Dane-se a Copa!

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  • Darino Sena

Publicado em 10 de outubro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Adoraria ver Messi na Copa. Se ele fosse búlgaro, checheno, canadense, chinês, sul-africano ou até uruguaio. Mas, sendo argentino, o Pulga que me perdoe, não dá pra torcer por ele. Vibro quando ele brilha no Barça. Aplaudi de pé todas as Bolas de Ouro que ele ganhou. O trio MSN, com Suárez e Neymar, foi o acontecimento que mais me divertiu no futebol em toda vida. Obrigado! O problema não é Léo... É a camisa que ele vestirá hoje.

Imagine, torcedor do Vitória, se Messi jogasse no Bahia. Você torceria pro time dele se classificar em prol de uma Libertadores com mais craques? Aonde! Dane-se a Libertadores e o politicamente correto. Dane-se a Copa!

Não sou organizador do Mundial e também não vou pra Rússia, nem a passeio, nem a trabalho. Se fosse, talvez pensasse diferente. Nada pessoal contra o craque. Mas a rivalidade Brasil x Argentina o precede e transcende qualquer craque.

Algumas de minhas maiores alegrias futebolísticas vêm de desgraças albiceletes em Copas do Mundo. A derrota na final de 1990 pra Alemanha, no bendito pênalti de Voller – chupa, Goycochea! A eliminação pra Romênia nas oitavas de 1994. O “adios” nas quartas pra Holanda, em 1998, com direito a gol antológico de Bergkamp – Ayala tá procurando a bola até agora. A humilhante e precoce despedida em 2002, ainda na primeira fase. E as três últimas eliminações para os alemães: em 2006, nos pênaltis; em 2010, com goleada por 4x0 e Maradona no banco; e em 2014, na final, num dos maiores alívios da minha existência – o de não ter o desprazer de ver los hermanos campeões do mundo em pleno Marcanã. “Danke, Deustschland”!

Gosto do futebol bem jogado. Sempre torço pro sucesso dos craques ou dos melhores times, com duas exceções – quando o pior time em questão é o Bahia ou quando a Argentina está em campo.

Como já escrevi aqui em outras oportunidades, nada contra o povo Argentino. Detesto tango, mas adoro a picanha e os vinhos de lá. Sou fã de Messi e Maradona. Meu ator preferido e quase xará, Ricardo Darin, é argentino. Sou apaixonado pela atriz e cantora Soledad Villami: “Quisiera morir, quisiera… de amor, para que supieras…”. Maravilhosa!  O Segredo dos Seus Olhos e Relatos Selvagens estão na lista dos meus 10 filmes preferidos. O primeiro traz um diálogo com uma verdade definitiva acerca do amor a um clube de futebol: “As pessoas podem mudar tudo: de cara, de casa, de família, namorada, religião, de Deus! Mas há uma coisa que não se pode mudar, Benjamín. Não se pode mudar de paixão”.

É, por isso, Messi, que vou torcer contra você. Terei mais prazer em ver as manchetes dos jornais argentinos lamentando o vexame do que em assistir um gol seu no Mundial. Os protestos, as narrações inconsoláveis. As imagens dos torcedores chorando. O desespero típico que só o argentino sabe exercer... Melhor que torcer contra na Copa, só o inimaginável deleite da derrocada em plenas Eliminatórias. Futebol é paixão, Messi... E rivalidade! Entenda-me e não me perdoe. Bora, Equador... Bora, Chile!

Soletrando Marcelo Sant’Ana assumiu o Bahia pregando modernidade e inovação na gestão. Coerente com o discurso, trouxe técnicos jovens, emergentes, como Sérgio Soares, Doriva e Guto Ferreira. Também apostou em ídolos tricolores, como Charles Fabian e Preto Casagrande. Agora, na reta final do mandato, a 12 rodadas do término do Brasileirão, e apenas um ponto acima da zona, o cartola mudou completamente o perfil do “professor”. Carpegiani, o novo técnico, conquistou seus títulos mais expressivos na função quando o atual presidente nem era nascido. “Planejamento” no tricolor agora se soletra assim: D-E-S-E-S-P-E-R-O. Deus ajude.

Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras.