Estudantes fazem caminhada pelo Dia da Consciência Negra na Liberdade

400 alunos participaram do evento

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  • Nilson Marinho

Publicado em 17 de novembro de 2017 às 15:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Só há uma forma de mudar o mundo: pela educação. E se depender dos 400 alunos que tomaram as ruas do bairro da Liberdade, em Salvador, na manhã desta sexta-feira (17), essa transformação já teria acontecido há muito tempo. Até porque, ações contra o racismo e em favor do reconhecimento e valorização da diversidade são trabalhadas em sala de aula. 

Mas é preciso fazer com que esses debates também ultrapassem os muros das escolas. E foi por isso que 10 unidades de ensino do município que ficam na Liberdade e em bairros vizinhos reuniram seus alunos, pais e funcionários para uma caminhada, partindo do Plano Inclinado Liberdade-Calçada em direção à Praça da Soledade. A intenção, segundo os organizadores, era de mostrar à comunidade os trabalhos realizados ao longo do ano letivo.

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No cortejo, que teve início às 9h, crianças e professores desfilaram com turbantes, em homenagem aos blocos afros, como o Ilê Aiyê, que tem a sua sede no bairro vizinho, Curuzu. Outros carregavam placas avisando à população que as mulheres também merecem respeito e que as diferenças, no final das contas, é o que nos tornam únicos.

Mãe do estudante Ednaldo Lima Santos, 7 anos, a dona de casa Vanilária dos Santos, 37, estava ansiosa para ver o pequeno desfilar. Ela sempre está presente nas apresentações dele, a exemplo das exibições de capoeira, esporte/dança que ele pratica na Escola Parque, na Caixa D'Água."Sempre tento mostrar que é preciso não ter preconceito. Levo ele para todas as manifestações que têm a intenção de combater o racismo", conta Vanilária.  Na escola A caminhada também é em comemoração ao Dia da Consciência Negra, celebrado na próxima segunda-feira (20). "A nossa proposta é dar visibilidade aos trabalhos que as escolas fazem, além de trazer essa reflexão para a comunidade que é o bairro mais negro da cidade", explica Juçara Rosa, coordenadora regional de Pedagogia da Liberdade e Cidade Baixa.

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Uma das iniciativas trabalhadas em sala de aula é o empoderamento das crianças negras com estudos étnicos e raciais. "Com as atividades, as crianças se percebem, se aceitam e têm sua autoestima melhorada. Com isso, percebemos mais meninas com cabelos soltos, com cada vez menos atitudes racistas e cada vez mais refletindo sobre o racismo", diz a diretora Gláucia dos Aflitos Garcia, diretora da escola Vila Vicentina, na Lapinha. E a reflexão tem surtido efeito."O racismo é um crime. Eu li um livro que contava a história de uma menina negra que tinha amigos que não gostavam da cor de pele dela. Quando eu li, lembrei do que aprendemos na escola", conta a estudante Bruna Crispim, 9 anos. O evento contou com a participação das escolas municipais Adalgisa Souza Pinto, Abrigo Filhos do Povo, Gisélia Palma, Nossa Senhora da Boa Fé, Pirajá da Silva, Nossa Senhora de Nazaré, Zacarias Boa Morte, Vila Vicentina e Josafá Carlos Borges.