'Ela morreu para proteger o filho', diz filha de idosa executada em Cachoeira

SSP informou que homens invadiram a casa para matar filho de Francisca

  • Foto do(a) author(a) Carol Aquino
  • Carol Aquino

Publicado em 24 de novembro de 2017 às 12:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

"Ela morreu para proteger o filho, para salvar o filho. Mataram minha linda, mataram minha linda". O relato, emocionado, da filha de Francisca Amorim Nogueira, 61 anos, resume o sentimento da família da vendedora que foi executada na noite desta quinta-feira (23) na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano. A filha, que prefere não se identificar, disse que a mãe estava na porta de casa quando foi morta.

O crime aconteceu em um imóvel localizado na 1ª Travessa, no Centro de Cachoeira. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), dois homens invadiram o casarão onde morava a idosa na tentativa de capturar um dos filhos dela.

"Os traficantes invadiram o local em busca do filho de Francisca que tinha envolvimento com o tráfico de drogas. Após invadirem a casa e não encontrarem o jovem, que fugiu pelos fundos, os criminosos atiraram contra a idosa como vingança", informou a SSP, em nota.

Uma testemunha do crime contou ao CORREIO que a idosa ainda chegou a pedir para não morrer. Durante o velório, um dos familiares se revoltou: "Como é que invadem a casa dela e matam ela a tiros?"

Ainda de acordo com a pasta, policiais da 27ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Cruz das Almas) faziam rondas na localidade, quando ouviram os disparos. Os criminosos, segundo versão dos policiais, atiraram contra as equipes e acabaram feridos. Ambos foram levados para o Hospital Municipal de Cachoeira, mas não resistiram aos ferimentos.  Idosa foi morta na porta de sua casa que fica ao lado do Bar e Lanchonete Solis (Foto: Carol Aquino/CORREIO) Um dos criminosos mortos pela polícia é Carlos Gleidson Carneiro de Jesus, 22. O comparsa dele não foi identificado. Carlos já tinha sido preso por tráfico de drogas e roubo quatro vezes, de acordo com a SSP. Além das quatro prisões, Carlos também tinha dois mandados de prisão em aberto por tráfico e roubo.

O delegado Eduardo Coutinho afirmou que investiga a suspeita de envolvimento de um filho e de um genro de Francisca com o comércio ilegal de drogas. "Relatos dos moradores dão conta que uma filha dela era companheira de um dos líderes do tráfico na região, morto há 45 dias, na cidade de São Félix", afirmou o delegado. "Os bandidos estavam em busca do filho dela (Francisca) desde a noite anterior. Foram na casa dele, deram até chutes na porta. O filho fechou a porta com pregos para se proteger. Na noite seguinte (quinta), foi na casa da mãe dele. Como não acharam quem estavam procurando, mataram a senhora de vingança", explicou Coutinho. A SSP informou que um revólver Taurus, com numeração raspada, utilizado no homicídio e uma pistola niquelada (número QC58400), com carregador, além de munições e cartuchos foram apreendidos pela polícia.

Equipes da 4ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Santo Antônio de Jesus) foram para o município para acompanhar as investigações do caso.

'Era uma pessoa tranquila' O comerciante Laércio Santos, dono do bar que fica embaixo do sobrado, disse que ouviu os tiros, esperou parar e trancou o comércio. "Só vi uma moto jogada na frente", ressalta. Ele destaca que Francisca era uma pessoa tranquila e morava no sobrado com um filho e dois netos - um deles, uma menina, que é deficiente.

"(A vítima) era uma pessoa alegre, muito caridosa. Tinha 15 filhos de criação. Biológicos eram quatro filhos e oito netos", contou um parente, sem se identificar. "Era uma cozinheira de mão cheia", relatou outra pessoa, também sem revelar o nome. Corpo de idosa é velado na casa de um dos filhos (Foto: Carol Aquino/CORREIO) Familiares de Francisca ouvidos pelo CORREIO afirmam que ela vendia feijão e churrasquinho, mas já trabalhou também em uma fábrica de fumo."Mataram minha linda. A única resposta é a violência. Minha família fez o quê? Nada? E agora?", lamentou uma filha da idosa, sem se identificar. O corpo está sendo velado na casa de um dos filhos de Francisca. O enterro será às 16h no Cemitério Municipal de Cachoeira.