Conheça os tatuadores que ganham dinheiro com tatuagens mal feitas

Adeptos da trash tattoo, Helen Fernandes e Arthur Ferreira viajam só para tatuar

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  • Rafaela Fleur

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 14:27

- Atualizado há um ano

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Dentre os tatuadores, eles se consideram os piores. Mas isso tem rendido bons frutos. Com mais de 35 mil seguidores no Instagram (@Malfeitona), a baiana Helen Fernandes, 27, não risca um traço torto por menos de R$ 150. Em novembro, fará sua segunda viagem de trabalho a São Paulo e calcula riscar cerca de 15 tatuagens por mês. Com desenhos imprecisos e falhados, ela trabalha com um estilo que foge dos padrões estéticos comuns: a trash tattoo (lê-se tréxi tatu), que em inglês, significa tatuagem lixo.  Morcego feito por Helen Fernandes (Reprodução: Instagram) Considerada feia por muitos, os próprios tatuadores assumem: ela é malfeita. Mas tem quem goste. Com 11 riscos no corpo, o estudante  de Belas Artes Dante Freire é fã. “Ela é, crua, sem retoques. É arte”, explica o rapaz de 22 anos. Dentre os desenhos em sua pele, um chapéu de bruxa, um ET e um sol, que, segundo ele, parecem feitos por criança. Helen cobra, no mínimo, R$150 por tatuagem (Reprodução: Instagram) Helen ganhou fama no segundo semestre deste ano, após aparecer em reportagens dos site BuzzFeed e G1 Bahia. Com a visibilidade, vieram críticas e até abordagens violentas. “Fiquei muito mal, sofri ameaças de morte. Foi uma época muito complicada”, relata. A versão 'darkzera' da Mônica chamou a atenção de Maurício de Souza (Reprodução: Instagram) Hoje, ela vive de agenda cheia. Dentre as obras da artista, o mascote Dollynho Guaraná de ressaca e a personagem Mônica estilo ‘darkzera’. Essa última foi longe: Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, fez uma versão da menina do vestido vermelho inspirada no desenho e postou na página oficial dele. “Sempre fui fã. Foi uma das coisas mais legais que já me aconteceram”, conta. O famoso Dollynho Guaraná (Reprodução: Instagram) Com mais de 500 tatuagens realizadas, Arthur Ferreira (@porcaflor, no Instagram) acredita que a trash tattoo é muito mais que um estilo. “É um grito de resistência contra a gourmetização e apropriação mercadológica pelas quais a tatuagem vem passando”, analisa ele, que nem sempre cobra pagamento em dinheiro. “Acredito no escambo. Temos que pensar a economia de forma criativa, que gere autonomia e não necessariamente envolva o capital”, finaliza. O artista Arthur Ferreira já fez mais de 500 tatuagens (Reprodução: Instagram)