Estudo mostra que 54 bichos correm risco grave de extinção na Bahia

Ao todo, foram avaliadas 2.607 espécies foram avaliadas e mais de 10% estão ameaçadas; veja lista

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  • Perla Ribeiro

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 03:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Eduardo Pio Carvalho

Um estudo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Sema), em parceria com mais de 40 instituições, mostra que 331 espécies animais estão ameaçadas de extinção na Bahia. Segundo o levantamento, cinco espécies já estão regionalmente extintas, além de 54 que se encontram em perigo crítico. O estudo, que revela dados preocupantes sobre a fauna no estado, cita ainda outras 133 espécies que correm perigo de sumir do mapa, enquanto outras 141 aparecem em situação considerada vulnerável.

Ao todo, foram avaliadas 2.607 espécies. Ou seja, mais de 10% delas apresentam alguma ameaça. “Não é um número alarmante, mas é preocupante. Mas não diverge muito da lista de outros estados”, explica o superintendente de Estudos e Pesquisas Ambientais da Sema, Luiz Ferraro.

A lista completa (ver abaixo) foi publicada na edição desta quarta-feira (16) do Diário Oficial do Estado. A portaria estabelece que a captura, transporte, armazenamento, guarda e manejo das espécies somente poderão ser permitidos para fins de pesquisa ou para a conservação da espécie, mediante autorização do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). De acordo com a legislação ambiental, os crimes contra a fauna são inafiançáveis.  Macaco bugio marrom também pode desaparecer (Foto: Divulgação) Entre as espécies mais conhecidas da população estão o papagaio-do-peito-roxo, a onça-pintada, o ouriço-preto, o gavião-real, a preguiça-de-coleira, o peixe mero, a jararacuçu-tapete, e a perereca-de-capacete. O biólogo e pesquisador da Universidade Católica do Salvador (Ucsal) Moacir Tinoco diz que a lista contempla ainda espécies que só existem na Bahia, a exemplo do mico-leão-de-cara-dourada, a lagartixa-de-mucugê, e, uma das principais e mais ameaçadas, o calango do abaeté, que só existe em uma pequena área do Litoral Norte da Bahia.

Plano de conservação  De acordo com a Sema, os dados vão nortear a criação de um mapa de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade na Bahia. “Tudo o que pudermos fazer para que essas áreas sejam mais preservadas, vamos fazer”, explica o superintendente. 

A partir do estudo também deve haver, segundo Ferraro, um maior controle na liberação dos licenciamentos ambientais, levando em consideração o impacto que a atividade terá para a preservação dessas espécies. “Vai exigir muita atenção e cuidado com essas espécies”, ressalta. Ainda segundo ele, o estudo vai subsidiar o trabalho de fiscalização dos órgãos ambientais, que passarão a contar com este instrumento de controle. 

Após o levantamento, a Sema agora está fazendo um plano de ação em colaboração com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), que pode prever, inclusive, um plano de repovoamento das espécies afetadas no estado. É a primeira vez que foi realizado um estudo como este para avaliar os graus de ameaças da biodiversidade na Bahia.

O trabalho durou mais de dois anos e contou com pesquisadores das universidades baianas, além de parceiros em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, e até da Suiça e Holanda.

Menos área verde afeta animais O desmatamento é apontado como o principal responsável pela ameaça de extinção das espécies animais. “O principal fator é o desmatamento, porque ele suprime áreas importantes de ocorrência dessas espécies. A destruição de manguezais é outro fator, porque os mangues são áreas de reprodução de muitos peixes”, avalia o superintendente de Estudos e Pesquisas Ambientais da Sema, Luiz Ferraro. 

Na avaliação do biólogo e pesquisador da Ucsal, Moacir Tinoco, além do desmatamento, o tráfico de animais contribui para o grande número de espécies ameaçadas.“A principal causa do grande número de animais nessa lista é a perda da cobertura vegetal, o desmatamento. Perdemos muitas áreas naturais por conta do crescimento urbano, da agropecuária e indústria. Mas o tráfico de animais também ajuda a aumentar ainda mais essa lista”, pondera o biólogo.Tinoco está entre os pesquisadores que contribuíram com o estudo. Na avaliação de Tinoco, a lista, que foi elaborada com a metodologia da União Internacional para Conservação da Natureza (UICM), é uma grande vitória para a preservação da biodiversidade na Bahia. “Nosso estado é muito rico. Possuímos, aproximadamente, 2.600 espécies só de vertebrados”, ilustrou. Confira a lista completa de animais ameaçados na Bahia, segundo a Sema.