De olho em Tóquio-2020, Baby fala sobre planos para novo ciclo

Medalhista nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 e Rio-2016, judoca bateu papo com o CORREIO

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  • Vitor Villar

Publicado em 28 de setembro de 2017 às 10:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O judoca Rafael Silva, o Baby, visitou Salvador na segunda-feira (25) para dar aula a 700 crianças que participam de um projeto no Centro Pan-Americano de Judô, em Lauro de Freitas. Medalhista de bronze em Londres-2012 e no Rio-2016, o sul-mato-grossense criado no Paraná ficou em terceiro no último Mundial, disputado na Hungria, no início do mês. O compatriota David Moura foi prata. Nesta entrevista para o CORREIO, ele fala sobre a expectativa para os Jogos de Tóquio e a disputa particular com David Moura por uma vaga:

Aos 30 anos, você vive seu último ciclo olímpico. Já pensa no que fazer depois de parar? Sim, penso em continuar no judô nas escolas. Mas não posso dividir esse foco com o das competições. Vida de atleta demanda foco todo nas provas, planejando ano a ano até chegar à Olimpíada.

Como o judô tem lidado com a queda de patrocínios após o Rio-2016? O ano olímpico foi diferenciado. A gente teve um aporte maior de verba de todas as fontes, governo e empresas. Então em 2017 já era esperada uma redução. Acho que o judô, por ter uma quantidade boa de patrocinadores e muita visibilidade, não está passando pela mesma dificuldade de outras modalidades. A gente está seguindo bem o planejamento, indo a todas as competições. Outros esportes realmente não tiveram a mesma sorte. Mas confio que vai dar tudo certo para 2020. Muito do investimento feito para 2016 vai continuar trazendo frutos. Temos muitos aparelhos agora espalhados pelo país.

Um destes aparelhos é este Centro Pan-Americano de Judô. É possível a seleção vir treinar aqui mais vezes? A gente veio treinar aqui antes do Rio-2016 também, e algumas competições do cenário nacional estão sendo realizadas aqui. Então acho que tem sido um equipamento importante para o judô sim. Ter essa estrutura fixa e voltada para o judô é importante demais.

Com a prata no último Mundial, David Moura assumiu a ponta do ranking mundial da categoria de vocês (+100kg). Como está essa disputa particular com ele, já que apenas um vai para a Olimpíada? Não é confortável para os atletas, pois são duas pessoas em busca do mesmo sonho, que é chegar à Olimpíada de Tóquio e chegar à medalha. Mas, ao mesmo tempo, é bom para a categoria, já que ninguém fica acomodado, pois tem alguém ali disputando contigo ponto a ponto, medalha a medalha por todo o ciclo. Foi inédito agora esse pódio dobrado no Mundial, né? Então isso mostra que a categoria está bem, os dois estão num nível bom em relação aos atletas lá de fora. Quem se sair melhor dessa ‘briga’ vai chegar para ganhar medalha. Baby pretende buscar sua terceira medalha olímpica em Tóquio-2020, mas tem a forte concorrência de David Moura (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Você e David têm a mesma idade, 30 anos. Já enxerga algum herdeiro para Paris-2024? Difícil dizer. Tem o Ruan Isquierdo, que é mais novo (23 anos), e deve tentar vaga em Paris. Ele foi bronze na Universíade de Taipei (Jogos Universitários, em agosto) e está em grande fase. Já treina com a gente e dá trabalho. Mas eu queria que essa renovação acontecesse ainda mais próxima da gente, que esse pessoal já estivesse chegando forte agora. Seria melhor pro judô.

O último Mundial foi o primeiro com a competição por equipes mistas, e vocês ganharam prata. O que achou desse formato, que está no programa de Tóquio? Ficou bem interessante com três (judocas) masculinos e três femininos. Isso obrigou países a investir no judô feminino também. Como a Geórgia, que só tinha investimento no masculino. É importante essa mistura, pensando no propósito dos Jogos Olímpicos. Foi bem interessante esse Mundial com equipes mistas, até surpreendente. Não imaginava que seria tão legal.

Você acha que o Brasil chegará a Tóquio como favorito por ter medalhistas recentes tanto no feminino como no masculino? Sim, chegaremos com vantagem, mas tem o Japão, que é ainda mais forte nos dois lados, né (risos)? Eles são quase imbatíveis. Mas isso empolga muito para a próxima Olimpíada. São duas chances de medalha. Judô é uma categoria individual, a chance é de ganhar uma medalha só e acabou. Com o (embate) por equipes depois é mais legal, você tem outra chance de medalha.