Deu o troco: herói da vaga do Tremendão defendia o eliminado Flu

Gil Baiano deixou Touro por conta de lesão e marcou gol decisivo

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  • Vitor Villar

Publicado em 18 de março de 2018 às 15:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr. / CORREIO

A quarta vaga para as semifinais do Baiano trocou de time de última hora. Até a rodada final, ela era do Flu de Feira. Na etapa final da última partida, ela ‘pulou o muro’ e foi para o rival Bahia de Feira, adversário do Vitória às 16h deste domingo (17), no Joia da Princesa.

O gol decisivo foi do veterano Gil Baiano, de 37 anos. De cabeça, garantiu o triunfo por 1x0 do Tremendão sobre o Jacuipense, em Alagoinhas, no dia 7 de março. Enquanto isso, em Feira, o Flu perdia para o Vitória por 2x1 e dava adeus à vaga.

A escolha do herói mostra que o destino é cruel. Assim como a vaga, Gil Baiano pertencia ao Flu até pouco tempo. No final do ano passado, deixou o Touro do Sertão depois de uma lesão. No momento mais difícil, foi o Bahia de Feira quem confiou nele.

O gol foi o primeiro de Gil no estadual. “Primeiro e o mais importante, né?”, brinca o volante.“Aquele gol garantiu para todos nós mais um mês de emprego”, completa Gil, que seria dispensado sem a vaga.Se fosse eliminado, o Bahia de Feira dispensaria todo o elenco no dia seguinte, e os jogadores ficariam à deriva em busca de um novo time. Com a vaga, todos renovaram por um mês. “Time do interior é assim, você entra em campo para defender que vai ter mais tempo de trabalho”, conta Gil.

Deu o troco

Gil é baiano de Uruçuca, no sul do estado. Foi jogador do Intermunicipal até os 27 anos, quando recebeu um convite do extinto Poções. Não voltou mais para o futebol amador. De lá, fez carreira no Espírito Santo e em Sergipe.

Retornou para a Bahia dez anos depois, em 2017, para defender o Flu de Feira na Série D. Foi um dos destaques da campanha do Touro, que caiu apenas nas oitavas de final, a dois jogos do acesso. A eliminação foi para outro baiano, a Juazeirense.

Gil não enfrentou o Cancão: “Voltei a sentir o joelho que tinha operado no início do ano, quando estava no Sergipe. Foi uma cirurgia de menisco. Fiquei três meses parado e mesmo assim o Fluminense me contratou”.

Aquela, segundo ele, foi a razão do Touro não ter renovado:“Fizeram o certo. Quem renovaria com um jogador machucado?”, reconhece Gil, que diz não ter mágoa do Flu.“Peguei minhas coisas e fui para Uruçuca, me tratar. Paguei médico e fisioterapeuta por conta própria mesmo, quem trabalha com futebol não pode ficar esperando cair do céu”, completa.

Quando ainda se recuperava de lesão, veio o convite do Bahia de Feira por meio do técnico Quintino Barbosa, ao qual Gil aceitou de imediato.

Sem drama

Apesar do ‘troco’ dado, o volante prefere não entrar em polêmicas: “Não coloco como escolha certa nem errada, sou profissional e não ligo de quem tá em primeiro ou segundo. O cara que vive de futebol não pode entrar nisso de rivalidade. Nós somos empregados", diz. "Todo mundo assina contrato de três ou quatro meses, só. Um atleta não pode fechar as portas em lugar nenhum", rebate Gil.Gil tem razão. Nos próximos meses, o jogo vai virar novamente a favor do Flu. Com a classificação, o Bahia de Feira conseguiu vaga na Série D, mas apenas para 2019. Depois das semifinais, vai fechar as portas e reabrir somente no ano que vem.

Já o Touro terá a Série D inteira pela frente. “A diretoria daqui (Bahia de Feira) falou que quer renovar com alguns do elenco, mas não sei se estou entre eles. Tenho três convites para jogar a Série D e um para a Série C. Por enquanto, não tive contato com o Flu”, garante.