Desmatamento na Estrada do Mandu assusta moradores de São Marcos

"A situação foi assustadora. Eu senti desespero ao ver as árvores caindo e os animais saindo da mata", relatou um morador

Publicado em 2 de março de 2017 às 17:23

- Atualizado há um ano

Uma ação de desmatamento em um terreno na Estrada do Mandu, bairro de São Marcos, trecho que dá acesso à Avenida Gal Costa, levou medo aos moradores da região. Na noite da última sexta-feira (24), um grupo de homens se instalou no local e utilizou tratores para derrubar a vegetação.

O Ministério Público da Bahia então requisitou à Polícia Militar que apurasse a situação. Em ofício enviado ao comando da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), os promotores Márcia Teixeira, Rogério Queiroz e Letícia Baird, que estavam no plantão do Carnaval, registram que danos estariam sendo causados à fauna e à flora no local. Foi requisitada a realização de diligências para averiguação dos fatos, com adoção das providências cabíveis.

De acordo com a Polícia Militar, a companhia ambiental (Coppa) foi acionada por volta das 6h de sábado (25) para atender a denúncia. Ao chegar ao local, os agentes interromperam a ação. Ainda segundo a PM, as testemunhas foram ouvidas e o maquinário apreendido.

No entanto, segundo o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), após a saída da Coppa a ação foi retomada. Um morador de um dos condomínios vizinhos à área atingida disse que viveu momentos de medo.

"A situação foi assustadora. Eu senti desespero ao ver as árvores caindo e os animais saindo da mata. Dois passarinhos que viviam lá chegaram a entrar pela minha janela. Quem conhecia a mata e vê como ela está hoje fica triste", contou a pessoa, que preferiu não se identificar.(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Na terça-feira (28), representantes da Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) do município, atendendo a solicitação dos moradores, foram ao local e lavraram Auto de Infração de Embargo e Notificação em nome do Sr. Julio César Deodato de Souza, identificado como um dos operadores. Desde então, a obra encontra-se paralisada.

Um outro morador, que também preferiu não se identificar, disse que o último trator foi retirado do local na madrugada desta quinta-feira (2), e que os homens chegaram armados ao terreno. "Foi uma mega operação. Eram uns dez homens que chegaram armados em um caminhão e retiraram a máquina bem rápido", disse.

Ainda de acordo com o Inema, durante a inspeção foi verificado que a área possui remanescente da Mata Atlântica em estágio médio de regeneração e uma nascente, com consequente assoreamento, decorrente das atividades de terraplenagem e erradicação de vegetação nativa com utilização de tratores.

Na tarde de hoje, moradores dos condomínios vizinhos ao terreno fizeram uma representação junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). A denúncia será encaminhada à 3ª promotoria de Justiça do Meio Ambiente, cujo responsável é o promotor Sergio Mendes.

Em nota, a Sedur informou que aguarda a identificação do responsável pelo desmatamento para aplicar as medidas pertinentes ao crime ambiental, como multa, auto de infração e notificação. O documento diz ainda que a secretaria manterá a fiscalização na área. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) informou que até o momento não recebeu nenhuma solicitação de vistoria por parte dos moradores dos imóveis próximos à área desmatada. 

A reportagem do CORREIO identificou no local uma placa com a marca da construtora OAS. Em contato com o CORREIO, a assessoria da construtora informou que a área não pertence à OAS Empreendimentos desde março de 2015 e que não há informações sobre quem adquiriu a área. Até o momento, não se sabe quem é o responsável pela obra e a quem pertence o terreno.