É rosa a cor da vida: conheça histórias de mulheres que venceram o câncer de mama

O câncer de mama é o 1º em taxa de mortalidade em mulheres no mundo

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  • Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2017 às 23:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Uma em cada oito mulheres terá câncer de mama durante a vida. O número assusta e alerta para a necessidade da prevenção. Neste Outubro Rosa, o CORREIO traz relatos de mulheres que descobriram, conviveram e estão vencendo a doença.

“O principal fator de risco é ser mulher. Mas existem algumas formas de prevenção, como manter o peso, ter um hábito de vida saudável e praticar exercício físico”, afirma a oncologista Mayana Lopes. Ela explica que mulheres entre 40 e 70 anos são as que correm mais risco e que são orientadas a realizar a mamografia pelo menos uma vez ao ano.

O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rotina seja realizada em mulheres sem sintomas e sem suspeita de câncer de mama entre 50 e 69 anos, uma vez a cada dois anos. 

“O autoexame é muito importante, mas existem nódulos que não são palpáveis. A mamografia consegue identificar tumores pequenos e, quando isso ocorre, o médico direciona a paciente para um segundo exame para verificar se o tumor é realmente um câncer e qual é o tipo”, diz Mayana.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, no Brasil, este ano, serão 15.570 casos de câncer de mama feminina. Do total, 2.760 são previstos para a Bahia e mil para Salvador. A neoplasia maligna da mama é o câncer que mais mata mulheres no Brasil e no mundo. 

 “Somente 5% dos tumores na mama são considerados hereditários. Então é muito raro. Mas existem, de fato, mulheres que têm histórico familiar muito rico e que têm que estar ainda mais atentas. Mas ainda existe quem deixa de fazer o exame por não ter ninguém na família que tenha tido câncer. O rastreamento deve ser feito por todas as mulheres independente da história familiar”, fala Mayana.

O câncer de mama é o 1º em taxa de mortalidade em mulheres no mundo - 25% dos casos de câncer em mulheres no mundo são de mama. Em 2016, 57.960 novos casos foram diagnosticados no Brasil, sendo o segundo tipo de câncer mais incidente entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele. Confira os relatos:

Cátia Rocha Alves, 40 anos ‘Doutor, eu amo a vida’ "Eu trabalhava como garçonete de um resort em fevereiro de 2016, quando um carrinho do hotel bateu no meu seio. Após a pancada, o caroço na mama esquerda ficou visível e marquei uma consulta com um mastologista, que diagnosticou, após mamografia e ultrassom, o câncer de mama. Quando você recebe uma notícia dessas, vem um turbilhão de coisas na sua cabeça. Comecei a chorar. Fui no banheiro, lavei o rosto. Quando retornei, o médico disse que poderia enfrentar e vencer ou fazer que nem uma de suas pacientes, ignorar a doença e complicar o quadro clínico. Eu disse: ‘Doutor, eu amo a vida e enquanto puder lutar, irei lutar’.  Fiz seis meses de quimioterapia e 50 sessões ininterruptas de radioterapia. Meu cabelo e sobrancelha caíram, perdi tudo. Em agosto, tirei um quadrante da mama, meu plano autorizou e fiz uma mamoplastia, com a redução e levantamento do seio. Depois do tratamento, que terminou em 26 de dezembro de 2016, engordei 25 quilos. Recentemente descobri dois caroços nos seios. Mas graças a Deus acabei de fazer todos os exames e descobri que eram benignos. Se fosse câncer, eu ia encarar. A gente não tem que sofrer por aquilo que não podemos mudar. Temos que fazer o que está ao nosso alcance. Eu não mudei nada com o que passou na minha vida. A única coisa que eu mudei foi que eu quero viver! Viver para mim é tudo. O diagnóstico não é o fim do mundo. Temos que lutar e viver!"

Emília Lordes, 57 anos 'Me apoiei na religião' "Descobri o câncer tomando banho, há dois anos. Eu sempre tive o cuidado de ir no médico de seis em seis meses por conta da predisposição da minha família. Eu tenho irmãs e primas que morreram de câncer de útero e de mama. Fiz uma revisão em agosto de 2014 e detectei um nódulo em janeiro de 2015. Esperei o diagnóstico do laboratório para contar a minha família. Passei no total por quatro cirurgias na mama. Isso porque eu estava preparada para ficar careca, mas não estava preparada para ficar sem a mama. A última cirurgia foi a reconstrução do mamilo. Suportei tudo graças a minha religião, que foi um suporte. Enquanto fazia o evangelho do lar, antes de receber a biópsia, senti a presença de um espírito que me disse que daria tudo certo no final. Tive a certeza de que eu não estava sozinha".

Maricelia Lopes, 51 anos 'Tenho que agradecer ao SUS' "Fui diagnosticada com câncer de mama há seis anos, durante um exame de rotina. Quando chegou o resultado, o câncer já havia invadido outras camadas. Foram quatro sessões de quimioterapia e 28 de radioterapia ininterruptas - também fiz hormonioterapia durante cinco anos. Eu tive queda de cabelo, baixa de imunidade e baixa de autoestima. Na minha família, perdi minha irmã mais velha e meu pai, ambos vítimas do câncer. Antes eu tinha uma saúde de ferro. Depois, você começa a pegar todas as viroses que existem, a imunidade fica muito baixa. Por conta da cirurgia na axila direita para retirar os tecidos, fiquei com o movimento restrito. Tive o auxílio-doença negado e ouvi que estava apta para o trabalho. Tem que ter muita força de vontade para seguir no tratamento. Eu tinha plano de saúde, mas realizei o meu tratamento no Aristides Maltez. Tenho que agradecer muito ao SUS. No final do ano passado, tive alta médica, não tomo os remédios e, hoje, faço acompanhamento anual como qualquer pessoa normal".

Leda Pinheiro, 57 anos 'É o começo da vida' Descobri o câncer de mama há 12 anos, quando tinha 45 anos. Percebi um caroço no seio e corri pra ginecologista. Na época, ela me disse que era uma coisa benigna, só que eu achei que continuou aumentando, aí eu fui ao mastologista. Ele repetiu a ultrassonografia e disse que eu não tinha nada. Só que o caroço continuou crescendo e começou a doer e eu não me conformei com aquilo. Procurei outro mastologista e o resultado veio: eu estava com um tipo de câncer agressivo, próximo ao mamilo. Tive que fazer mastectomia total do lado direito, passar por quatro meses de quimioterapia e 28 dias ininterruptos de radioterapia. Tive que fazer acompanhamento médico porque sempre tinha a baixa de plaqueta. Não podia nem sair de casa. Todos os meus pêlos caíram, menos a sobrancelha. Meu pai era idoso e tinha a aude debilitada, então escondi a doença dele. Eu comprei uma peruca para usar porque eu não queria que ele soubesse. Minha mãe tinha morrido dois anos antes de câncer de ovário com 74 anos. Ela fez quimioterapia e cirurgia, mas não resistiu. E eu não queria que meu pai passasse por isso novamente. Hoje, estou curada. Depois que retirei a mama, não coloquei uma prótese no lugar. O que ajudou na minha motivação é que eu já tinha dois filhos na época, que já tinham passado pela adolescência eu achei que eles ainda precisavam de mim. Isso fez com que eu tivesse cada vez mais vontade de viver! Eu queria ficar viva para ajudá-los. O que você não pode mudar, você tem que aceitar, não adianta nadar contra a maré. O diagnóstico de câncer não é o fim do mundo, ele é o começo da vida.

Carla Oliveira, 31 anos 'Creio que, para Deus, nada é impossível' "Descobri que tinha câncer após sentir fortes dores musculares e buscar a emergência ortopédica. Fiz uma ressonância e descobri que estava com metástase óssea na cervical, na bacia e no osso esterno, proveniente de um câncer de mama. Por conta do desenvolvimento da doença, não pude fazer a cirurgia. Fiz a hormonioterapia, ingerindo o comprimido diariamente e tomando medicação a cada 21 dias para fortalecer os ossos. Eu tomo uma injeção para induzir a menopausa. Ele faz com que eu produza menos o hormônio que alimenta o tumor. Mas depois de cinco meses de tratamento, foi identificada uma falha na hormonioterapia. Com essa falha, eu precisei fazer a quimioterapia durante sete meses. Conclui essa semana. Agora retornarei ao medicamento oral e à medicação para fortalecimento dos ossos. Tive uma redução bem significativa de todas as lesões ósseas, estou sem atividade metabólica da mama direita. Foi na arte que eu encontrei uma válvula de escape. Passei a fazer trabalhos artesanais, bijuterias, artigos de decoração de casa, coisas para quarto de bebê, entre outras coisas. Eu sou recém-casada e sempre sonhei em ter filhos. Inicialmente a gente se vê sem chance de realizar qualquer coisa na vida. Eu sou católica desde criança e eles me deram um apoio e suporte muito grande, minha fé também me ajudou muito. Eu tenho tanta vontade de viver e de realizar tantas coisas na minha vida, que isso fez com que eu encarasse a doença da melhor forma possível. Eu acabei de ter um sobrinho que mora do meu lado e isso mexeu muito comigo. Mas eu estou ciente da possibilidade de eu não poder gerar filhos. O tipo de tumor que eu tenho é hormonal, engravidar agora seria, no mínimo, irresponsável. Eu imagino que lá na frente eu tenha que retirar os ovários para parar de produzir os hormônios. E agora eu estou em uma menopausa induzida por essas medicações. Mas eu tenho muita fé, creio que, para Deus, nada é impossível. Então continuo com o sonho, mas com o pé no chão. Tenho a alternativa de fazer uma adoção, é algo que penso".