CORREIO Encontros discute ação do MEC para melhorar alfabetização

Evento com secretário da Educação Básica será nesta sexta; veja como participar

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  • Da Redação

Publicado em 15 de março de 2018 às 02:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

Após três meses da homologação da medida, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ainda gera dúvidas e desconfianças. Apesar da polêmica, pedagogos defendem que a mudança no modelo de ensino básico do país vai trazer benefícios para os alunos, que serão melhor instrumentalizados para as demandas do mercado de trabalho. 

Uma oportunidade para conhecer melhor o BNCC acontece nesta sexta-feira (16), quando ocorre mais uma edição do CORREIO Encontros, que terá como tema Mais Alfabetização. O evento será realizado no Teatro Módulo, na Pituba, às 14h30, e vai contar com a participação do secretário da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Rossieli Soares da Silva, e com a diretora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa, Cybele Amado.

A nova Política Nacional de Educação foi lançada no ano passado para combater os baixos percentuais registrados pela Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), que mede a qualidade da leitura, escrita e Matemática no ensino básico do país. O último estudo, de 2016, revelou que 54,73% dos estudantes acima dos 8 anos - faixa etária de 90% dos avaliados - não possuíam uma boa qualidade de leitura, localizados  entre os níveis 1 e 2. Na Bahia, esse percentual foi de 72%.

No caso da escrita, dos estudantes avaliados, 33,95% apresentam níveis insuficientes. Na Bahia 54% não apresentaram bons resultados. Na Matemática, 54,4% foi o percentual registrado de alunos abaixo do  desempenho desejável. Entre os estudantes baianos, 72% apresentaram índices insuficientes. 

“Quase todos os países desenvolvidos têm sua base curricular comum. Ela vai unificar habilidades que precisam ser desenvolvidas; vai dar um norte. Agora nós vamos ter um documento que fecha isso de maneira mais forte em todo o país”, explica Valter Forastieri, mestre em Comunicação e professor de Pedagogia da Unijorge.

Ele garante que a proposta da Base não descaracteriza o ensino sobre a cultura regional. “As escolas devem mesmo trazer esse ensinamento regional, trazer o contexto. A base não elimina isso, mas ao mesmo tempo ela elege habilidades que são fundamentais no entendimento de cada área”, afirma. De acordo com a proposta, 60% do conteúdo deverá ser orientado pela Base, enquanto o resto é definido pelas próprias escolas. 

Mais Alfabetização O conjunto de medidas introduzidas pela BNCC  traz o eixo Mais Alfabetização, que tem como objetivo a formação continuada de professores e investimento em material didático. A ideia é que os professores de alfabetização recebam a ajuda de auxiliares durante a realização da aula. 

A expectativa do MEC é que a ação atinga 200 mil de turmas em todo o país. "Ele (eixo) é, de fato, importante porque profissionaliza o estudante de licenciatura, dá a ele a oportunidade de vivenciar  a sala de aula. Dá a garantia de maturidade da sala de aula", acredita Carlos Danon, licenciado em ciências sociais e mestre em educação e contemporaneidade. 

O MEC prevê R$ 523 milhões de  investimento nesse eixo, que tem a meta de atingir um total de  4,6 milhões de alunos em todo o país. O programa Mais Alfabetização ainda pretende apoiar o estudante de graduação em mestrado que atua no primeiro e segundo ano do ensino fundamental, além de criar uma residência pedagógica para os futuros professores, com 80 mil vagas a partir do próximo ano.

ServiçoO quê: CORREIO Encontros - Mais Alfabetização Quando: Sexta-feira (16), às 14h30  Onde: No Teatro Módulo, Pituba.  Inscrições: Gratuitas, no e-mail [email protected] ou pelo telefone 71 3203-1480.

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Novo currículo vai antecipar conteúdos Para melhorar a aprendizagem, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)  pretende expor aos alunos disciplinas antes vistas em níveis mais avançados. Já no 1º ano, quando as crianças têm por volta 6 anos, serão  ensinadas noções de Matemática, Álgebra, Geometria, Probabilidade e Estatística. “É importante para desenvolver habilidades, mas não quer dizer que elas tenham que memorizar todos aqueles algoritmos”, diz Valter Forastieri,  mestre em Comunicação e professor de Pedagogia. Já a alfabetização ocorrerá nos dois primeiros  anos do ensino fundamental. Atualmente, a criança aprende a ler e escrever até o fim do 3º ano. 

Para garanitr a implementação da BNCC, o Ministério da Educação disponibilizou R$ 100 milhões para as escolas. Ainda assim, o sucesso da medida vai depender dos esforços individuais dos professores. “Não foi uma educação que ele (professor)  teve na escola quando foi estudante nem na faculdade. Questionar a escola que ele teve e entender essa nova forma vai ser um grande desafio. Ele vai ter que ter uma cabeça muito aberta”, aconselha Valter Forastieri. 

Ele explica que, ao contrário dos mestres, os alunos não devem ter muitas dificuldades para lidar com as mudanças. “Os alunos mais novos vão receber isso de uma forma muito natural. No caso dos mais velhos, eles vão pegar uma época de aprendizado junto com os professores”, diz.

* Estagiário com orientação do editor Flávio Oliveira.