Em Salvador, Ciro ataca Lula, Bolsonaro, Dória e a divisão entre coxinhas e mortadelas

Ex-ministro palestrou, nesta terça-feira (31, na Faculdade de Direito da Ufba sobre economia e política

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  • Luan Santos

Publicado em 31 de outubro de 2017 às 22:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Pré-candidato à Presidência pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes participou, nesta terça-feira (31), de um debate na Faculdade de Direito da Ufba e, em mais de duas horas, abordou temas políticos e econômicos. Com o auditório lotado, o cearense criticou o que chama de "política provinciana de São Paulo" que divide o país entre coxinhas e mortadelas e voltou a atacar o ex-presidente Lula (PT), o deputado federal Jair Bolsonaro (PEN) e o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB).

Ele também minimizou as pesquisas eleitorais realizadas nas últimas semanas, afirmando que elas interessam muito aos jornalistas, e foi cauteloso sobre o cenário da disputa presidencial. "Quem pegar outubro de 2015, um ano antes da reeleição da Dilma Rousseff, não estava na pesquisa nada do vimos acontecer depois. O Lula é um fator determinante do quadro eleitoral brasileiro, pro bem e pro mal. O PDSB, que rivalizou com o PT nos últimos 20 anos, está lá enrolado numa confusão grande, ninguém sabe o que vai vir dali. É possível que fique até fora da disputa do segundo turno, pelo o que está se desenhando no país. Os experts não veem consistência no Bolsonaro. Já eu quero esperar o tempo certo", avalia. 

Abaixo os principais tópicos abordados pelo ex-governador do Ceará:

Bolsonaro e Dória Criticando os discursos "fascistas" de Bolsonaro, Ciro disse que a maioria do eleitorado do deputado pode migrar para o seu lado. "Tirando os fascistas, que estão encantados com ele, e tem um pedaço ali que é fascista mesmo e eu não quero conversa com essa gente, há uma outra turma que está procurando autoridade moral, decência, compromisso com a segurança pública, e esse eleitor não me achou ainda. E na hora que achar, vai ser comigo que ele vem", afirmou. Atacou, novamente, o prefeito de São Paulo, a quem chamou de farsante. "O Dória é o não político. Foi presidente da Embratur, saiu por corrupção. É podre de rico, tem jato e tudo, mas não tem uma roça, um comércio, uma indústria. É um farsante completo".  Foto: Arisson Marinho/CORREIO Críticas a Lula Ao comentar as pesquisas, que colocam Lula na liderança, ele disse que a perseguição ao ex-presidente ressuscitou o líder petista. "Todo mundo sabia da responsabilidade política (do ex-presidente) com o desastre com o governo da Dilma. Quem botou Michel Temer na linha de sucessão foi o Lula. Quem nomeou Geddel ministro da Integração Nacional foi o Lula. Quem entregou Furnas ao Eduardo Cunha, que comprou com esse dinheiro roubado de Furnas, uma estatal brasileira, comprou a maioria dos deputados, foi o Lula", atacou. Na avaliação dele, o povo já estava responsabilizando o ex-presidente por isso. "Na medida em que ele foi vitimizado, perseguido, o resultado prático: ressuscitaram eleitoralmente o Lula", complementou. 

Lava Jato  Apesar de acreditar que a operação Lava Jato não terá papel decisivo na eleição do próximo ano, Ciro disse torcer para que ela se sustente. "Eu torço para que dê certo, porque o país precisa realmente que a impunidade não seja mais um prêmio do crime do colarinho branco", ressaltou, alfinetando o juiz Sérgio Moro. "O povo está muito vulnerável a justiceiros, e juiz que fala pelos cotovelos, vive na mídia de gravatinha borboleta. Isso não é uma coisa sadia para nenhuma nação no planeta. É até uma certa contradição de você imaginar que a Justiça Federal do país inteiro é conivente com a corrupção e só um é o valentão que persegue", complementou.

Aliança com Lula Ciro disse também que, no momento, não descarta nada, inclusive uma possível aliança com o ex-presidente Lula.  "Nesse momento, é como se você estivesse no treino de largada. Cada carro corre só contra o tempo para marcar sua posição no grid de largada", comparou. "Não haverá aliança de ninguém com ninguém até lá, quando a gente em março começar a ver aclaradas as circunstâncias. Aí, dependendo da posição no grid de largada, as alianças começarão a ser tratadas", ponderou o ex-ministro do governo Lula. 

Economia Ciro ainda criticou a política econômica adotada pelo presidente Michel Temer (PMDB) e afirmou que o ministro da Economia, Henrique Meireles, mente ao apontar melhora da economia brasileira. "O país caiu 9,2% nos últimos 24 meses recuperou meio. Você dizer em cima de meio ponto recuperar 9,2% de queda é um insulto a 13,3 milhões de pessoas desempregadas. É um bofete na cara de mais de 10 milhões de brasileiros empurrados para a informalidade", disse, ressaltando que o país tem 40 milhões de negativados. 

Indústria Ao trazer para a palestra dados da história recente do Brasil, o ex-governador lembrou que o Brasil "saiu do nada à 15ª maior economia global em apenas 30 anos" e apontou a queda da indústria nacional como um dos fatores que levaram aos problemas econômicos. "No início dos anos 1980, a indústria representava um terço da economia. Hoje, apenas 8%", disse, refendendo a reconstrução da indústria como um dos fatores principais para a retomada do crescimento econômico. Disse, ainda, que vai tomar de volta os campos de petróleo vendidos a empresas estrangeiras. "Se eu for presidente do país, 100% dos campos de petróleo vendidos aos estrangeiros a preços de banana, por um governo não eleito, que revogou na base do suborno a lei de partilha, serão expropriados com a devida indenização".