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Ex-líder do tráfico em Simões Filho, o hoje missionário Júlio Bomfim chegou a fazer rap de apologia ao crime no qual menciona ataque a um carro-forte em Salvador
Saulo Miguez
Publicado em 7 de agosto de 2017 às 04:23
- Atualizado há um ano
Em 26 de maio de 2013, o hoje missionário Júlio Bomfim Santana de Jesus, então com 32 anos, foi personagem de uma reportagem do CORREIO que mostrava justamente como ele conciliava a vida de crimes com a carreira de rapper e cantor de pagode.
Na ocasião, ele ainda atendia pelo apelido Júnior do Gueto e chegou a ser apontado como o maior traficante de Simões Filho. As letras de suas canções exaltavam armas pesadas e descreviam ações criminosas. Irmão Júlio, então Júnior do Gueto, quando decidiu se entregar à polícia (Foto: Polícia Civil/Divulgação) O cantor usava o Youtube para divulgar seus clipes. Um deles, que narra um assalto a um carro-forte na Avenida Vasco da Gama, foi postado com o título “5 Lokos, fuga em Salvador”, em abril de 2011 (ver abaixo).
Leia também: 'Era chamado de monstro', diz ex-traficante salvo pela música e pela fé
No canal de vídeos, o ex-traficante também postava vídeos de supostos shows onde aparecia com substâncias que pareciam cocaína e maconha.
O público que assistia aos vídeos dividia opiniões. Enquanto alguns exaltavam a ‘vida loka’ do ex-traficante, muitos entravam para deixar mensagens que o aconselhavam a abandonar a vida de crimes, o que ele acabou fazendo quando perdeu o pai.
O delegado titular da 22ª Delegacia (Simões Filho), na época, afirmou à reportagem que Júlio possuía muito talento, mas o desperdiçava usando suas composições para fazer apologia ao crime.
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Em seu passado bandido, que o atual evangélico e pregador agradece a Deus ter ficado para trás, Júlio Bomfim respondeu a processos por porte ilegal de armas (3 vezes) e roubo, além de ter sido considerado suspeito de cometer homicídios e de comandar o tráfico nos dois maiores bairros periféricos de Simões Filho: Cristo Rei e Renatão. Ele chegou a ser eleito presidente da Associação de Moradores do Cristo Rei.
Em fevereiro de 2012, Júlio foi capturado durante o cumprimento de um mandado de prisão e ficou detido até o dia 12 de maio de 2013, quando oito presos fugiram da 22ª DP, após serrar as grades da cadeia. Agora, aguarda a conclusão dos processos que responde na Justiça.