Educação no plural

Nelson Pretto é professor da Faculdade de Educação da UFBA. Www.pretto.info

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  • Nelson Pretto

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 02:00

- Atualizado há um ano

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Publicar ou perecer é o mantra que acompanha todo pesquisador, no Brasil e no mundo.

A avaliação de sua atuação, associado com a dos programas de pós-graduação das universidades, está sempre atrelada, prioritariamente, à capacidade de publicar.

Com isso, instala-se uma lógica do publicar, publicar, publicar.

Eu particularmente penso que o importante é escrever para que as pessoas possam acompanhar o que estamos fazendo, já que somos pagos com dinheiro público, ou seja, o dinheiro dos cidadãos, através dos seus impostos. Temos, portanto, que prestar conta do que fazemos na universidade e isso para além da ação de darmos as aulas, que são a parte mais visível do trabalho docente. E fazemos muito, muito mais do que isso, com destaque para a pesquisa e a extensão.

Nosso grupo de pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias (GEC), na Faculdade de Educação da UFBA, se pauta justo por esse espírito de estar sempre em comunicação, seja através dos importantes artigos acadêmicos, mais sisudos, seja através de textos como esse aqui no Correio*, e, também, por ações em rádios, tvs e internet.

Nesse contexto, estou lançando o livro Educações, culturas e hackers: escritos e reflexões na próxima quarta feira (13/12/2017), no Palacete das Artes, em conjunto com outros 50 livros, todos editados pela nossa EDUFBA, a editora da UFBA.

O livro é composto por um conjunto de textos, alguns originais, outros já publicados em jornais (inclusive aqui), blogs e revistas. O professor e colega Pier Cesare Rivoltella, da Universidade de Milão, Itália, escreveu o Prefácio do livro, e destaca a importância da comunicação científica hoje, “assumindo uma posição que é inevitavelmente política e diz respeito à liberdade do pesquisador e da sua capacidade de chegar ao seu público.”

Isso é o que fazemos, nós da Faculdade de Educação e da nossa EDUFBA, que vem promovendo uma verdadeira revolução no mercado editorial baiano ao adotar, corretamente no meu entender, uma política de Acesso Aberto para as suas publicações. Do total de cerca de 1.500 livros que compõem o seu catálogo, cerca de 1/3 deles já está disponível para serem acessados no repositório institucional da UFBA. Para ser mais preciso, são 477 livros que estão livres para serem baixados e lidos avidamente. A Edufba está também no SciELO Livros, uma plataforma de acesso aberto nacional, e, por lá, constatamos que alguns livros já tiveram quase um milhão de downloads.

Esse é o papel de um editora pública que divulga, prioritariamente, trabalhos furtos das pesquisas que fazemos com dinheiro público. Esse é o papel da Universidade pública.

A lógica que preside todo esse movimento do Acesso Aberto é relativamente simples: o livro impresso é um bem rival, ou seja, se eu passar para você, leitor, o meu livro, eu ficarei sem esse exemplar. Mas o seu conteúdo não é rival já que não compete com ele mesmo. Isso significa que se eu lhe enviar o conteúdo do livro (por um pdf, por exemplo) você ficará com o conteúdo do livro e eu também, e você poderá ainda passar para mais pessoas, sem com isso destruir o conteúdo. Pelo contrário, estará com essa distribuição fazendo o que já foi produzido circular muito mais. É, assim, um movimento centrado na dádiva e no fortalecimento da circulação das informações e dos conhecimentos. É um circulo virtuoso, de democratização do conhecimento. Aqui, nessa lógica, todos ganham e, por isso, o meu encanto com esses movimentos.

Portanto, se você, assim como eu, gosta de livro, apareça dias nos 12 e 13 lançamento coletivo que acontecerá no Palacete das Artes e compre as belas edições da EDUFBA, com 50% de desconto. Você verá que, ter um livro impresso, bem produzido, ainda tem o seu lugar, sem com isso, impedir que seu conteúdo circule livremente pelo mundo.