Eleição do Vitória: 'Temos que equilibrar as finanças', diz Viana

Conheça as ideias do ex-presidente e candidato a um novo mandato no Leão

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  • Vitor Villar

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Almiro Lopes/CORREIO

O CORREIO dá sequência nesta terça-feira (12) à série de entrevistas com os candidatos à presidência do Vitória, em eleição que ocorre na quarta (13). Nesta terça (12), os entrevistados são Raimundo Viana e Tiago Ruas. 

Em texto, os leitores conferem as respostas das perguntas básicas e comuns aos candidatos de forma editada. Em áudio sem cortes, no Bate-Pronto Podcast Especial (ao fim da entrevista escrita), os candidatos respondem também a perguntas específicas e aditivos às perguntas básicas. 

Raimundo Viana Raimundo Viana é o único da eleição a já ter ocupado o cargo de presidente do Vitória. “Mundico”, como ele é carinhosamente chamado pelos torcedores, quer voltar a comandar o Leão a fim de dar continuidade ao projeto que iniciou em 2015, quando assumiu a gestão na Série B e o devolveu à elite do Brasileirão, permanecendo nela em 2016:CORREIO: Por que o senhor quer ser presidente e quais feitos na sua carreira te credenciam para isso? Raimundo Viana: Na verdade eu não quero ser, eu fui escolhido para ser pelos meus companheiros de arquibancada. Aqueles torcedores que veem eu chegar ao estádio, estacionar o meu carro como qualquer outro torcedor, que entra no estádio pelo mesmo lugar que qualquer outro torcedor entra. O legado está à vista de todos: um Barradão repaginado, os vestiários modernizados, seis campos de treinamento, intervenções seguras e encantadoras na base, no remo. Uma administração centrada em sucesso. Recebemos o clube na segunda divisão, levamos para a primeira, o mantivemos na primeira. Recebemos o clube sem estadual, retomamos a hegemonia, o nosso direito de disputar a Copa do Nordeste, onde nós sempre fomos o maior vencedor. Resgatamos, o que é fundamental, a autoestima do torcedor do Vitória.Como o senhor avalia a gestão de Ivã de Almeida? O que manterá e mudará caso seja eleito? RV: Eu não gosto de comentar as coisas que não são razoáveis para o nosso clube. O Vitória sofreu muito este ano. Não estamos falando de um Vitória arrasado, o Vitória continua grande, forte. Houve muitos equívocos na área de contratação, mas eu não gostaria de fazer isso de terra arrasada para amanhã eu chegar e dizer que não consegui fazer as coisas. Isso é meio que uma desculpa antecipada. Eu recebi o Vitória na segunda divisão, tem coisa pior? Por isso que eu digo que o candidato a presidente de hoje não é muito diferente do presidente de ontem. Vamos dar continuidade ao trabalho e, se as condições não forem favoráveis, temos o dever de criar essas condições.

Nas últimas reuniões do Conselho Deliberativo, falou-se em um gasto extraordinário no futebol na ordem de R$ 30 milhões e um descumprimento do orçamento de quase R$ 10 milhões. Como o senhor acha que encontrará os cofres do clube? RV: Eu me assustei um pouco com isso. Não gosto de ficar falando, mas nós deixamos dinheiro em caixa, deixamos 20 e tantos milhões, a venda do Marinho, a venda do Marcelo por R$ 5 milhões ou R$ 6 milhões, o empréstimo do Ramon... Plantamos alicerces e agora temos que começar meio que do zero. Mas nós não podemos olhar problemas herdados como justificativa para não fazer nada. Quem não tem coragem de enfrentar dificuldade não tem o direito de ter esperança em bons resultados. Vamos ter que nos virar para equilibrar as finanças, fazer mais com menos e recuperar o tempo perdido. Eleito presidente, eu levarei eventuais discordâncias com o orçamento apresentado para retificação e ajustes pelo Conselho Deliberativo.

Como o senhor pretende gerir a base do Vitória?  RV: A nossa base para nós é obsessão. Qualquer clube de futebol que propuser sair da mediocridade, que quiser se manter grande, tem que ter três coisas: uma arena, uma grande divisão de base e uma grande estrutura de marketing para valorizar e prestigiar a nossa marca. A nossa divisão de base vai ajudar a baratear o grupo de profissionais. Se você tem em um grupo de 35 atletas, 30% a 40% da base, com o custo reduzido, você pode nas outras contratações harmonizar os seus custos. E com esse valioso patrimônio, você pode fechar a conta, vender um atleta e fazer o planejamento para o próximo ano. 

Vamos aplicar na base, com todo cuidado, tudo aquilo que nós pensamos para o futebol profissional. Por exemplo, se o futebol profissional é de retranca, essa retranca será observada no sub-15, no sub-17, no sub-20. Vamos criar uma metodologia total de tal forma que, quando um jogador do sub-15 chegue ao sub-17, ele não sinta nada. Da mesma forma o jogador do sub-20 quando for para o banco do Vitória, não vai fazer pirulito. O Vitória tem que ter um perfil. Outra coisa: a finalidade da nossa base será abastecer o time profissional, revelar valores.

Qual o seu projeto para o Barradão? Pretende seguir a ideia de criar uma arena no local? RV: Foi na nossa gestão que nasceu o projeto de elaboração de uma arena no Barradão. Dá para adiantar, vamos complementar os registros do projeto e levar para o mercado. Se tiver dinheiro, vamos levar para o Conselho Deliberativo, para uma assembleia geral, para saber se aprova ou não. Não é o Vitória que vai bancar. O grande custo de uma arena está na cobertura e já temos o básico. Vamos levar para o mercado local, ou internacional, e o investidor vai dizer se vai colocar dinheiro ou não. Vamos fazer uma parceria e dizer qual o retorno. E para viabilizar uma arena é preciso dar condições de acessibilidade. Olha a via Barradão aí. Se vai dar tempo de implantar ou não, não sei. Mas não vai ficar na gaveta.

Qual o seu projeto para melhorar o Sou Mais Vitória, que tem registrado poucos associados? RV: Eu recebi o Vitória com dois mil e poucos pagantes e deixei com 11 mil e poucos. Entendo que o Sou Mais Vitória tem um pecado. Nós tiramos o gerenciamento do sistema de uma empresa do Paraná, trouxemos para nós. O nosso sonho era ver o Vitória fazer uma eleição com 30 mil, 40 mil sócios. Eu pretendo voltar a esse assunto requalificando o cartão Sou Mais Vitória de tal forma que o cartão seja de desconto, de compra. Um clube de benefícios que o torcedor se sinta pago. Temos que desvincular o plano de sócio da bola. Se a bola entra, bom. Mas se não entra, eu já estou ganhando. Teremos cuidados especiais. Eu sou sócio e sei quais são as minhas reclamações, as necessidades.

Perguntas específicas a Raimundo Viana - a partir dos 46:44 minutos (ouça no player abaixo):

1) Manoel Matos foi o vice-presidente durante a sua gestão. Por que o senhor se separou dele nessa eleição? Houve algum racha na aliança de vocês?

2) Matos fala numa ‘cogestão’ entre vocês, inclusive apontando que muitas das decisões do clube na época foram tomadas por ele. De fato, quem era o presidente em 2015 e 2016?

3) A sua gestão foi responsável por trazer Marinho, que foi vendido por um valor considerável, mas também trouxe Kieza, que custou R$ 4 milhões e até agora não estourou. Qual será sua política de contratações caso eleito?

4) O perfil de Instagram ‘Vovô Mundico’, que faz uma imitação do senhor, declarou apoio a Ricardo David e logo depois teve o perfil hackeado. Tem alguma coisa a ver com a sua campanha e o que você pensa desse perfil?

Áudio

QUEM É Raimundo Viana Professor de Direito e ex-procurador do estado, Raimundo Viana foi presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF) na década de 1970. Aos 76 anos, é o único do pleito a ter presidido o Vitória. Assumiu em abril de 2015, após renúncia de Carlos Falcão, e deixou o cargo em dezembro de 2016.