obra bem brasileira, colorida e cheia de diversidade, e que foi recebida com júbilo pelos ouvintes. Uma plateia alemã em júbilo com a música contemporânea brasileira me parece uma imagem forte. De fato, a palavra Cauíza tem a ver com um chamamento de força. A cultura cabocla tem tudo a ver com a música contemporânea brasileira. O maestro Stephan Froleyks conheceu minha música no Festival Música Nova, em 2016, na cidade Ribeirão Preto. Depois disso veio a encomenda do Conselho Musical da cidade de Düsseldorf.
Como começou o seu interesse pela música? Sempre soube que queria seguir essa carreira? Quais são seus novos projetos?
Começou cedo, cheguei a imitar Elza Soares com a voz rouca no primeiro ano do primário. Incrivelmente, já sabia sambar. Aprendi com Tutu, do Engenho Velho de Brotas. Aos 11 anos – Jovem Guarda e Beatles. Aprendi violão. Depois veio a Bossa Nova, os acordes ficaram mais difíceis. E depois veio J. S. Bach. Entrei para os Seminários de Música aos 14 anos, em 1969, para aprender piano e violoncelo, fui mordido pela composição, pela incrível atmosfera de criação que lá reinava, onde tudo parecia possível, inclusive se tornar criador/pensador de músicas... Já criei tudo que queria, não vou fazer mais nada... Brincadeira! Quero que mais pessoas ouçam o que já fiz. E creio que ainda vou aprontar outras tantas por aí... O que será, não digo, talvez por que não saiba, o espírito sopra onde quer... (risos).