Especialistas debatem sobre a cultura cidadã que transforma as cidades

Após palestras inspiradoras, Carlos Cadena Gaitán, Clarisse Linke e Mateus Mendonça discutiram cidadania, engajamento e transformações sociais

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  • Andreia Santana

Publicado em 31 de agosto de 2017 às 22:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/CORREIO

As cidades só evoluem de fato quando a criação de uma cultura voltada para a cidadania acompanha as transformações físicas no espaço urbano. Com essa provocação de Carlos Cadena Gaitán teve início o debate entre os três palestrantes que se apresentaram de manhã, no seminário Cidades. O debate foi moderado pela jornalista Flávia Oliveira, de O Globo e, além do urbanista colombiano, também contou com a especialista em mobilidade Clarisse Linke e com o empreendedor Mateus Mendonça.

Gaitán acrescentou que as transformações ocorridas em Medellín e apresentadas por ele durante sua palestra, deram certo porque junto com obras de infraestrutura houve uma preocupação com a educação da população envolvida. Ao longo do processo, ocorreram ao menos 113 workshops com as comunidades.

Clarisse Linke concordou e citou como exemplo a construção de bibliotecas nos bairros servidos pelo teleférico de Medellin. Ela, porém, contemporizou que a ideia não é que todos os lugares criem projetos iguais aos da cidade colombiana, mas que descubram seus caminhos. 

Sobre a educação, ela enfatizou que o processo tem de começar ainda na infância, envolvendo ainda os adolescentes, e citou como exemplo um mapa sobre mobilidade que construiu com base em observações dos filhos pequenos sobre os deslocamentos na cidade.

Mateus Mendonça, que milita na causa da coleta seletiva há anos, enfatizou que o processo de educação é de longo prazo. Para ele, também é preciso “mudar a cultura de que o público não é de ninguém, porque essa lógica leva ao degrado e não à conservação”.

Os três debatedores concordaram que para as mudanças nas cidades serem significativas, os cidadãos precisam parar de transferir as responsabilidades apenas para o poder poder público e construir soluções coletivas, inclusive, no sentido de cobrar dos gestores a continuidade das mudanças positivas independente das implicações políticas.