Escolas particulares de Salvador vão reajustar mensalidade em até 15%

Alguns colégios já informaram o valor do reajuste para 2018; sindicato prevê aumento médio entre 8% e 10%

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  • Nilson Marinho

Publicado em 14 de setembro de 2017 às 16:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Andréa Farias/Arquivo CORREIO

Os pais que têm filhos em escolas da rede particular sabem que todos os anos é a mesma coisa: livros, transporte, merenda e os nada simpáticos boletos da mensalidade que, aliás, devem ficar bem menos amigáveis no ano que vem. O CORREIO entrou em contato com as centrais de matrícula de 10 escolas de Salvador e, com base nas informações sobre preços, verificou que as mensalidades devem sofrer reajustes de até 15%.

Algumas escolas, inclusive, já começaram a informar aos pais o valor do reajuste, para eles terem como se planejar para o novo esforço financeiro. Outras unidades estão prevendo anunciar o reajuste até dezembro. Até lá, a melhor forma é ir preparando o bolso e reduzindo gastos, para o investimento futuro caber na planilha de custos.

Os pais de alunos do Colégio Marízia Maior, em Stella Maris, já estão cientes sobre os valores. Se agora para manter um filho cursando o 6° ano do ensino fundamental II custa R$ 980 por mês, em 2018 esse valor sobe para R$ 1.097,60. O preço da mensalidade do 3° ano do ensino médio, que hoje custa R$ 1.550, logo mais passará para R$ 1.736, um aumento de 12%.

O Colégio Marista Patamares também já decidiu os novos preços para o próximo ano. A direção da escola fala de um aumento de 7,5%. No momento, as mensalidades para o 6° ano do fundamental e o 3° do médio custam R$ 1.380 e R$ 1.933, respectivamente. 

Sindicato prevê reajuste médio menor Mas os 12% de aumento do Colégio Marízia podem ser excessão, já que o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado (Sinepe-BA) acredita que o reajuste deve ficar um pouco abaixo disso, variando, em média, entre 8% e 10%, assim como o aumento médio registrado no ano passado. Lembrando sempre que não custa tentar negociar.

Os motivos dos aumentos são muitos e cada escola estabelece os novos valores levando em consideração os seus gastos anuais com reforma, ampliação e aumento dos salários dos professores. ​O reajuste de preços escolares é regulado pela Lei nº 9870/99, que não determina um limite, mas exige que as unidades de ensino sejam transparentes e apresentem as planilhas de custos aos pais. 

Direitos Segundo o diretor da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA), Paulo Teixeira, com a planilha de custos em mãos, os pais devem se perguntar: "Esses gastos, de fato, foram utilizados para a melhoria do ensino e aprendizado do meu filho?" Se a resposta for não, e os pais se sentirem lesados, devem procurar o órgão. Mas, antes disso, o diretor alerta que o melhor caminho é a conversa.“O ideal, nesse primeiro momento, é tentar o diálogo procurando a direção da escola para que ela possa justificar o aumento. Caso não haja um retorno e o caso não seja resolvido, ele (responsável) pode procurar os órgãos de defesa do consumidor”, explica o diretor do Procon-BA.A lei também não define que as escolas aumentem as mensalidades apenas abaixo da linha da inflação anual, mas de acordo com o vice-presidente do Sinepe-BA, Nelson Souza, essa é a orientação do sindicato.

"O sindicato tem orientado no sentido de observar os índices de inflação que estão caindo, tendo em vista o cenário econômico que tem melhorado. O aumento também tem relação com a crise e as escolas vêm tentando se adaptar a isso. A crise afeta a sociedade e o primeiro a sentir é a escola, porque ela é um reflexo", analisa Souza.

Preocupação em casa O bolso do técnico em operações Agnaldo Mira, 53 anos, deve sofrer dois impactos. O primeiro, evidentemente, é em relação ao aumento da mensalidade da escola da filha mais nova, a estudante Adriana Almeida, 14. O segundo, já previsto, tem relação com a mudança de modalidade de ensino da adolescente que, no próximo ano, inicia o 1° ano do ensino médio do Colégio Mendel Vilas, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. O técnico de operações Agnaldo Mira, 53, controla os gastos e pré-agenda os pagamentos dos boletos da escola da filha (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)  No entanto, os novos valores não devem fugir do orçamento do pai, que se diz rigoroso no controle dos gastos."Eu tenho uma faixa de renda que comporta o valor da mensalidade. Também deixo pré-agendado os pagamentos dos boletos assim que recebo, então, sempre consigo ficar dentro do meu orçamento planejado", explica ele.O aumento da mensalidade da caçula que, atualmente, custa R$ 1.262, não foi anunciado pela instituição, mas de acordo com a legislação, as intituições devem divulgar, em local de fácil acesso ao público, o texto da proposta de contrato, o valor e o número de vagas por sala-classe, no período mínimo de 45 dias antes da data final para matrícula, conforme calendário e cronograma da escola.

E no ato da matrícula, os formulários devem apresentar o valor da anuidade que devem se manter inalterado até a última folha do boleto.

Economia A saída para não deixar nenhuma mensalidade atrasada ou sentir menos o impacto dos aumentos vai ser apostar na velha conversa, além de começar, já a partir deste ano, a pensar na redução dos gastos. 

Há pais que mesmo com o valor da mensalidade desiquilibrando a planilha de custos, não abre mão da educação do filho e se recusa a, por exemplo, transferir o pequeno para outra instituição. Se você tem uma boa relação com outros pais e com a direção da escola, pode começar a se munir de argumentos para reivindicar o reajuste.

De acordo com o economista e educador financeiro Edvaldo Landulfo, 2017 deve acabar com a inflação entre 4,6% a 6%. E, mesmo com a legislação deixando margem para as escolas aumentarem acima da inflação anual, esse argumento pode ser utilizado para contestar os 8% a 10% de reajuste previstos pelo Sinepe-BA.

"É justo que a negociação leve em consideração esse momento inflacionário do país. O aumento das mensalidades, este ano, foi aceitável porque 2016 acabou com a inflação em 10%. Então, nada mais justo do que os pais tentarem a negociação na mesma proporção", explica o educador financeiro. 

Mobilização E se você faz parte, por exemplo, de algum grupo de WhastApp que reúna pais de alunos, já pode começar a mobilização desde já. Outras pessoas também devem estar de cabeça quente com o anúncio do aumento.

Outra dica importante que o economista destaca é a pesquisa de preço, que pode ser utilizado como comparativo."É importante levar a pesquisa na hora da negociação, para mostrar, por exemplo, uma escola que está no mesmo patamar, oferecendo a mesma estrutura, e com o preço menor", pontua Landulfo.Insistir nos descontos oferecidos por algumas escolas para dois ou mais filhos matriculados também é uma boa alternativa. Algumas escolas pesquisadas pelo CORREIO, inclusive, oferecem essas vantagens, como o Colégio Módulo, que dá desconto de 10% na mensalidade do último irmão matriculado, a partir da terceira parcela.

Outras também dão desconto para crianças que estão sendo matriculadas pela primeira vez na instituição e que tenham estudado anteriormente em uma escola conveniada, como é o caso do Colégio Isba, que dá 20% de desconto para ex-alunos de colégios parceiros. 

Reclamações As reclamações sobre o valor do reajuste dos colégios particulares e os preços dos materiais escolares diminuíram 70% de 2015 pra cá, no Procon-BA. Segundo Paulo Teixeira, diretor do órgão, desde 2016, reuniões estão sendo feitas para conversar com diretores de escolas particulares para orientá-los sobre os aumentos indevidos. "Elaboramos uma cartilha com legislações aplicáveis às escolas. Antes, as reclamações eram muitas, desde preço de fardamentos a materiais escolares, que eram as principais reclamações dos pais", diz. 

Os aumentos (previstos) em 10 escolas

6° ensino fundamental Colégio São Paulo (2017) R$ 2.048 / (2018) previsão de aumento de 10% a 12% Colégio Ômega (2017) R$ 960 / (2018) R$ 1.056 aumento de 9,1% Colégio Marízia Maior (2017) R$ 980 / (2018) R$ 1.097,60 um aumento de 10,6% Colégio Soledade (2017) R$ 775 / (2018) previsão de aumento de 10% Colégio Marista (2017) R$ 1.380 / (2018) previsão de aumento de 7,5% Colégio Isba (2017) R$ 1.342 / (2018) previsão de aumento de 11% Colégio Mendel (2017) R$ 1.485 / (2018) previsão de aumento de 10% Colégio Vilas (2017) R$ 1.298 / (2018) previsão de aumento de 8% a 10% Colégio Módulo (2017) R$ 1.809 / (2018) previsão de aumento de 10% Colégio Acadêmico (2017) R$ 906 / (2018) previsão de aumento de 10% a 15% 3° ano do ensino médio Colégio São Paulo (2017) R$ 2.927 / (2018) previsão de aumento de 10% a 12% Colégio Ômega (2017) R$ 1.340 / (2018) R$ 1.474 aumento de 9,1% Colégio Marízia Maior (2017) R$ 1.550 / (2018) R$1.736 aumento de 10,7% Colégio Soledade (2017) R$ 1.030 / (2018) previsão de aumento de 10% Colégio Marista (2017) R$ 1.933 / (2018) previsão de aumento de 7,5% Colégio Isba (2017) R$ 1.755 / (2018) previsão de aumento de 11% Colégio Mendel (2017) R$ 3.030 / (2018) previsão de aumento de 10% Colégio Vilas (2017) R$ 2.528 / (2018) previsão de aumento de 8% a 10% Colégio Módulo (2017) R$ 2.528 / (2018) previsão de aumento de 10% Colégio Acadêmico (2017) R$ 1.127 / (2018) previsão de aumento de 10 a 15%