Eleições do Bahia: confira entrevista com Nelsival Menezes

Candidato propõe "futebol como prioridade máxima"

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  • Bruno Queiroz

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr / CORREIO

Com o fim da Série A, o CORREIO iniciou na terça (5)  uma série de entrevistas com os cinco candidatos à presidência do Bahia, em eleição que ocorre no sábado (9). Os entrevistados desta quarta-feira (6) são Fernando Jorge e Nelsival Menezes. 

Em texto, os leitores conferem as respostas das perguntas básicas e comuns aos candidatos de forma editada. Em áudio sem cortes, no Bate-Pronto Podcast Especial (ao fim da entrevista escrita), os candidatos respondem também a perguntas específicas e aditivos às perguntas básicas. 

Nelsival Menezes Ex-funcionário do clube nos anos de glória nas décadas de  70 e 80, Nelsival Menezes é candidato à presidência do Bahia pela segunda vez. Uma das suas principais propostas é dar prioridade máxima ao futebol, que para ele não teve o sucesso devido na gestão de Marcelo Sant’Ana e Pedro Henriques. Ele ainda considera que o Bahia tem condição de ficar com os dois CTS, a Cidade Tricolor e também o Fazendão para a próxima temporada.   

CORREIO: Caso você seja eleito, a ideia é dar continuidade ou reformular o trabalho da gestão anterior?  Nelsival Menezes: Naturalmente esta gestão que está aí teve seus erros e acertos. Acredito que os acertos tenham sido mais na área de administração financeira. Porém, o mais importante, que é a missão da equipe de futebol em campo, teve mais erros. Então vamos ver o que essa equipe fez de bom e conservar e o que não fez de bom, que foi muita coisa, corrigir e reestruturar. Nós temos metas de tal forma que o Bahia não pode mais ficar na base do “vamos ver se dá certo”. O Bahia tem que acertar e atirar no alvo de tal forma que este alvo seja o que nós todos queremos: uma equipe forte e coesa em campo. Tem que fazer contratações certas, seguir planejamento de forma rigorosa. Colocar o futebol como prioridade máxima da gestão. 

C: Qual a estrutura diretiva ideal que você imagina e pretende aplicar no Bahia? Quantos diretores? NM: Penso que essa estrutura precisa ser replanejada. Não é que os funcionários que estejam lá não estejam trabalhando bem. Mas da mesma forma que eu tenha uma equipe em campo coesa, querendo vencer, tenho que ter uma equipe também por trás para colocar em campo o que tem de melhor. Eu estou mantendo contatos com profissionais que foram professores meus em São Paulo. Passaram como diretores e ainda trabalham em clubes como Corinthians, São Paulo, Palmeiras, com trânsito livre lá dentro e já estamos trocando ideias de como seria uma governança no Bahia, de tal forma que alguns vícios sejam sanados. Mas a ideia principal é que essa governança seja um organismo vivo e tenha conhecimento científico e amor ao clube. Não adianta trazer um profissional da mais alta competência que não tenha amor ao clube. 

C: Qual o projeto para a Cidade do Tricolor e o Fazendão? NM: Na minha cabeça está ficar com os dois. O Fazendão é próximo do aeroporto, já tem uma estrutura de treinamento construída para isso. Ele tem que ser reorganizado e dado um conforto aos atletas. E a Cidade Tricolor a pretensão seria continuar lá com um centro de treinamento e quem sabe até, direcionar para lá uma macro divisão de base. E lá dentro instalarmos parcerias com shoppings, lojas, aluguel do campo de treinamento e dar uma condição digna a quem ficar lá de tal forma que o atleta se sinta como se estivesse em casa. 

C: Você vê o Bahia em qual patamar hoje e onde o clube pode chegar em três anos?  NM: Na questão do valor da marca, de 40 times, até o Sport está na frente do Bahia. Então o Bahia não está bem. Nós temos que melhorar a marca, o poder dela. Temos que melhorar o status. Mas para isso tem que dar resultado no campo. Se você vai mal dentro de campo, como você quer que um patrocinador busque captar recurso para você? Então para valorização da marca tem que botar um bom time em campo, uma equipe altamente competitiva e jogando bonito e melhorar o marketing. Que esse marketing passe a captar recurso para o Bahia. E o governo do estado tem que colaborar também. Porque na maioria dos estados e em outros países, o governo, quando não pode participar diretamente, participa indiretamente. Com isenção de taxas, de impostos e fazendo com que o clube tenha um lucro indireto. Isso não está acontecendo, e o Bahia precisa crescer. 

C: Por que você quer ser presidente do Bahia? NM: Essa garotada que está aí, dentre a qual eu incluo vocês, talvez não tenham conhecido o meu passado no Bahia, mas é um passado de glórias. Talvez seus pais, seus tios, conheçam e saibam quem foi Nelsival Menezes. O que na Bahia eu duvido que tenha algum funcionário do clube que tenha mais títulos do que eu consegui lá. Sete títulos no profissional e cinco na divisão de base. Nunca perdi um título disputando o profissional, em épocas separadas. Além do mais, o perfil que eu tenho hoje em dia, o conhecimento e respaldo dos meus estudos me credenciam a isso. Sei que tem candidato que nunca calçou uma chuteira ou vestiu um calção. Ser presidente de clube não é ficar numa sala, no ar-condicionado, só gerenciando e dando recomendações. Presidente tem que ir na beira do campo ver como está o jogador. 

C: Como pretende melhorar a relação com a Arena Fonte Nova? NM: É preciso que haja uma interação de trabalho, não só com a Fonte Nova como também com a Polícia Militar, com secretaria de trânsito e outros órgãos. Para você entrar no estádio, você passa por um processo que quando chega lá já está estressado, de tanto problema que já encontrou. A secretaria de trânsito nos maltrata e muito. Todo lugar que você passa tem um agente de trânsito com papel e caneta na mão querendo te multar. Qualquer coisinha estão multando. Não pode ser assim. Tem que haver uma sincronização entre Arena, Bahia e todas as instituições que vão promover o evento. Da baiana do acarajé à Secretaria de Turismo. O torcedor tem que se sentir em casa, indo para um evento prazeroso. E que ele tenha prazer na hora que entre, lá dentro, e na hora que saia. Mas aí não é só a Arena, mas também essas instituições que fazem parte do complexo.

QUEM É?Nelsival Menezes tem 70 anos, é doutor em Educação Fìsica pela Universidade de León, na Espanha, e oficial da Polícia Militar da Bahia. Trabalhou como preparador físico do Bahia na década de 1970 e foi também superintendente das divisões de base do clube na década de 1980. Professor nas áreas de Pedagogia, Serviço Social, Administração e Educação Física. Foi candidato nas eleições de 2014 e teve 14 votos.

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