Estudante usou celular para copiar trecho de livro na prova do Enem, diz PF

Ele responderá o processo em liberdade

Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 11:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

A Polícia Federal (PF) divulgou na manhã desta sexta-feira (19) que o estudante acusado de plagiar um texto na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) agiu usando seu celular para copiar a sinopse durante a realização da prova. O estudante, de 27 anos, é comerciário e aluno de Engenharia Civil de uma universidade particular.  A redação dele foi zerada, o que resultou em sua eliminação do Enem. "Ele copiou do celular na hora da prova. O estudante fez o plágio na sua redação copiando na íntegra a sinopse do livro, que é altamente conhecido na internet", explicou a delegada Suzana Jacobina, da Polícia Federal. O estudante mora no bairro de Macaúbas e no dia 5 de novembro de 2017 fez a prova no pavilhão VI da Universidade Federal da Bahia (Ufba). "Já está descartado qualquer prejuízo à integridade do exame. De acordo com as provas, foi um caso isolado e houve fragilidade dos fiscais naquele local da prova", afirmou a delegada.  Os dois fiscais que estavam na sala no dia da prova serão ouvidos no decorrer das investigações da PF.  Foto: Divulgação/PF Na manhã desta sexta-feira (19) foi realizada uma operação de busca e apreensão na casa do estudante que é acusado de ter copiado na íntegra da sinopse do livro “Redação de Surdos: Uma Jornada em Busca da Avaliação Escrita”, da autora Maria do Carmo Ribeiro. 

 A PF informou que a suspeita de fraude foi identificada durante a correção da prova, cujo tema era “Desafios para a Formação Educacional dos Surdos”.  Uma vez confirmadas as suspeitas, segundo a PF, o investigado deverá ser indiciado pelo crime de fraude em certame de interesse público, previsto no artigo 311-A do Código Penal, cuja pena é de 1 a 4 anos de reclusão e multa. O estudante responderá ao processo em liberdade.  

A PF apreendeu na casa do estudante a prova, rascunhos e o celular dele. Procurado pelo CORREIO, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova,  informou que não vai comentar a situação e ressaltou que não haverá cancelamento do exame. 

Fraude Segundo as investigações, o candidato não premeditou o crime e contou com as falhas da fiscalização. "Ele disse que, ao olhar para o tema da redação, viu que não ia para lugar algum e escondeu o celular na cintura. Em um segundo momento, usou o aparelho para consultar no Google o trecho do livro. Quando algum fiscal se aproximava, ele escondia o celular entre as pernas, para então dar continuidade à transcrição", contou a delegada.

Apesar de o candidato ter confessado o crime, a delegada disse que as investigações vão continuar. "Não podemos tomar o depoimento dele como verdade absoluta. Todo material apreendido será periciado, a exemplo do celular. Pessoas serão ouvidas, como os dois fiscais", declarou.